sábado, setembro 29, 2007

Crónica 6ª Jornada - Andar a Chover... no Molhado!


É verdade que Camacho continua sem perder no comando do Benfica mas também não deixa de ser verdade que, em 5 jogos para a Liga, já se contaram 3 empates a zero. O Benfica está com um sério deficit de eficácia, e essa escassez de golos justifica-se pelo cansaço e dificuldades de adaptação de Óscar Cardozo, pelas lesões de Bergessio e de Mantorras, pela inexperiência gritante de Yu Dabao, e pela desinspiração e falta de pontaria constantes de Nuno Gomes. É, evidentemente, preocupante! Uma equipa não ganha sem marcar golos, mas não tem sido por falta de oportunidades que eles não aparecem. Resta esperar que haja novidades no estado individual dos atletas referidos acima, pois, caso contrário, o Benfica continuará a não conseguir subir na tabela classificativa.

Perante uma chuva torrencial, o Benfica entrou bastante bem no jogo e poderia ter inaugurado o marcador numa sensacional jogada de Rui Costa. Abel evitou aquilo que os jogadores da Naval não conseguiram (2 m). A resposta do Sporting foi imediata e apenas Quim evitou que Miguel Veloso se estreasse a marcar pelo Sporting, frente ao clube onde iniciou a sua carreira (3 m). O início de jogo foi bastante mexido, como se pode ver, e houve várias movimentações nas duas áreas. O Benfica tinha o comando do jogo mas o Sporting aproveitava a velocidade de Liedson, e os passes a rasgar de Romagnoli, para criar perigo. Liedson, mesmo apagado, foi o principal artificie do ataque leonino mas os seus remates iam saindo desenquadrados (22 m e 25 m). Há duas boas oportunidades de golo para o Sporting, mas Quim e Nélson evitam que Djaló e Vukcevic inaugurem o marcador (36 m e 40 m).

A 2ª parte foi totalmente do Benfica e, à medida que o tempo ia passando, dava a sensação que o adversário estaria satisfeito com o resultado. O Benfica está perto de inaugurar o marcador quando Polga desvia, para perto da baliza, um remate de Cristián Rodríguez (50 m). Stojkovic estava batido. Após um brilhante passe de Romagnoli é Liedson que tem o golo nos pés mas Quim cobre a mancha de forma exemplar e cede canto (52 m). Na sequência desse lance o Sporting tem a sua chance mais flagrante, com Tonel a não conseguir aproveitar a oferta de Maxi Pereira (52 m). Nuno Gomes, após uma defesa a um grande remate de Rui Costa, é o grande perdulário da noite pois tem um falhanço intolerável em alta-competição (56 m).

Após uma jogada que recorda o 2º golo de Portugal no 3-2 à Inglaterra, no Euro 2000, Rui Costa coloca a bola na cabeça de Nuno Gomes mas o ponta-de-lança do Benfica atira para fora (59 m). Di Maria e Rodríguez eram um verdadeiro perigo, mas o último passe insistia em não sair em boas condições. O argentino e o uruguaio tentam a sua sorte de longe mas sem sucesso (64 m e 65 m). Apesar de um ou outro fogacho, as substituições não deram os seus frutos e o jogo acaba por ficar marcado por dois lances, polémicos, de arbitragem. Lances discutidos mais abaixo.

Surpresas... ou Talvez Não

A nível individual não houve nada de muito relevante, em relação a outros jogos, pelo que só quero destacar duas performances de forma mais vincada. Uma que surpreendeu pela positiva, a de Nélson, e outra que é o confirmar de um estado de letargia irreversível, a de Nuno Gomes. O defesa-direito do Benfica agarrou o lugar, de forma definitiva, ao fazer uma exibição de encher o olho. Para mim foi o melhor jogador do Benfica e, mesmo sem ter estado brilhante, apareceu bastante seguro a defender e acutilante no ataque. Não tirou da cartola um daqueles centros à Nélson mas salvou dois golos na baliza de Quim. O banco, e a concorrência, fez-lhe bem, pelo que espero que seja humilde e que continue a trabalhar em prol da equipa.

O que mais se pode dizer de Nuno Gomes? O jogador mais bem pago do Benfica, que ainda por cima é um capitão sem qualquer perfil para tal, não pode falhar mais um golo a um metro da baliza. Nem que fosse o Buffon a ocupar as redes, um ponta-de-lança – ou avançado, ou o que quiserem – não pode sair impune de um falhanço tão humilhante como este! Até o meu padeiro marcava aquele golo, é um falhanço ridículo que o devia encher de vergonha. E se ainda fosse o primeiro! O Nuno Gomes é o verdadeiro "cancro" do actual Futebol do Benfica e, ou joga com outro avançado, ou não passa de um perfeito inútil em campo. Depois falam-me que faz pressão alta e tal. Mas que pressão? O Anderson Polga ganhou os lances todos. Repito: todos! Aquele chapéu do brasileiro, com os dois encostados à linha, foi ainda pior que um estalo na cara.

Gostei de Quim, de Katsouranis e de Rodríguez. O que tem sido habitual. Edcarlos manteve-se seguro, o que até foi uma surpresa, e a Maxi Pereira continua a faltar qualquer coisa que não sei explicar. Rui Costa teve grandes momentos individuais – passes à Rui Costa e um fabuloso remate de longe – mas agarrou-se muito à bola, o que, por vezes, me irritou um bocadinho. Não gostei dos primeiros 20/25 minutos de Léo... situação estranha! O regresso de Luisão é/foi fundamental, apesar de ser visível que ainda não tem pernas para acompanhar sprints. E faltava-lhe alguma confiança para tentar ganhar o choque ou a antecipação – há um lance com Djaló que quase me dava uma síncope. Di Maria e Freddy Adu têm de aprender a passar a bola de forma mais frequente e mais rápida. E treinar os remates também vai dar jeito. Muito jeito, aliás!

Muito para dizer sobre Arbitragem

Tinha desejado um jogo sem casos, e com uma vitória do Benfica, mas infelizmente nada disso aconteceu. Aliás, o que faltou em golos houve, de sobra, em decisões polémicas. Sou um apreciador do estilo de Pedro Henriques, árbitro que respeito e não incluo na comandilha de “Dourados” que vegetam no nosso Futebol há tantos anos, mas confesso que não gostei da sua actuação neste derby, tal como já não tinha gostado no ano passado. A bem da verdade há 4 casos que podem ser discutidos, alguns serão empolados pela Comunicação Social enquanto que outros serão esquecidos. Adivinhem quais...

O penalty de João Moutinho sobre Freddy Adu é mais que evidente, porque a falta que lhe daria origem é inequívoca. Perante alguns burburinhos que se foram ouvindo, importa esclarecer que uma falta cometida em cima da linha-de-área é considerada dentro da área. O referido lance ocorre claramente dentro, como mostra uma das fotos deste post, mas fica, então, o esclarecimento para quem não conhece as regras. Quanto à mão de Katsouranis é discutível dizer-se que há penalty, visto que a lei diz que pode não haver falta se o braço estiver junto ao corpo. Portanto, em posição natural, ninguém pode cortar os braços para poder jogar, não é? Mas não ficaria escandalizado se a decisão tivesse sido outra. Aceitava que Pedro Henriques tivesse assinalado, apesar de eu achar que não há intenção.

Compreendo que haja muita gente que se incomode com a rábula entre Pedro Henriques e o seu auxiliar, mas há que esclarecer que a indicação do fiscal-de-linha ao árbitro é apenas uma indicação. O árbitro principal é o chefe da equipa de arbitragem e pode seguir o conselho do seu auxiliar... ou não. Por isso se chamam auxiliares, porque não têm poder para assinalar faltas. Foi tudo feito de pleno direito, evitava-se era a interrupção de jogo e a consequente reposição de bola ao solo. Aí houve uma falha, porque o intercomunicador é para se usar, apesar de eu compreender que Pedro Henriques quisesse confirmar, pessoalmente, o ponto de vista do seu colega.

Há, ainda, outros dois lances de contacto, que poderiam originar penaltys, mas que não me parecem ser evidentes. Há um em cada área e, ambos, com génese muito similar. No primeiro, Ronny e Rodríguez tentam disputar uma bola e há um encosto da perna do brasileiro no uruguaio que pode ter contribuído para a queda deste último. O lance é muito rápido e admito que seja muito difícil para o árbitro descortinar, principalmente com o terreno molhado. O outro lance é de Katsouranis com Romagnoli e tem parecenças com o anterior, diferindo no facto da queda ter sido mais espectacular. Pessoalmente não marcaria falta em nenhum dos casos e Pedro Henriques, que costuma permitir contactos mesmo que viris, optou por seguir o seu critério.

Mas é curioso verificar que, quer no lance da hipotética mão na bola Katsouranis, quer no hipotético tackle em Romagnoli, não houve qualquer jogador do Sporting a esboçar, sequer, um leve protesto. E estavam lá 3, no momento. Bem mais escandaloso foi o 1º golo do FC Porto em Paços de Ferreira – uma mão nítida de Bruno Alves, antes de assistir Lisandro López – e não houve tanto espectáculo mediático. O que é de lamentar é o critério de protesto da comitiva do Sporting, porque contra o Setúbal não houve ninguém a queixar-se.

Verdadeiramente anedóticos foram os vários cantos, evidentes, não assinalados pelos auxiliares – 2 ou 3 para cada lado. Algumas opções, nesse sentido, foram do mais catastrófico a que já assisti. Não percebo a indignação em relação ao cartão amarelo exibido a Abel, por falta sobre Rodríguez. Não foi exibido pela entrada em si, que não foi dura, mas sim por cortar uma jogada de perigo eminente. É evidente que o uruguaio do Benfica partiria com grande velocidade para o contra-ataque, e sem ter adversários por perto. Se faltaram alguns amarelos, nomeadamente a Rui Costa e Maxi Pereira, por entradas mais duras? Sim, mas esse sempre foi o critério deste árbitro, e neste jogo não foi diferente.

Perder mais 2 Pontos

As coisas vão-se tornando complicadas no Campeonato e a esperança começa a esmorecer. 8 pontos de atraso começam a pesar um pouco, principalmente numa equipa com muita gente jovem e inexperiente. Não me canso de dizer que continuo a ter total confiança em Camacho, apesar de discordar de algumas opções do espanhol. Não gosto deste 4-2-3-1 pois acho que, mediante as características dos jogadores escolhidos, não chega ter apenas um avançado de raiz. Há que abdicar de um médio e colocar Cardozo no 11 titular, é uma pena Mantorras e Bergessio não poderem dar o seu contributo. A minha opção recairia, sem pestanejar, em Maxi Pereira. Mas a cabeça que está no cepo é, obviamente, a de Luís Filipe Vieira. Talvez seja por isso que o Presidente pouco tem aparecido. A meio da semana há Liga dos Campeões, e o Shaktar tem uma frente de ataque claramente superior...

NDR: Não sei se já leram isto mas, se não o leram, aconselho-vos. Já repararam que o líder do Campeonato, num país como Itália, nem sequer estaria a disputar a competição? Isso não vos revolta? O que é verdadeiramente importante é criar Taças da Liga e tal...

Podem ver o resumo do jogo aqui. O vídeo é da bS7.

Ficha do Jogo:

6ª Jornada da Liga BWin

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Pedro Henriques (AF Lisboa)

SL BENFICA: Quim; Nélson, Luisão, Edcarlos e Léo; Katsouranis e Rui Costa (Nuno Assis, 88 m); Maxi Pereira, Di Maria (Freddy Adu, 82 m) e Cristián Rodríguez; Nuno Gomes (Cardozo, 76 m).

SPORTING CP: Stojkovic; Abel, Tonel, Anderson Polga e Ronny; Miguel Veloso; João Moutinho, Romagnoli e Vukcevic (Farnerud, 68 m); Yannick Djaló (Celsinho, 83 m) e Liedson.

Disciplina: Amarelos a Luisão (42 m), Abel (49 m) e Cristián Rodríguez (70 m).

#Foto: Reuters e SerBenfiquista

#adicionado a
Crónicas 07/08

#publicado em simultâneo com o
Encarnados