sábado, abril 12, 2008

Crónica 26ª Jornada - "Pim, Pam, Pum..."

Nem quis acreditar quando, a 10 minutos do final, cheguei a casa e vi que o 0-3 não era uma gralha da SportTV. Simplesmente inacreditável, como é possível?! Que, ao menos, sirva para que os mais eufóricos se lembrem que este plantel de 32 milhões tanto era mau com José Antonio Camacho como o é com Fernando Chalana. Não há milagres, meus caros, e agora já cá não está o "incompetente" para acartar com as responsabilidades. Para ganhar alguma coisa com esta trupe, só recorrendo a estratégias menos idóneas. E para isso, ao contrário de alguns, não estou disponível. Sempre quero ver o que têm a dizer Luís Filipe Vieira e os seus Delgados, se é que há coragem para dar a cara.

Sem querer voltar a mencionar os conhecidos problemas estratégicos que decapitaram as fracas possibilidades de êxito do clube nesta temporada, pela primeira vez o Benfica perde um jogo em casa por mais de 2 golos desde 1999. Sem ter conseguido ver o jogo, como já sabem, o que pude verificar na pouca Imprensa que li é que a derrota do Benfica foi potenciada por um erro grosseiro de Luisão. Erro, esse, que dá origem ao excelente golo madrugador de Miguel Pedro. E assim se exortou a intranquilidade da equipa, municiada por um erro táctico de Chalana… a colocação de Binya como médio interior-direito. Situação corrigida, já tarde e irremediavelmente, ao intervalo. A falha ridícula de Luisão está, inclusivamente, directamente relacionada com o posicionamento do central brasileiro numa cobertura ao camaronês do Benfica.

A boa organização ofensiva e defensiva da Académica, a surpreendente displicência defensiva do Benfica e um absoluto atabalhoamento no ataque, bem como opções de banco incompreensíveis, originaram um resultado a roçar o escândalo. Um 0-3 que relembra o célebre 0-4 que o Nacional da Madeira conseguiu no Dragão há 3 temporadas. Resultados escandalosos, numa noite onde tudo corre mal, com origem na fraca coesão do conjunto derrotado e numa intranquilidade nada momentânea. A vitória da Briosa deve ser ainda mais exultada tendo em conta que foi obtida num jogo com uma arbitragem excelente, sem quaisquer erros de maior a condicionarem ambos os conjuntos. O mesmo não poderemos dizer dos jogos do “imaculado” Campeão e do Vice “a todo o custo”. Mais uma jornada, a continuação da viciação de resultados, com golos vitoriosos em fora-de-jogo e, pasmem-se, até com um tento a ser marcado com a escandalosa ajuda do braço. Situação que, se fosse a favor do Benfica, daria para anos de indignação hipócrita. Não há nada a fazer, efectivamente.

Não parece haver solução para este cancro que se passeia impunemente num país onde a Justiça Desportiva já há muito nos abandonou. Parece ser tudo normal, a Imprensa não faz manchetes com o tema, ninguém discute a batota e só se veêm os abutres de volta de um cadáver aparentemente putrefacto. É a derrota do Benfica o mais importante, é e será sempre o mais importante. Mais dois resultados viciados são absolutamente irrelevantes, quem é que quer saber disso para alguma coisa? As massas já estão desmobilizadas e descrentes, já tudo parece ter pouca relevância. O melhor, mesmo, é deixar de dar tanta importância a algo que não a merece. E porque é que havemos de nos sentir incomodados quando, de ano a ano, o Benfica acaba por ter um benefício de arbitragem? Porque é que não podemos, também, sentir-mo-nos bem se o clube obtiver vitórias imorais originadas em comportamentos fora de tudo aquilo que é aceitável? Será que vale a pena? Assim se potenciam as crises, que se dizem agudas, assim se branqueiam as contínuas e impunes irregularidades. É fácil, não é?

NDR: Deploráveis as declarações de Luisão no Flash Interview. Também indigno do Sport Lisboa e Benfica a forma como ninguém se associou a Chalana no dar a cara após uma derrota humilhante. Isto não é, certamente, o Benfica.

Ficha do Jogo:

26ª Jornada da Liga BWin

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Paulo Baptista (AF Portalegre)

SL BENFICA: Quim; Nélson, Luisão, Katsouranis e Léo (Makukula, 72 m); Petit; Binya (Di María, 41 m), Cristián Rodríguez e Rui Costa; Nuno Gomes (Mantorras, 63 m) e Óscar Cardozo.

ACADÉMICA COIMBRA: Pedro Roma; Pedrinho, Berger, Orlando, Kaká e Pedro Costa; Nuno Piloto, Luis Aguiar (Ivanildo, 81 m) e Cris; Miguel Pedro (Edgar, 74 m) Lito (Tiero, 85 m).

Disciplina: Amarelos a Léo (31 m), Edgar (80 m) e Petit (84 m).

Golos: 0-1; Miguel Pedro (3 m); 0-2, Berger (32 m); 0-3, Luís Aguiar (65 m).

#Foto: Reuters

#adicionado a
Crónicas 07/08

#publicado em simultâneo com o
Encarnados