terça-feira, novembro 21, 2006

Crónica Fase Grupos Liga Campeões - A goleada ali tão perto...


A primeira nota que quero deixar, sob forma de um lamento, é a fraca afluência do público a um jogo importante. Tenho imensa pena que seja sistemático que um mau momento ou um anterior mau resultado comprometam a assistência da Luz. Custa-me ainda mais quando se vê que é uma grande parte dos cativos que está por preencher…
É óbvio que o bom futebol e o poderio da equipa se reflectem no entusiasmo do adepto, mas não consigo entender esta bipolaridade benfiquista, que tanto entra em depressão como, de repente, atinge os píncaros da euforia!
À atenção, também, da Direcção: sejam capazes de cativar os sócios contratando treinadores ambiciosos e irreverentes, que motivem toda a “onda benfiquista” como Camacho o conseguiu… e Fernando Santos não. As receitas agradecem!

Depois de assistir ao encontro entre o Benfica e o Copenhaga, facilmente concluímos que teria sido exigível, como em tantas outras coisas neste Benfica, lutar pela vitória na 1ª jornada da Champions League. Mas não, o empate satisfez “bemzinho”, mantendo a mediocridade das deslocações, e agora é preciso um milagre “caravaggiano” para que se continue em prova.
Como é possível o Benfica não ter ganho a estes “mecos” na Dinamarca? A lenga-lenga das vitórias do Campeão dinamarquês sobre o Ajax – mesmo assim perderam em casa por 2-1 e só depois garantiram a prodigiosa qualificação, com uma bola parada e um auto-golo, no ArenA – e sobre o Manchester – um jogo de claro “tiro ao boneco”, com um milagre dantesco no final – fazem tanto sentido como fazê-las, com a devida distância, com o Estrela da Amadora, Gil Vicente, etc…
Todos nós sabemos, e concluímos destes 2 confrontos, que o adversário desta 5ª jornada é absolutamente ridículo e, não fossem os experientes Gronkjaer, Allback e porventura Linderoth, estaria facilmente ao alcance dos 10/12 primeiros classificados da Liga BWin.
Foi confrangedor verificar a forma como tratavam a bola e tentavam o ataque na Luz…. digno de amadores!



Não quero com estas palavras denegrir a prestação “encarnada” na 1ª parte! Foi um gozo ver as rápidas movimentações de Miccoli e Simão, as deambulações de Léo e Nuno Assis e, claro, a segurança e perseverança de Petit e Katsouranis.
O Benfica entrou “pastoso” e trapalhão, muito por culpa do “autocarro” dinamarquês de dois andares – então aquele #5, Hangeland, cruzes! – mas rapidamente encontrou espaços, como explicam os livros. Bola “rápida” e por cima da defesa, aproveitando a lenta “tijoleira” existente. O fora-de-jogo foi safando a turma nórdica mas os golos saíram naturalmente, até se construir um resultado seguro…

Mas não consigo entender uma 2ª parte simplesmente horrorosa! Porque é que o Benfica não entrou em campo depois do intervalo? Não sei quem eram aqueles “rapazinhos de camisolas vermelhas” que substituíram a equipa da casa, não eram os mesmos, de certeza! E, assim, lanço uma questão: porque razão, o treinador da equipa não colocou em campo, em tempo útil, “carne fresca”… não só para espevitar os que se manteriam mas também dar oportunidade aos menos utilizados de mudar o cariz da partida?

E é inacreditável como Nuno Gomes não é substituído, quando há dois pontas-de-lança no banco… apenas com cobertores para guardar o frio! É verdade que o #21 faz uma assistência para golo, na verdadeira acessão da palavra, mas a sua exibição foi penosa – daquelas que dão mesmo pena! Dá seguimento às últimas prestações catastróficas, não ganhando uma única bola dividida, fazendo inúmeras faltas ridículas quando podia cobrir o espaço ou soltar o esférico, e nunca estando correctamente posicionado para facturar – o seu comportamento na jogada do chapéu da autoria de Miccoli é surrealmente esclarecedor.
Elogiar quando merece, e criticar quando não aparece. Jogar com Nuno Gomes foi jogar com menos 2... o que não mostrou e o que estorvou!



Não bastando essa opção do Nandinho, temos de levar com Mantorras só a 5 minutos do fim – para quando um avançado antes dos 80 minutos? – e aguentar Katsouranis, em risco de ser excluído por amarelos, pelo menos 43 minutos a mais. Será que o risco, da presença do grego, 43 minutos após o 3-0, se justificou? Não há mais ninguém para entrar em campo com 3 substituições para fazer, ou o discurso de “os jogadores andam muito cansados” só aparece quando se está “à rasca” e sem nada para dizer?
E depois continuam as prestações defensivas miseráveis, por falta de tranquilidade e de classe! Mais uma vez há um erro grosseiro de Ricardo Rocha que, mais uma vez, se deixa antecipar num cabeceamento que resulta em golo. Tanto quiseram “empastar” o jogo que, numa possível e mais que provável goleada, acabaram por vencer com apenas 2 golos de diferença. “Há coisas fantásticas, não há?”

Os destaques individuais passam, forçosamente, por Miccoli e Léo. O italiano voltou a bisar, criou espaços com excelentes movimentações e até deu para tentar a ”Cupinu” outra vez. E que tal marcar um voo para Turim e falar de preços? Não brinquem connosco, por favor!
Léo – o tal que, completamente recuperado, ficou no banco em Braga – mostrou o nível da época passada quando foi eleito o melhor lateral-esquerdo da Liga. Estreou-se a marcar pelo Benfica e nem faltou o brilho fora dos relvados, com declarações ponderadas, racionais e eloquentes. Um senhor!
Gostei, também, da performance de Nuno Assis e de Petit. Meter Simão no miolo continua incompreensível e destrutor daquilo que o capitão tem de melhor: as arrancadas pela esquerda, muitas delas com aqueles remates “à Simão”!

Mas nem tudo é mau e a ida à Taça UEFA está garantida, um razoável prémio de consolação nesta época tão atribulada! Ganhar em Old Trafford é obrigatório mas utopia, maldito Saha que falha um penalty nos últimos minutos.
Com um verdadeiro “homem do leme”, o Benfica ganharia este Grupo a brincar.
No Sábado há bailinho da Madeira, resta saber se vem do arquipélago ou se tem sotaque alfacinha…



NDR: De “Temos de conversar” passamos para “Sabemos o que é, sabemos o que é”. Começa a ser irritante, de facto, e tenho pena que assim seja porque nutro um enorme respeito pelo benfiquista que Fernando Santos é.
Mas se já descobriram o que se passa com a equipa… não o resolvem porquê, caramba? Isso de serem precisos 4 anos para meter o Benfica a jogar em losango nem comento.

Aquela cambada que foi à Luz para assobiar no final do jogo e que também o fez quando o Quim teve um “encontro imediato do 3º grau” com o poste, tenha muita vergonha e, com essa atitude, não volte lá mais!



Ficha de Jogo:

5ª Jornada da Fase de Grupos da Champions League

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Roberto Rosetti (Itália).

SL BENFICA: Quim; Nélson, Anderson, Ricardo Rocha e Léo; Katsouranis (Mantorras, 85), Petit, Simão e Nuno Assis (Karagounis, 80 m); Fabrizio Miccoli (Karyaka, 70 m) e Nuno Gomes.

FC COPENHAGA: Christiansen; Jacobsen, Gravgaard, Hangeland e Wendt (Bergvold, 80 m); Linderoth, Norregaard (Berglund, 58 m), Silberbauer (Kvist, 58) e Hutchinson; Gronjkaer e Allback.

Disciplina: Amarelos a Linderoth (24 m), Silberbauer (26 m), Miccoli (26 m), Wendt (71 m) e Nélson (90 m).

Golos: 1-0, Léo (14m); 2-0, Miccoli (16 m); 3-0, Miccoli (37 m); 3-1, Allback (89 m).

#Fotos: AFP-Getty Images e SerBenfiquista

#adicionado a Crónicas 06/07

#publicado em simultâneo com o Encarnados