quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Crónica Taça UEFA- The Mak Attack, #1!

Dizer que o Benfica fez um mau jogo frente ao Nuremberga não fará jus ao que vimos no relvado da Luz. A primeira parte encarnada saiu directamente de um argumento de Wes Craven, algo completamente assustador e, porventura, um pouquinho humilhante. Foram precisos 20 minutos para que a equipa, por intermédio de Cristián Rodríguez, fizesse um ataque digno desse nome. Apenas um remate à baliza em 45 minutos, precisamente aquele que deu golo e fez o magro resultado final: um golo de Ariza Makukula, com a preciosa ajuda de Blazek e precedido de uma jogada absolutamente deslumbrante de Rui Costa. Não sendo treinador de futebol encartado, parece-me que houve uma clara falência do modelo dos dois avançados de início, ao contrário do que cheguei a pensar. Camacho terá ponderado a estatura dos alemães e incluiu Makukula ao lado de Cardozo, também com as bolas paradas defensivas em mente.

A dupla não se entendeu e acabou por ser penalizada fortemente pela pouca conexão, e inferioridade númerica, do meio-campo luso. É aí que está, na minha opinião, o segredo da má prestação do Benfica. Com menos um elemento do que o costume, o sector intermédiário do Benfica teve inúmeras dificuldades de construção de jogo e, face à inutilidade gritante de Nuno Assis, foi apenas Rui Costa que assumiu as despesas de distribuição. Com um Petit fisicamente incapacitado, não me parece produtivo ter apenas 3 homens no meio, muito menos se um dos três for o #25. Cai por terra a ideia que, com dois avançados, o Benfica é um conjunto mais competitivo. Não é verdade, pelo menos para já! O Nuremberga foi mais equipa na 1ª parte, dominou o jogo, mas foi algo perdulário e displicente nos últimos 30 metros. Quim, mais uma vez, teve influência capital na partida e voltou a mostrar a sua inegável categoria.

Na 2ª parte o Benfica melhorou um pouco, talvez empolgado pelo golo que não fez por merecer, mas voltou a não apresentar a consistência que se lhe exige. Com a falência fisica de Petit a dar sinais evidentes, o Benfica perdeu o controlo da partida e aí Camacho optou por mudar a estrutura. Quanto a mim, bem. A entrada de Di María pecou por vir demasiado tarde, no entanto, e a desinspiração do argentino tornou a opção num rotundo falhanço do treinador. O verdadeiro problema é que era, e é, necessária uma alternativa a Petit. Porque não retirar o capitão, fazer subir Katsouranis para a posição 6 e fazer entrar em campo um defesa-central? Seria uma substituição pouco popular, com certeza, mas aparentemente evitaria 20 minutos de “coração nas mãos”. O regresso de Binya vem colmatar uma posição que anda muito deficitária, pelo que talvez tenha sido um erro emprestar Romeu Ribeiro.

Individualmente, há a destacar, obviamente, a excelente exibição de Luisão. Quem tem estado atento, vê que Luisão tem vindo a subir de forma há já vários jogos, pelo que não é surpresa ser autor de mais uma boa performance. Houve alguns períodos de jogo em que foi, verdadeiramente, Luisão vs Nuremberga. Koller não existiu, e o brasileitro tem todo o mérito nisso. Destaco, também, as duas fabulosas intervenções de Quim, uma em cada parte, que exemplificam perfeitamente o magnífico guarda-redes em que se tornou. Não lhe dar o reconhecimento merecido já não é injustiça, é cegueira futebolística. Rui Costa não foi genial durante 90 minutos mas, na 2ª parte, foi um dos mais importantes na equipa. Jogador de classe ímpar que continua com capacidade para os slaloms que tão bem o caracterizam. Não percebi bem o que se passou com Léo, mas também tem direito a maus jogos. Um bom jogo defensivo de Nélson, como tem sido habitual.

Apesar de nada de relevante sair da análise à arbitragem do romeno Alexandru Tudor, posso dizer que não gostei do excessivo protagonismo e das hesitações na amostragem de cartões amarelos. E isto para ambas as equipas. A rábula do equipamento de uma cor semelhante ao Nuremberga é inadmissivel a este nível, nem nos distritais acontece. No que à eliminatória diz respeito, o 1-0 é muito magro para ter demasiada confiança. Na minha opinião, e se o Benfica não melhorar o seu jogo rapidamente, o Benfica vai ser eliminado por este modesto adversário. Algo que será, evidentemente, uma vergonha. Se tal acontecer, Camacho terá de sair imediatamente e as eleições antecipadas serão uma exigência insofismável.

NDR: O triste espectáculo de Cardozo, aquando da substituição, é algo que, na minha opinião, deve ser sancionado com o máximo valor pecuniário em vigor no Benfica. É neste tipo de coisas que um treinador pode começar a perder a mão no balneário.

O golo de Makukula pode ser visto, aqui. Mais um trabalho do nsalta.

Ficha do Jogo:

1ª Mão dos Desasseis-Avos-de-Final da Taça UEFA

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Alexandru Dan Tudor (Roménia)

SL BENFICA: Quim; Nélson, Luisão, Katsouranis e Léo; Nuno Assis (Freddy Adu, 84 m), Petit, Rui Costa e Cristián Rodríguez (David Luiz, 84 m); Óscar Cardozo (Di María, 59 m) e Ariza Makukula.
Treinador: José António Camacho.

FC NÜRNBERG: Jaromir Blazek; Dominik Reinhardt, Andreas Wolf, Gláuber e Javier Pinola; Tomás Galásek, Peer Kluge e Marco Engelhardt; Nicky Adler (Jan Kristiansen, ao int.), Jan Koller e Ivan Saenko.
Treinador: Thomas von Heesen.

Disciplina: Amarelos a Nélson (21 m), Wolf (65 m), Petit (86 m) e Pinola (86 m).

Golos: 1-0, Makukula (42 m).

#Fotos: Site Oficial e Reuters

#adicionado a Crónicas 07/08

#publicado em simultâneo com o Encarnados