sexta-feira, junho 30, 2006

Portugal, equipa violenta???



De maneira nenhuma. Aliás, vendo este exemplo diria que a "apanha da laranja" até foi uma coisa pacata. Mesmo assim, e pegando na pergunta ao Pauleta (que o homem respondeu com nota máxima) - Tem mais medo de equipa ou da imprensa inglesa - eu responderia que gostava de ver um jogo entre eles primeiro. É que deve ser taco-a-taco (salvo e expressão)!

Enfim, se o bife tiver muito nervo...lá terá que levar umas porradas para ficar mais "molinho". Força Portugal!

quinta-feira, junho 29, 2006

Um Clube Diferente, Uma Verdadeira Instituição



Benfica doa verba de jogo da Taça a sócio acidentado

Tal como a direcção do Sport Lisboa e Benfica tinha prometido, a receita pertencente ao nosso clube, relativa ao jogo da Taça de Portugal, Tourizense - Benfica, vai ser entregue ao sócio José Carlos Santos, vitima de atropelamento em Manchester, aquando da deslocação do Benfica aquela cidade, para disputar o jogo referente à Liga dos Campeões.

A verba será entregue às 09h00 no Centro de Reabilitação de Alcoitão, e o Sport Lisboa e Benfica estará representado por José Veiga, director geral para o futebol profissional, e por João Salgado, chefe de gabinete da presidência.

Noticiado também aqui.

quarta-feira, junho 28, 2006

Crónica Oitavos de Final - "The Game of Their Lives!"

A “hora de todas as decisões” ou “agora é que começa o Mundial”! Depois de uma prestação invicta – não confundir com a cidade – na 1ª fase, esperava-se que a Selecção de Portugal continuasse a espalhar alegria pelo país. Todos sabemos que a obrigação de Portugal já tinha sido concluída – com o apuramento à 2ª fase assegurado – e tudo o que viesse a mais era bem-vindo. É, sempre, triste ser eliminado logo nos Oitavos-de-Final mas tal situação poderia acontecer sem que fosse um grande escândalo.

A Holanda é uma excelente formação, talvez das 4/5 melhores do Mundial e, como sempre, está recheada de estrelas do futebol com lugar garantido nos melhores clubes do Mundo – assim como Portugal.

Objectivamente, Portugal é muito parecido com a Holanda: são ambos países relativamente pequenos mas com uma paixão imensa por futebol, os dois ocupam lugares secundários mas com protagonismo no futebol de selecções e de clubes; já tiveram prestações fantásticas em Mundiais mas nunca venceram o título – Holanda foi à final de 1974 com a sua melhor formação de sempre, Portugal foi 3º em 1966 com a sua melhor formação de sempre; a nível de Europeus a Holanda já venceu um título em 1988 e Portugal esteve muito perto em 2004.


Há inclusivamente quem diga que o futebol de Portugal e da Holanda é muito bonito mas não chega para vencer. Há, portanto, inúmeras semelhanças embora nos últimos anos os portugueses tenham sido carrascos dos “sempre cool” holandeses. Em 15 anos não houve derrotas e nenhum luso estava a pensar em ver quebrada a tradição…. ok, nem todos, mas a esmagadora maioria.

Curiosidade ainda para observar as cumplicidades entre jogadores dos dois países: Van der Sar e Boa Morte – ex-colegas no Fulham; Van der Sar, Van Nistelrooij e Cristiano Ronaldo – colegas no Manchester United, os dois últimos parece que têm atritos; Van Bronckhorst, Van Bommel e Deco – jogadores do Barcelona; ou ainda Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Maniche e Arjen Robben – colegas no Chelsea. É certo que estas amizades entre jogadores holandeses e portugueses têm sido comuns ao longo da história recente do futebol.


A “fórmula” Scolari

Sem surpresas, Luiz Felipe Scolari apresentou a equipa-tipo que tem utilizado de forma sistemática desde o Euro 2004 – à excepção do lesionado e insubstituível Jorge Andrade.

Portugal alinhou com Ricardo na baliza, Miguel e Nuno Valente nas laterais e como centrais, Ricardo Carvalho e Fernando Meira. No meio campo jogaram Costinha e Maniche como médios de contenção e Deco como playmaker. Na frente jogou Cristiano Ronaldo, Luís Figo e como homem de área: Pedro Pauleta.

Bastantes novidades relativamente ao jogo anterior mas todos sabemos que esse escalonamento foi efectuado numa situação especial. A equipa apresentou-se na máxima força quer relativamente aos jogadores do 11 inicial quer aos atletas que se encontravam no banco. Portanto, um Portugal fortíssimo à espera de ser feliz.


Sofrer… mas sofrer muito

A maior parte do público presente era, de facto, holandês mas os poucos portugueses nunca se deixaram ficar para trás e na entoação do hino não se notou grandes diferenças nos cânticos.

O começo da Holanda foi explosivo, logo no 1º minuto um remate perigosíssimo de Van Bommel a passar rente ao poste. Facilmente se via qual o cariz do jogo! Sofrer, sofrer e sofrer!
Do lado de Portugal só Cristiano Ronaldo conseguia criar perigo e os holandeses sabiam do valor do jogador do Manchester United. Ao mesmo tempo que a baliza de Portugal era bombardeada com remates holandeses, o #17 tentava meter medo! Cedo “arrumaram” com o miúdo tendo o prevaricador ficado em campo tranquilamente.

Pauleta parecia desenquadrado com o jogo quando caía sucessivamente em fora de jogo e Portugal jogava inferiorizado devido a um Cristiano Ronaldo em dificuldades. “Porra Scolari, tira-me o miúdo se não isto corre mal!”
A Holanda carregava mas os remates saíam muito tortos e com Ronaldo a ir constantemente ao banco receber assistência, não havia nada que acalmasse a alma lusitana.


Pelo meio das constantes simulações de Robben, o “coxo” Cristiano pega na bola e lança para Deco que cruza da direita para Pauleta. O açoriano segura, segura, segura ao esperar por Maniche endossando-lhe a bola de forma brilhante. Muito perigo, o fuzilador está na área! O #18 finta um, finta dois e estoira…já está, golo de Portugal! Uff! Portugal aos gritos, holandeses caladinhos!

Depois do golo, o terror dos holandeses quase desfere novo golpe certeiro mas o tiro sai muito alto. O jogo mantinha-se com o domínio dos laranjas – neste jogo, de branco – e com fogachos de contra-ataque luso. Finalmente, entra Simão para Portugal voltar a jogar com 11 unidades mas é da Holanda que surge um grande lance. Van Persie faz o que quer de Nuno Valente e de Ricardo Carvalho deitando-os ao chão e – naqueles breves instantes, a maioria dos portugueses susteve a respiração – e só por milagre não faz golo. Se Deus é brasileiro, olha que ele também gosta muito dos portugueses, de certeza!

Depois daquele lance fantástico de Pauleta que não dá golo porque… há Van der Sar, mesmo a terminar o 1º tempo, Costinha irrita até o Cardeal Patriarca de Lisboa. Como é que é possível fazer tamanha azelhice? Toda a gente pensou: Costinha “o enterra”, vai-nos lixar tudo!
O intervalo dá para refrear os ânimos e rezar para Scolari meter o Petit e para que os holandeses estivessem em seca de golos.



A 2ª parte do jogo foi de um sofrimento incrível! A área nacional foi um verdadeiro campo de tiro de snipers holandeses e até a barra ajudou! O lance em que mais me irritei foi naquele – logo no reatamento – em que o Petit vê um amarelo escusado, o que me fez pensar em nova expulsão!

Os obreiros da defesa tiveram uma postura estóica e histórica! Garra, entreajuda, segurança e, pasmem-se, muita tranquilidade. Principalmente o(s) Ricardo(s), Petit e Miguel foram heróis da armada lusitana lutando como ninguém pela vitória. Van Basten, e bem, a jogar contra 10 tentou reforçar o meio-campo ofensivo com a entrada de Van der Vaart mas a opção saiu-lhe furada pois ao retirar um defesa e vendo outro ser expulso ficou apenas com 2 – e o adaptado Cocu – para controlar os ataques perigosíssimos de Portugal.

Alguns “sururus” sem qualquer controlo por parte do árbitro, resultaram no acrescento da intranquilidade da Holanda, e Portugal ganhou com isso. Simão assustou de livre, Deco seguiu isolado para a área mas não teve nem velocidade nem discernimento para colocar a bola num colega e, então, os holandeses passaram-se! Por duas vezes não devolveram a bola em atitude de anti-fair-play depois de Portugal a ter atirado para fora para permitir a assistência médica.


A partir destas cenas tristes, o jogo entrou em clima de completa batalha com sucessivos lances duros e agressões. No meio disto tudo foi Deco que pagou o desnorte do árbitro e dos holandeses complicando ainda mais um Portugal reduzido a 9.

Foram 10 minutos de completa loucura, onde o golo podia ter aparecido numa qualquer baliza do Frankestadion. O prolongamento seria castrador para Portugal e havia que acreditar na vitória – na nossa, não na do Beckham! Kuyt e Miguel, sozinhos numa e noutra baliza, quase mudam o resultado mas o score haveria de terminar 1-0. Nem Tiago o conseguiu mudar e bem que podia, caramba! Para a saúde do coração de milhões de portugueses tudo terminou!

Nunca suei tanto ao ver uma partida de futebol! Foi incrível!
É difícil destacar jogadores individualmente mas talvez Ricardo pela segurança e Maniche pelo golo.


Heróis lusos na “Batalha de Nuremberga”

Falar no Ricardo deste Mundial é sinónimo de falar de concentração e categoria. O guarda-redes do Sporting tem estado no melhor nível que alguma vez já teve cotando-se, mesmo, como um dos melhores guarda-redes da Competição.
Imperial na saída aos cruzamentos – e foram muitos – fez ainda 2 defesas, verdadeiramente, espantosas. A 1ª, num remate rasteiro, de longe e a saltitar, de Van Bommel teve alguma sorte mas muita destreza, a 2ª num remate de Sneijder, de longe e a meia-altura, fez a defesa da noite.
Foi fundamental nos minutos finais de “assalto holandês” ao comandar a defensiva e a segurar algumas bolas perdidas como por exemplo quando Kuyt, isolado e com muito espaço, tentou o golo já nos minutos finais.
A continuar com esta performance, e fazendo fé que Portugal vá ainda mais longe, tem tudo para vencer o prémio Lev Yachin. Para mim, o melhor em campo!

A exibição colectiva e individual foi fantástica mas Maniche merece uma referência pela importância que teve no adiantamento de Portugal no marcador. A boa forma do ex-jogador do Chelsea foi, mais uma vez, demonstrada quando recebeu a bola de Pauleta, desfeiteou 2 defesas e fuzilou Van der Sar. Um golo magnifico, tão bonito quanto importante!
O “Man of The Match” da FIFA foi um dos mais irrequietos na procura do golo mas foi também importante na ajuda à defesa e ao meio-campo defensivo. Por pouco não fez o 2-0 num remate de longe mostrando, em todos os momentos, aquela irreverência que lhe é tão característica. Anormalmente disciplinado – como tem sido neste Mundial, foi a muleta de Costinha/Petit quando houve problemas para resolver!


Outra espantosa exibição fez Miguel – a nova pérola negra do #13!
Num jogo tão complicado não se inibiu ofensivamente e fez muitas jogadas perigosíssimas – em duas poderia ter feito o 2-0 – que puseram em sentido a comitiva holandesa. Acabou o jogo como estremo-esquerdo porque já estava completamente de rastos – e isto são palavras suas.
Confirmando tudo o que tem dito dele nos últimos tempos – “o melhor lateral direito do Mundial”, foi um verdadeiro esteio a segurar uma das estrelas do futebol actual. Robben quem?

Tão criticado tinha sido Fernando Meira que deu nisto: talvez a melhor exibição do central do Estugarda ao serviço da Selecção – no Mundial foi, de certeza!
A sua grande pecha, o jogo de cabeça, esteve irrepreensível mesmo frente a grandes cabeceadores como Kuyt, Hessekink ou Van Persie. Apenas uma falha, naquela escorregadela compensada pelos colegas. Destaque para um corte magnífico, mesmo a terminar o jogo e de cabeça, depois de um centro espectacular de Robben! Que seja para continuar, porque um Meira assim é uma “meiravilha”!

Tal como o seu colega de sector, Ricardo Carvalho também fez uma monumental exibição. Um pouco mais espectacular que Meira, o central do Chelsea foi o pronto-socorro do aflito Nuno Valente frente ao irrequieto Van Persie. Carvalho foi, neste jogo, sinónimo de dobra e fê-lo de forma… perfeita!
A “arte do corte by Ricardo Carvalho” teve o expoente máximo ao dar o corpo ao tiro de Sneijder, lance que lhe custou na pele/coxa. Seja bem-vindo, de novo, ao convívio dos grandes, “kaiser” luso, já sentíamos a sua falta!


Figo é… Figo! O melhor! A palavra que melhor define a exibição do português mais internacional de sempre é: classe. Durante muito tempo Boulahrouz passou incólume com um amarelo sem que ninguém fosse ter com ele “dar-lhe luta”. Na primeira grande jogada de Figo do lado esquerdo, a experiência do #7 veio ao de cima levando o duríssimo e “picado” holandês à agressão!
À semelhança do jogo com o México, o capitão teve menor fulgor ofensivo – também temos de ver a mais-valia dos adversários – mas foi muito importante quer em tarefas mais “mundanas” quer ao servir colegas com maior fulgor físico – Simão e Maniche principalmente.
Acabou exausto e substituído… o descanso do guerreiro!

Afigurava-se uma fantástica exibição de Cristiano Ronaldo nesta partida. Em 7 minutos de jogo já tinha sacado 2 amarelos, levantando o estádio português e colocando em sobressalto público e equipa holandesa. Mas a 2ª pancada foi demasiado violenta e não deixou que a estrela portuguesa conseguisse explanar o seu futebol a 100%. Mesmo ao pé-coxinho ainda deu para iniciar a jogada do único golo da partida. Poderia ter sido a noite do #17!
Saiu com dores e em lágrimas aos 33 minutos, e em lágrimas continuou no banco! Ninguém me tira da cabeça que tudo isto foi premeditado pelos holandeses!

Pauleta foi o sacrificado pela asneira de Costinha mas antes disso foi um dos responsáveis pelos 2 melhores momentos de Portugal na partida. No 1º, numa jogada “à Nuno Gomes”, segura e faz a assistência para Maniche marcar o golo de Portugal e no 2º tem uma rotação magistral seguida de remate com selo de golo…. Van der Sar defendeu por instinto!
No resto da partida esteve pouco em jogo mas com trabalho muito complicado na tentativa de abrir espaços no meio de defesas tão corpulentos. “Póletá” é um jogador muito importante na equipa!

As exibições menos conseguidas foram mesmo as de Nuno Valente, Costinha e Deco.

O adversário era muito valoroso mas Nuno Valente perdeu muitos lances com Van Persie. As dobras dos centrais foram fundamentais para que o holandês do Arsenal não conseguisse empatar o marcador da partida… e por vezes só a sorte valeu a Portugal. Talvez a pior prestação de jogadores portugueses mas o esforço esteve lá. Não conseguiu dar seguimento às boas exibições que tinha estado a fazer na Competição pelo que até a nível ofensivo foi inconsequente – para não dizer inexistente. Tem de ser mais Valente!

Costinha chocou Portugal com gesto infantil quando estava a ter uma prestação bastante positiva. Muito seguro nos cortes e nas dobras – nesta partida, importante como nunca – teve, no entanto, alguma dificuldade para cobrir os espaços à entrada da área pois foi nessa zona que apareceram muitos dos remates holandeses.
Não se compreende o que lhe passou pela cabeça – e com a experiência dos 31 anos – para meter a mão à bola, numa jogada a meio-campo e sem perigo algum, com um amarelo já no cadastro. Teve sorte pelo facto de Portugal não ter perdido, caso contrário seria algo que lhe ficaria ligado até ao resto da vida… e mesmo assim, se calhar, até vai ficar!

Neste Mundial, ainda não se viu o grande Deco do Barcelona, talvez devido aos baixos índices físicos. Foi, como sempre, exímio nos passes longos e curtos mas pareceu-me, em muitos lances, demasiado individualista e excessivamente “brinca na areia”. Não entendo o propósito daqueles “chapéus” todos em jogadas sucessivas nem entendo a sua tendência para “mastigar” o jogo de forma recorrente. Está no melhor e no pior de Portugal: no pior ao ser expulso de forma injusta mas também infantil e escusada; e no melhor ao fazer o cruzamento que Pauleta aproveitou para assistir Maniche no golo de Portugal. Não joga frente à Inglaterra e vai fazer falta, esperamos por ele nas Meias-Finais.


E por fim os suplentes Simão, Petit e Tiago.

A lesão madrugadora de Cristiano “one-man-show” Ronaldo foi benéfica para o capitão do Benfica. Simão Sabrosa confirma a cada jogo que passa, e tem feito um grande Mundial, que está numa forma esplêndida – o que é muito importante nesta altura de decisões. O seu grande defeito é, como todos sabemos, a envergadura física mas não teve medo de enfrentar os “gigantes” holandeses e sempre que pôde “partiu para cima deles”. Esteve muito perto de fazer o 2-0 num livre directo que passa a centímetros da barra e foi sempre uma mais-valia no momento de organizar o jogo português. Uma grande exibição, portanto!
Por breves minutos – depois da saída de Luís Figo – ainda envergou a braçadeira de capitão, o que deve ter causado milhares de anti-corpos em muita gente.

Nada pior esteve Petit! O #8 é o jogador, talvez de todos os 23, mais indicado para este tipo de jogos, pela raça, pela luta e pelo discernimento que – aos 30 anos – é cada vez maior. Fez um jogo enorme e tentou, o mais que pode, servir de 3º central quando o ímpeto holandês esteve no topo da sua pujança.
Curiosamente, vendo o seu historial de “sangue na guelra”, foi dos que tentou acalmar Figo naquele lance mais quente com Van Bommel. Destaque para um corte absolutamente magnífico, mesmo a terminar o jogo, ao dar o corpo a uma assistência atrasada de Van Persie quando já estavam Hesselink e Kuyt preparados para finalizar.

Tiago entrou apenas a 6 minutos dos 90 mas mesmo assim teve tempo para dar nas vistas. Quase matou o jogo por completo, num grande lance, já nos descontos, em que finta 3 holandeses mas é pouco expedito a finalizar. Parece-me muito macio para estes jogos duros e tem alguma dificuldade em desequilibrar mas globalmente esteve bem e ainda sacou a expulsão de Gio.


Crazy Ivanov

Ao não expulsar Khalid “The Cannibal” Boulahrouz – não estou a inventar, é mesmo a alcunha do holandês – aos 7 minutos, o russo Valentin Ivanov, comprometeu de imediato o resto da partida. É perfeitamente inacreditável que uma simulação patética de Van Bommel resulte num amarelo para Maniche e um buraco na perna de Cristiano Ronaldo dê direito à mesma punição.
Costinha é, efectivamente, bem expulso e poderia até ter ido mais cedo para o balneário – com duplo amarelo – por uma entrada fora de tempo sobre Ooijer.

Finalmente, Boulahrouz é expulso de forma justa mas tardia, por uma cotovelada cobarde a Luís Figo. Neste lance, a única dúvida é se o cartão a mostrar é amarelo ou vermelho! E as regras são bem claras na punição a cotoveladas, o vermelho deve ser a cor mostrada. Portanto, mais um erro de Ivanov!

Depois da expulsão de Rui Costa naquele célebre Alemanha-Portugal, a expulsão de Deco é a decisão de arbitragem mais injusta que me lembro ter assistido num jogo da Selecção. Num ambiente de excessiva dureza, com entradas maldosas, picardias e agressões, é incrível que o #20 de Portugal seja expulso com um 2º amarelo forçadíssimo – o 1º amarelo é bem mostrado mas há que ter em atenção a conjectura da jogada em que o mesmo é mostrado. E se Deco foi amarelado, porque escapou incólume o empurrão de Cocu na mesma jogada?


O “head-butt” de Luís Figo a Van Bommel – está em todas, este artista – já foi muito discutido por toda a gente – portugueses, holandeses e… ingleses – mas as regras são claras: um encosto de cabeça, semelhante a um empurrão ou um “chega-para-lá” é punido com cartão amarelo e foi precisamente isso que o árbitro – a meias com um dos auxiliares – mostrou. Portanto, muito bem neste lance!

Depois ainda há a expulsão correcta de Giovanni Van Bronckhorst – duas faltas seguidas num espaço de 5 segundos – e nova expulsão perdoada, desta vez a Dirk Kuyt. O avançado holandês agride Ricardo com a bota na tentativa de disputa de um lance com o guarda-redes português. No mínimo teria de ser exibido um cartão amarelo!

Mas das coisas que mais me enervaram ao longo do jogo, foram as constantes simulações de Robben, sem qualquer tipo de aviso ou sanção por parte do árbitro. O jogador do Chelsea caía por tudo e por nada e até quando fazia faltas claras tinha a audácia de protestar a arbitragem. Como é possível que tenha acabado o jogo sem um único amarelo?


Mas não me esqueço de falar naquela entrada dura de Nuno Valente sobre Robben já dentro da área… e com o jogo interrompido. Aqui, a fortuna esteve do lado de Portugal! Caso a jogada não tem sido precedida de fora-de-jogo, teria de ser marcado um penalty e mostrado, pelo menos, um amarelo ao lateral-esquerdo do Everton.
Sneijder foi outro que fugiu ao cartão quando empurra, desnecessariamente, Petit sem que o português tenha feito absolutamente nada… estava apenas a ajudar um colega caído.

Auxiliares com responsabilidades no descalabro arbitral, apesar de terem estado relativamente bem nos lances de fora-de-jogo! A sua obrigação seria ajudar o desastrado compatriota e não deixá-lo à deriva da sua momentânea loucura. Não foram bons colegas, e por arrasto do seu chefe, têm nota medíocre.

Como é possível que Portugal tenha cometido apenas 11 faltas e tenha visto 9 (!!) amarelos e 2 vermelhos?


Um grande Mundial

Este jogo será recordado para toda a história da Selecção de Portugal! Uma exibição épica, de sofrimento, de categoria, de entreajuda e de revolta deram a Portugal a possibilidade de disputar os Quartos-de-Final frente à Inglaterra.

A célebre frase, "contra tudo e contra todos" foi construída para momentos como este! Uma arbitragem miserável que prejudicou Portugal, e o próprio jogo, não foi suficiente para abalroar os novos heróis da "Batalha de Nuremberga". Foram todos enormes!
Shame on you, Netherlands! Agressões, simulações, picardias, falta de fair-play... uma vergonha de quem se diz o país mais desportista da Europa.

Scolari volta a aumentar o seu recorde de vitórias consecutivas – 18 por Portugal e 11 em Mundiais – e está apenas a 2 do 2º lugar do ranking do treinador com maior número de vitórias de sempre em Mundiais.


A Conferência de Imprensa que dá no final do encontro é algo que demonstra bem a importância de Felipão na “equipa de todos nós”. Foi qualquer coisa de extraordinário e demonstrativo de que a raça lusitana não é exclusiva de cidadãos portugueses. No meio de pérolas como “vi este grupo a fazer hoje, o que há muito tempo não vi a fazer por Portugal: dignificando o país” e “a atitude de Figo foi mais correcta do que a de Heitinga, que não devolveu a bola, provocando a expulsão de Deco. Jesus Cristo é que deu a outra face ao adversário. Figo não é Jesus Cristo” defendeu Portugal, mandou recados aos ingleses – que já pensam que o confronto são “favas contadas” – e também aos “intelectualóides” portugueses. Renovem com o homem até 2008, mas renovem ontem!

Já fui um grande admirador de Marco Van Basten que, para além de um grande jogador, teve sempre um enorme espírito desportivo dentro de campo, mas quer a sua atitude como treinador quer as suas declarações no fim do jogo absorveram um bocado essa admiração. Como é possível as pessoas mudarem tanto em tão pouco tempo? Saber ganhar é uma virtude mas saber perder é ser bom desportista e isso, Van Basten, não o demonstrou!

Isto: “Foi um erro do Boulahrouz que chegou atrasado à bola e o cartão amarelo foi uma boa decisão do árbitro” e isto “Queriam desportivismo quando andaram constantemente a perder tempo? Quando falarem disso tenham cuidado” é lamentável!


Histórico frente à Inglaterra

1947: 0-10 num jogo amigável, disputado em Lisboa

1950: 3-5 num jogo amigável, disputado em Lisboa (Golos portugueses de Ben David (2) e Manuel Vasques)

1951: 2-5 num jogo amigável, disputado em Liverpool (“Patalino” e Alano reduziram para Portugal)

1955: 3-1 num jogo amigável, disputado no Porto (José Águas (2) e Matateu deram a primeira vitória sobre os ingleses)

1958: 1-2 num jogo amigável, disputado em Londres (Carlos Duarte fez o golo português)

1961: 1-1 na qualificação para o Mundial 62, disputado em Lisboa (José Águas empatou o score)

1961: 0-2 na qualificação para o Mundial 62, disputado em Londres

1964: 3-4 num jogo amigável, disputado em Lisboa (José Torres e Eusébio (2) fizeram os golos nacionais)

1964: 1-1 num jogo amigável, disputado em São Paulo (Fernando Peres empatou o jogo)

1966: 1-2 nas Meias-Finais do Mundial 66, disputado em Londres (Marcou Eusébio para Portugal)

1969: 0-1 num jogo amigável, disputado em Londres

1974: 0-0 num jogo amigável, disputado em Lisboa

1974: 0-0 na qualificação para o Euro 76, disputado em Londres

1975: 1-1 na qualificação para o Euro 76, disputado em Lisboa (Rui Rodrigues fez o golo nacional)

1986: 1-0 na Fase de Grupos do Mundial 86, disputado em Monterrey (Carlos Manuel deu a vitória a Portugal)

1998: 0-3 num jogo amigável, disputado em Londres

2000: 3-2 na Fase de Grupos do Euro 2000, disputado em Eindhoven (Depois de estar a perder por 2-0 com golos de Steve MacManaman e Paul Scholes, Portugal faz uma reviravolta história com Figo a estoirar para o 1-2, João Pinto a fazer o empate com uma cebeçada fenomenal a cruzamento de Rui Costa e Nuno Gomes, depois de nova assistência de Rui Costa, a dar os 3 pontos com uma excelente finalização)

2002: 1-1 num jogo amigável, disputado em Birmingham (Alan Smith deu vantagem aos ingleses tendo Costinha empatado o jogo)

2004: 1-1 num jogo amigável, disputado em Faro/Loulé (Pauleta empatou o jogo depois de Ledley King – com a ajuda de Miguel – ter adiantado os ingleses no marcador)

2004: 2-2 nos Quartos-de-Final do Euro 2004, disputado em Lisboa (Michael Owen deu a vantagem aos ingleses muito cedo com Postiga a levar o jogo para prolongamento já nos últimos minutos. Depois, com um golão, Rui Costa dá a vantagem mas pouco tempo depois, Frank Lampard leva o jogo para os penaltys. Aí Ricardo defendeu o penalty de Darius Vassel e, batendo David James, qualificou um Portugal eufórico)

Saldo: 21 J – 3V – 9E – 9D – 25 golos marcados/45 sofridos


Fantástica a dança num “meínho” depois do fim do jogo, onde até um dos médicos lusos deu espectáculo! É nestas coisas que se vê o fabuloso espírito de equipa de Portugal!

Chorei, ri, gritei, sofri, delirei! Obrigado Portugal, obrigado Scolari por esta enorme alegria!
O jogo mais sofrido de sempre, Eu te amo PORTUGALLLLLLLLLLLLL!


NDR: A lata incrível de Pinto da Costa – depois de tudo o que disse sobre a Selecção e de ter achincalhado Scolari e quase todos os jogadores de Portugal – ao ter ido no dia do jogo ao hotel onde estava instalada a Comitiva Portuguesa. Não entendo qual o propósito desta atitude mas desconfio: É sempre bom estarmos ao lado dos que vencem não é? Mesmo que os odiemos, como se costuma dizer… “Se não os consegues vencer, junta-te a eles!”

A outro nível, acho bizarro que antes do jogo e ao intervalo, um dirigente da Federação Holandesa tenha estado no balneário do árbitro. “A mulher de César também tem de o parecer”!


Ficha do Jogo:

Campeonato do Mundo - Oitavos de Final

Frankenstadion, em Nuremberga

Árbitro: Valentin Ivanov (Rússia)

PORTUGAL – Ricardo; Miguel, Fernando Meira, Ricardo Carvalho e Nuno Valente; Costinha e Maniche; Luís Figo (Tiago, 84 m), Deco e Cristiano Ronaldo (Simão, 34 m); Pauleta (Petit, 46 m).

HOLANDA - Van der Sar; Ooijer, Boulahrouz, Mathijsen (Van der Vaart, 55 m) e Van Bronckhorst; Sneijder, Van Bommel (Heitinga, 66) e Cocu (Hesselink, 83 m); Van Persie, Kuyt e Robben.

Disciplina: Amarelos a Van Bommel (2 m), Boulahrouz (7 m e 63 m), Maniche (20 m), Costinha (31 m e 45 + 1 m), Petit (50 m), Van Bronckhorst (59 m e 90 + 5 m), Luis Figo (60 m), Deco (73 m 78 m), Sneidjer (73 m), Van der Vaart (74 m), Ricardo (76 m), Nuno Valente (76 m). Vermelho por acumulação de amarelos a Costinha (45 + 1 m), Boulahrouz (63 m), Deco (78 m) e Van Bronckhorst (90 +5 m).

Golos: 1-0, Maniche (22 m).

Fotos: AFP – Getty Images

#publicado em simultâneo com os Encarnados

terça-feira, junho 27, 2006

Valentin Ivanov

Por falar em Ivanov...
Que dirá Marco Van Basten acerca destas declarações?

"Seriam de esperar alguns truques sujos dos portugueses. São conhecidos por queimar tempo e por entradas por trás."

Esta parte é que era escusada, mas também, pázovsky, aquela deve ter sido a tua última noite de glória. O teu futuro irá certamente passar pelas estepes siberianas a conduzir um limpa-neves! É o castigo mínimo que mereces pela merda que fizeste.

Le Coq (que ainda consegue ser) Magique

O Espanha-França foi, para mim, talvez dos jogos que tive oportunidade de ver, o mais bem disputados e emotivos deste Mundial (não vi o Brasil-Gana, mas apesar do gana se ter batido bem, eu já sabia que jogos com o Brasil é mais do mesmo - momento para um bocejo).

Muito bem arbitrado (tome o exemplo Konrad Ivanov) e muito bem jogado este era a última oportunidade para a França mostrar que afinal ainda consegue ter momentos de magia, ao contrário da graça que um qualquer francês (?) pouco patriota se lembrou de construir e que há dias tive oportunidade de aqui postar.

O resultado foi mais que justo e não, não torço pelos Gauleses - aliás ainda temos umas contas antigas para ajustar com os franciús que já não irá ser desta, quase de certeza, mas como a vingança serve-se fria lá para 2008 quem sabe? - nem torcia pelos Espanhóis apesar de nos terem presenteado com um bom futebol diferente do que até ao EURO 2004 conseguiram mostrar. Apenas acho que a França (e Zidane) deram hoje uma valente bofetada de luva azul e branca na tromba dos vizinhos periodistas que já os tinham despachado para a Gália ainda antes do jogo ter começado.

A soberba habitual de nuestros hermanos é já sobejamente conhecida, mas chegar ao ponto de apelidar a França de um Real Madrid das Selecções (o que fariam um Ribéry, um Vieira e um Henry junto com Zidane em Madrid) é procurar lenha para se queimar. Se o resultado tivesse pendido a favor de Espanha é evidente que todas estas tiradas infelizes - tiros certeiros nos pés - tinham tido o efeito contrário ao que acabou por ter. Agora vão ter que engolir bem engolidinha a desfaçatez por terem menosprezado a equipa contrária dando a vitória como garantida. E como os espanholitos tinham a fasquia lá bem no alto!... Esqueceram-se foi que o futebol é assim mesmo, prega cada partida. Muito bem feito!!

Na tromba também levou Aragonês, apelidado de "o racista". Esta foi a melhor vingança que Henry et ses amis poderiam ter. Melhor que esta vingança saborosa só talvez o copo de sumo de laranja que com tanto prazer emborquei na manhã seguinte ao Portugal-Holanda.

Por Zidane, O SR Zidane o resultado foi o culminar de uma carreira brilhante que está prestes a terminar. E que melhor cereja em cima do bolo que aquela finta a Puyol (*) que dá o 3º golo a França? Pura magia.

Anseio por ler amanhã o que o AS, Marca e cia. decidirão escrever, da mesma maneira como anseio saber se o distinto jornalista da TV Record que ameaçou mudar o seu nome para Luis de Camões caso Portugal conseguisse vencer a Holanda, sempre pôs em prática essa ameaça

(*) Se eu fosse à FIFA castigava Zidane com 4 jogos de suspensão por conduta anti-desportiva. Aquela maldade não se faz a ninguém, muito menos a Puyol (um dos meus defesas favoritos). LOLADAS!

A minha equipa para defrontar Inglaterra


Era original.....não?

Cruyff, já és campeão do Mundo, em azia.

"Cruyff culpa ministra pela eliminação da Holanda
O antigo internacional holandês Johan Cruyff considera que a ministra da Imigração da Holanda, Rita Verdonk, é em parte responsável pela eliminação da selecção «laranja» do Mundial, imposta por Portugal, uma vez que impossibilitou a naturalização do avançado costa-marfinense Salomon Kalou.

«Não quero dizer que a ministra tenha toda a culpa, mas tem certamente parte dela», defende Cruyff. «Com a rejeição [de naturalizar Kalou], a Holanda ficou numa situação em que, se Robben e Van Persie não estivessem a jogar bem, não haveria nenhuma alternativa. Salomon Kalou teria sido uma», considera."


in'ABola

Cruyff, podes sempre combinar uma francesinha e uma laranjada com o Carlinhos da Sé, que ele poderá disponibilizar mais umas quantas desculpas. Eu próprio posso-te indicar mais umas:

- Se o Maniche fosse naturalizado russo, não levavas aquela batata.
- Se a baliza tivesse mais 5cm de altura, aquela bola de Cocu (ao ferro) teria entrado.

E por ultimo:
- Se a Holanda se qualificar para o Euro2008, poderá enfrentar de novo Portugal mas já com estes jogadores naturalizados holandeses:
João Moutinho, Manuel Fernandes, Quaresma (espaço para amena risada), C. Ronaldo, Bruno Vale, Hugo Almeida, etc...

Até lá, toma Prozac e por favor, não o mistures com Rennie sem 1º ires ao medico.

domingo, junho 25, 2006

AHHHHHHHHH!!

Como bons anfitriões que somos, enquanto lêem o post do Pedro Neto servimo-vos aqui um sumo de laranja beeeemmmm fresquinho!!!


sábado, junho 24, 2006

Kώστας Κατσουράνης


Fazemos aqui um pequenino interregno no Mundial 2006 para noticiar o segundo reforço do GLORIOSO para a Época 2006/2007.

O campeão europeu Katsouranis é um médio de características defensivas, mas que muitas vezes participa nas manobras mais ofensivas da equipa. É um excelente reforço para o nosso meio campo principalmente se tomarmos em conta que apenas temos Petit como peça principal no meio do terreno uma vez que eventualmente Manuel Fernandes irá necessitar de ser operado novamente e Beto, que parece vai continuar a ser uma aposta de Fernando Santos, ainda não pegou de estaca não só na equipa como nas boas graças dos adeptos (nos quais eu não me incluo).

Parabéns a José Veiga e Luis Filipe Vieira pela perseverança e por mostrarem que o Benfica não faz parte de um país de terceiro mundo, nem desiste facilmente dos seus objectivos.

Força Kostas, Bem vindo ao ninho da Águia! Que sejas capaz de levar o Benfica a muitos êxitos.

Ficha:

- COSTAS KATSOURANIS
- Grego
- Médio defensivo
- 27 anos (21 de Junho de 1979)
- 1,83m
- 81 kg

- Campeão da Europa pela Grécia (2004)

Clubes:

96-02 Panathinaikos 121 jogos – 14 golos
02-05 AEK Atenas 81 jogos - 23 golos


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PARABÉNS AO MAR VERMELHO E SEUS FUNDADORES

sexta-feira, junho 23, 2006

Fazemos 2 anos!!!

Se fosse um bebé já andava, mas como é um blog já é pesado (quando fazemos publish). Malta, o projecto marvermelho faz este mês 2 anos de vida. Obrigado a todos por estes dois anos, bons, maus e assim-assim. Obrigado!

PS: Pensei em meter duas bundas de arrepiar o pêlo como festejo dos dois anus....mas seria um lugar comum!

quarta-feira, junho 21, 2006

Crónica 3ª Jornada Grupo D - Olééé... Olééé... Olééé!

Tranquilidade ambiciosa! Os 6 pontos alcançados nas duas jornadas anteriores já tinham garantido, de forma inequívoca, a qualificação para a prova seguinte e por isso a tranquilidade de adeptos, técnicos e jogadores era óbvia. No entanto, o confronto com o México decidiria a liderança do grupo D que teria fundamental importância na definição do adversário nos oitavos-de-final. Sendo assim a ambição de garantir a vitória era bem visível na comitiva nacional.

Confesso que não olho para o México com os mesmos olhos com que vejo os restantes cabeças-de-série da competição. Acho, mesmo, discutível considerar o México como uma das 8 melhores equipas do Mundo e não incluir Portugal ou até a Holanda nesse lote. Então se pensarmos que a equipa mexicana está no 4º lugar do ranking mundial – seguido dos anedóticos EUA – é caso para colocar em causa a forma como se calculam os coeficientes de cada Selecção e que lhe dão as respectivas posições.

Não digo que não tenham qualidade, porque têm bastante, mas não são uma equipa de topo mundial. O destaque mexicano vai directamente para Jared Borgetti – que se encontra lesionado, Omar Bravo, Guillermo Franco e, principalmente, o central/trinco do Barcelona, Rafael Marquez.

Depois de uma semana marcada pelas lamentáveis “declarações” de Pinto da Costa – desrespeitosas para com Irão e Angola bem como para 22 jogadores portugueses – esperar-se-ia uma exibição cabal de Portugal sob forma de resposta à desvalorização patética dos seus feitos.


“Banquillo” em acção

Luiz Felipe Scolari deu o mote muito cedo, garantindo que não utilizaria jogadores portugueses já com um cartão amarelo na ficha disciplinar – jogadores esses que nem no banco se sentaram. Sendo assim, o exercício mental de adivinhação da equipa titular era, mais ou menos, acessível.

Portugal alinhou com Ricardo na baliza, Miguel e Caneira nas laterais mantendo-se os centrais, Ricardo Carvalho e Fernando Meira. No meio campo jogaram Petit e Tiago nos lugares de Costinha e Deco mantendo-se Maniche no 11. Na frente jogou Simão no lugar de Cristiano Ronaldo e Hélder Postiga na vez de Pauleta. Luís Figo assegurou o lugar e a braçadeira de capitão!

Um pouco surpreendente a manutenção no banco de Nuno Gomes que, efectivamente, ainda não se encontra nas melhores condições físicas. Será muito importante ter um Nuno Gomes em boa forma pelo que se deseja uma rápida e total recuperação.


Sofrer pela 1ª vez

Pela primeira vez vi Scolari a cantar o hino de Portugal! A clara maioria mexicana abafava um pouco a euforia portuguesa mas nos hinos as vozes não se esconderam. 20 mil portugueses eram a prova do grande apoio a Portugal presente em Gelsenkirchen.
O início da partida ficou marcado pelos madrugadores “olés” mexicanos aos jogadores portugueses. Mais entusiasmados ficaram com a péssima entrada de Portugal no jogo que logo ao 2º minuto poderia ter sofrido um golo num remate de Fonseca bem seguro por Ricardo. Aos 6 minutos Portugal calou, de forma paralisante, todo o público da Selecção do México. A jogada de contra-ataque é magistral: Maniche recupera a bola no meio-campo e endossa-a a Simão na esquerda que no meio de 3 adversários passa atrasado para o mesmo Maniche que, já dentro da área, fuzila Oswaldo Sanchez. Estava feito o 1-0 no 1º remate português!

O golo foi estabilizador e pela primeira vez Portugal mandava na partida. Um controlo perfeito com jogadas de ataque e em velocidade. O México não conseguia sair a jogar e tinha muitas dificuldades na defesa pelo que veio ao de cima o jogo faltoso por vezes a roçar a violência.

Num pontapé de canto, aos 24 minutos, o experiente Rafael Marquez coloca a mão na bola, de forma infantil, despropositada e ostensiva, o que não dá outra hipótese a Lubos Michel que não a marcação do respectivo penalty. Simão Sabrosa, numa das suas especialidades, bate a grande-penalidade e faz o seu primeiro golo no Mundial, aumentando o score para 2-0.

Continuava o jogo duríssimo dos mexicanos quando Postiga, já na área, recebe um genial passe de Simão e atira colocado para grande defesa do keeper mexicano… na recarga Tiago tem tudo para matar o jogo mas, de baliza aberta e de primeira, atira por cima. Perde-se a oportunidade mais flagrante de Portugal!

No minuto seguinte, o golpe de teatro! Ricardo opõe-se de forma brilhante a remate de Omar Bravo e cede canto. No seguimento do lance, Fonseca aparece solto na área e, de cabeça, faz o 2-1 com muitas culpas para a defesa portuguesa. De uma possível vantagem de 3 golos, Portugal passava, aos 29 minutos, a liderar pela margem mínima.


Depois do golo mexicano Portugal tenta segurar o jogo com jogadas de Miguel e Figo pelas laterais. Aí apareceu Maniche nos seus poderosos remates de longe. Até ao intervalo destaque para uma grande defesa de Ricardo – a melhor da noite – a parar um remate de longe de Pavel Pardo.

Portugal sai para o intervalo com algum sentimento de injustiça pelas oportunidades perdidas mas com a vincada ideia de um 1º tempo de grande qualidade frente a um adversário de bom nível. Certamente que o falhanço do 3-0 terá destabilizado um pouco os jogadores portugueses, já que depois da meia hora de jogo a qualidade exibicional decaiu acentuadamente.


A 2ª parte é nefasta para Portugal! Neste período Portugal nunca conseguiu ter a tranquilidade necessária para segurar a bola e desferir ataques perigosos à baliza mexicana. Quase todos os jogadores ficaram na expectativa – um pouco compreensível pelo resultado e posição no grupo – e foram, por vezes, ultrapassados pelos ávidos adversários.

Assim, Ricardo foi importante pela tranquilidade que foi incutindo nos seus colega da defesa. O maior problema surgiu aos 57 minutos quando – num lance duvidoso analisado, mais à frente, no parágrafo da arbitragem – Lubos Michel assinou penalty devido a uma mão de Miguel. Ricardo “meteu medo” e Omar Bravo falhou a cobrança de forma escandalosa. Antes da marcação do penalty, fiz “figas” e desejei para que o mexicano atirasse por cima… parece que resultou, logo também tenho uma quota-parte de mérito no lance.

Pouco depois, Luís Perez tenta ganhar um novo penalty e simula uma falta de forma vergonhosa. Viu o 2º amarelo e foi expulso! Mas quando se pensava que a tarefa se tornava mais fácil para Portugal, e com apenas 10 jogadores, o México redobrou esforços e aproveitou a inércia portuguesa para continuar “dono e senhor” do jogo.


Aos 61 minutos, Scolari retira Miguel – na eminência da expulsão por duplo amarelo – e coloca em campo Paulo Ferreira. Na esquerda continua a abrir-se uma autêntica auto-estrada e é por aí que Omar Bravo – o grande azarado da partida – aproveita para seguir para a área e falhar de forma displicente o empate, atirando por cima.

A meia-hora final é de sufoco por parte do México e, face à tremedeira da defesa, Ricardo aparece, de forma brilhante, nos cruzamentos ou nas saídas aos pés do adversário – quase sempre Fonseca. Do lado de Portugal alguns bons lances de Nuno Gomes – entrou aos 70 minutos – e dois remates muito perigosos de Tiago depois de jogadas de Simão.

Nos minutos que antecedem o desfecho da partida, Portugal aparece melhor e consegue terminar o jogo “em cima” do México assegurando de forma mais tranquila os 3 pontos e o 1º lugar no grupo.

Destaco as exibições de Ricardo, Maniche, Petit e Simão.



Finalmente, Simão

Muitos adeptos e, de certeza, o próprio Simão já desesperavam por ver o grande Simão do Benfica ao serviço da Selecção. O capitão do SLB é um jogador fenomenal e fundamental no clube, demonstrando uma classe ímpar nos relvados portugueses, mas por Portugal vinha faltando aquela exibição de luxo numa grande competição. A resposta já foi dada, o #11 fez, provavelmente, o melhor jogo de sempre na “equipa de todos nós” dando uma clara resposta àqueles que menosprezam o seu valor. Um golo de penalty e uma assistência primorosa para Maniche são o destaque de 90 minutos mas Simão não foi só isso. A constante velocidade, as dezenas de fintas e um brilhante sentido posicional transformaram-no no homem do jogo!

Petit tem sido muito grande! A regularidade com que tem jogado tornam-no uma das peças mais importantes de Portugal – seja a titular, seja como suplente utilizado – e Scolari sabe-o.
“Varreu” tudo o que lhe apareceu pela frente segurando, como ninguém, o meio-campo defensivo. Destaque para um corte importantíssimo aos pés de Fonseca, ainda na 1ª parte, quando este se preparava para empatar o jogo. Então aquele lance em que rodopia sobre si e finta 2 jogadores foi maravilhoso.
A forma correcta e limpa como tem abordado os jogos deste Mundial está a calar muita “gentinha”! Tem estado um pouco desaparecido nas bolas paradas e nos remates de longe mas muito pelo facto de haver inúmeras soluções nesses capítulos.


Se adeptos e imprensa tinham dúvidas sobre a condição de algum jogador dos 23, Maniche era esse jogador. O ex-jogador do Chelsea fez uma grandíssima exibição coroada com um grande golo… à Maniche. Está muito rápido, o que lhe permite circular a bola como tão bem sabe, e encheu o campo de forma sublime. O seu remate é mortífero e causou alguns problemas a Sanchez – foi o que mais vezes tentou o golo. O #18 foi o grande pivot de Portugal e até parece mais magro!

O guarda-redes do Sporting fez uma das melhores exibições por Portugal que tenho memória – aliás, tem estado muito bem na competição. Ricardo está seguríssimo nos cruzamentos – não falhou uma única recepção de bola – e com uma grande dose de auto-confiança. No jogo exterior está muito forte – como de costume – mas é na segurança dentro da área que tem brilhado.

Miguel esteve mais apagado que em confrontos anteriores e muito por causa daquele maldito penalty. Esse lance levou-o à atrapalhação nalguns lances posteriores muito pelo facto de estar visivelmente incomodado e intranquilo com toda a situação.
Amarelado muito cedo – de forma algo discutível – o lateral do Valência foi discreto ofensivamente mas imperial no que diz respeito à defesa. Tem sido dos melhores jogadores de Portugal no Mundial, sem qualquer dúvida!


Ricardo Carvalho tem estado discreto na competição. Se é verdade que não tem tido muitas falhas comprometedoras – neste jogo teve algumas, também é inequívoco que estão longe os momentos de grande fulgor com que se exibiu no Euro 2004. Resta esperar por um teste mais a sério – leia-se, um ponta-de-lança de nível Mundial – para testar todas as suas reais capacidades. Mas mesmo assim, Fonseca deu-lhe muito trabalho! Está claro que a dupla de centrais actual não tem 1/3 do brilhantismo da que faz com Jorge Andrade e isso é sinónimo de problemas para Portugal.

Tiago, que não tinha estado bem na partida frente a Angola, voltou à titularidade mas não evoluiu de forma muito visível. Algo temeroso na defesa e pouco afoito no ataque foi dos jogadores portugueses mais apagados. Fica a ideia que poderia ter feito mais qualquer coisa no lance do golo mexicano mas tem desculpa porque é visível a atrapalhação que Caneira lhe causa. Tem estado infeliz na finalização pois nas oportunidades que teve para marcar não conseguiu, nunca, desfeitear Sanchez – numa delas perdeu o golo de forma escandalosa. Precisa de uma grande exibição com as quinas ao peito para explodir definitivamente!

Talvez a exibição menos conseguida de Luis Figo neste Mundial. Mas Figo é, sempre, essencial nesta equipa pela experiência, capacidade técnica, táctica e de liderança. Fez um jogo mais de apoio ao meio-campo e defesa – sim, Figo ajuda a defender – do que de desequilíbrio ofensivo mas teve algumas dificuldades no 2º tempo – como quase todos – sendo substituído de forma correcta quando já tinha “estoirado”. Infeliz na marcação das bolas paradas.


As prestações de Fernando Meira, Hélder Postiga e Marco Caneira foram, de facto, bastante más.

Fernando Meira continua muito intranquilo e com falhas comprometedoras. É duro de rins na marcação deixando fugir o adversário com alguma facilidade – valem as dobras de Ricardo Carvalho e do trinco residente. O jogo aéreo tem sido um desastre, o que não é normal num central de quase 1,90m. Está aqui o grande problema de Portugal porque… não há mais nenhum!

O ponta-de-lança do FC Porto apenas num lance provou ser útil, ao efectuar um bom remate para defesa do keeper mexicano. No resto do jogo, Hélder Postiga, esteve completamente alheado da partida, tentando criar espaços, é verdade, mas de um avançado esperam-se remates ou pelo menos acções ofensivas visíveis e Postiga não fez nada disso. A falta que Pauleta faz é evidente!

A prestação de Marco Caneira é inqualificável. Não sei se estava nervoso ou se é falta de qualidade mas nunca vi um jogador português jogar tão mal numa Selecção A e ser tão decisivo para o... México. Foi um desespero, parecia que não sabia o que estava a fazer em campo! Todos os lances perigosos do México foram pelo nosso lado esquerdo... e tem responsabilidades no golo de Fonseca porque estava mal colocado e atrapalhou quem podia tirar a bola. A cereja no topo do bolo são aquelas duas assistências para Fonseca e Bravo – com passes laterais demasiado fracos e facilmente interceptáveis – que não tiveram arte para concluir.

E por fim os suplentes Paulo Ferreira, Nuno Gomes e Boa Morte.

A entrada de Paulo Ferreira foi uma catástrofe. Claramente fora do ritmo do jogo, no primeiro lance em que interveio de forma clara tem um lance polémico na área que poderia ter custado caro a Portugal. Depois desse lance, que poderia ter comprometido a equipa, serenou e acabou o jogo em bom plano no aspecto defensivo. Ofensivamente foi zero, como é o seu timbre, mas isso já o sabemos e não o podemos criticar, já que não são essas as suas características!

A palavra que melhor caracteriza os 20 minutos de Nuno Gomes é… lentidão! A péssima condição física e o desacerto no remate explicam a titularidade de Postiga. De Boa Morte apenas 10 minutos em campo, muita atrapalhação e nervosismo mas mesmo assim uma boa jogada, já nos descontos, que culminou num remate de Maniche à figura de Oswaldo Sanchez.


Não há duas sem três

3 jogos, 3 más arbitragens com prejuízo para Portugal! O eslovaco Lubos Michel cometeu alguns erros que lhe mancharam o trabalho de forma bem visível, pelo que se esperava mais de um dos melhores árbitros mundiais da actualidade. Expulsou Perez, por duplo amarelo, devido a uma simulação grosseira já na área mas deveria tê-lo feito, de forma directa, 35 minutos antes por uma entrada muito dura sobre Maniche – que poderia ter sido expulso, mais tarde, na resposta à referida entrada a que foi sujeito.

Ao assinalar penalty por mão de Rafael Marquez, não se compreende como deixou o mexicano incólume disciplinarmente – o amarelo era obrigatório. No que diz respeito ao penalty de Miguel, talvez com um lampejo compensatório, parece-me que decidiu de forma errada. O jogador do Valência já está em queda e, mais importante que isso, está de costas para a bola, portanto o contacto será sempre involuntário. Miguel no meio deste azar teve sorte, já que poderia ter visto, nesse lance, o 2º amarelo – tendo em conta que a falta foi assinalada.

Há ainda um lance bastante duvidoso na área protagonizado por Paulo Ferreira e Omar Bravo. O contacto do defesa português é evidente mas fica a sensação que a bola já estava fora, o que por si só, impede que seja assinalado o penalty. À primeira vista parece bem decidido pelo árbitro eslovaco.

Trabalho dos auxiliares impecável!


Depois do pleno, “alaranjar” a ambição

A vitória de Portugal sobre o México representa a primeira derrota de uma equipa cabeça de série neste Campeonato do Mundo e assegura o, tão desejado, primeiro lugar do grupo – que faz com que evitemos o confronto com a poderosa Argentina. A outro nível, Scolari aumenta o seu recorde de vitórias consecutivas – 17 por Portugal e 10 em Mundiais – e está apenas a 3 do 2º lugar do ranking do treinador com maior número de vitórias de sempre em Mundiais.

De forma algo surpreendente, pela primeira e única vez até agora, o Comité Técnico da FIFA optou por escolher como o “Man of the Match” um jogador da equipa derrotada – José Fonseca. A decisão é muito discutível tendo em conta que do lado português haveria várias alternativas. É mais uma “acha” para a fogueira do proteccionismo que a Selecção mexicana usufrui do órgão máximo do futebol Mundial.

3 jogos, 3 vitórias, 5 golos marcados, 1 golo sofrido, 9 pontos. 2º melhor resultado de sempre!
Segue-se a Holanda – o adversário desejado por quase todos – que tem um historial muito negativo contra nós – como apresentei na crónica da 2ª jornada. O jogo é já no Domingo e é de “mata-mata”!

O Scolari é o maior! Força Portugal!


NDR: Para quem não sabe, o curioso “sombrero” mexicano que Luís Figo envergou durante largos minutos, depois do final da partida, era pertença de um adepto do México que, irritado com os festejos portugueses, o atirou para dentro de campo. E o capitão, pelos vistos, gostou… sempre é melhor que cabeças de leitão!

O título do post é uma homenagem aos mexicanos ordinários que nos 1ºs 5 minutos brindaram os nossos jogadores com o referido cântico. Foram bem calados pela bomba do Maniche!


Ficha do Jogo:

Campeonato do Mundo - Grupo D (3ª jornada)

Arena AufSchalke em Gelsenkirchen

Árbitro: Lubos Michel (Eslováquia)

PORTUGAL - Ricardo; Miguel (Paulo Ferreira, 60 m), Fernando Meira, Ricardo Carvalho e Marco Caneira; Petit, Tiago e Maniche; Luis Figo (Boa Morte, 80 m), Simão Sabrosa e Hélder Postiga (Nuno Gomes, 68 m).

MÉXICO - Osvaldo Sanchez; Francisco Rodriguez (Zinha, 46 m), Ricardo Osório, Carlos Salcido e Mário Mendez (Guillermo Franco, 80 m); Pavel Pardo, Rafael Marquez, Gonzalo Pineda (Jose Castro, 69 m) e Luis Perez; José Fonseca e Omar Bravo.

Disciplina: Amarelos para Francisco Rodriguez (22 m), Miguel (26 m), Luis Perez (27 m e 61 m), Rafael Marquez (65 m), Maniche (69 m), Boa Morte (88 m) e Nuno Gomes (90+1 m). Vermelho por acumulação de amarelos a Luis Perez (61 m).

Golos: 1-0, Maniche (6 m); 2-0, Simão (23 m de g.p.); 2-1, Fonseca (28 m) .

Fotos: AFP – Getty Images

#publicado em simultâneo com os Encarnados

Uma situação intrigante

Durante os jogos da fase de qualificação dos grupos, raras foram as Selecções que, na marcação de um canto por parte do adversário, não utilizaram 2 jogadores junto aos postes para apoio ao Guarda-Redes.

O que me intriga foi que Scolari nunca adoptou essa táctica, e foi do lado esquerdo da baliza de Ricardo que Fonseca marcou o único golo sofrido por Portugal.

A utilização desses apoios ao GR ter-nos-ia permitido, quase de certeza, o pleno: 3 vitórias, 9 pontos, 0 golos sofridos, record esse, por enquanto, que pertence exclusivamente a Dida.

Homer Simpson - o 12º jogador



Homer: "Oh I'll kill myself if Portugal doesn't win"

Com esta distinta personagem na clap de apoio a Portugal, sem dúvida que a vitória já está no papo

Nota o mais escondida possível: clip suprepticia, descarada e vergonhosamente gamado ao blog futebloguês

segunda-feira, junho 19, 2006

Ronda 2 do Mundial 2006

Grupo A
Alemanha 1-0 Polónia: Com direito a aquecimento por parte dos adeptos fora do estádio, foi um jogo que lembrou o que há de pior no futebol. A rivalidade radical e soma de todos-os-medos: futebol + politica = guerras. Quanto ao jogo propriamente dito, foi bastante tenso (porque será?) e só ficou desequilibrado com a expulsão a Radaslow Sobolewski (75’). Daí em diante foi o “assalto” germânico às redes polacas que teve efeito mesmo no fim da partida com um golo de Neuville aos 91’. Passagem garantida à próxima fase por parte dos anfitriões.

Equador 3-0 Costa Rica: Tornou-se a equipa surpresa deste Mundial2006, a equipa do Equador. Com golos de Tenório (8’), Delgado (54’) e Kaviedes (92’) conquistou o lugar na fase seguinte que faltava atribuir no grupo, ao segundo jogo. Fantástica carreira até agora e já ninguém aposta tudo na Alemanha no jogo 3. Será que o Equador conquistará em definitivo o 1º lugar do grupo? (eu digo sim)

Grupo B
Inglaterra 2-0 Trinidade&Tobago: Não foi fácil o triunfo britânico sob Tobago. Os golos já apareceram tarde por Crouch e Gerrard (83’ e 91’). Mesmo assim foi merecida esta vitória, fruto de muito suor no meio-campo e combate. 3º jogo, 3ª vaga preenchida na fase seguinte.

Suécia 1-0 Paraguai: Com o golo de Ljungberg (89’) a Suécia encerrou as esperanças do Paraguai neste Mundial e chegou-se mais à próxima fase precisando apenas de um empate diante da Inglaterra se não quiser ficar a ouvir “rádio” e a rezar para que o Paraguai faça o que ainda não conseguiu fazer…ganhar ( a Tobago).

Grupo C
Argentina 6-0 Servia e Montenegro: Acho que não foi só o Monte que ficou negro (hehe). Olé Argentina! Finalmente uma actuação em “full-time” para maravilhar o mundo do futebol. AVASALADORA EXIBIÇÃO! Golos de Maxi Rodriguez (6’ e 41’), Cambiasso (31’), Crespo (78’), Teves (84’) e Messi (88’) que fechou a maior tareia da prova até agora e carimbou o passaporte para a fase seguinte (caaaaaaaaaaaáramba!).

Holanda 2-1 Costa do Marfim: 5º apurado para o próxima fase em 6 possiveis apurados é obra e mostra a concentração e rigor com que a maioria das equipas está a jogar esta na prova-maxima do Futebol. A Holanda não foge à regra ou não tivesse o infalível Van Basten aos comandos de Van Persie (23’) e Nistelrooij (27’). A Costa do Marfim de Drogba terá que estudar bem esta lição, porque para mim ficou bem patente que uma equipa de futebol não é uma estrela + 10. Mesmo assim, Bakari Kone reduziu aos 38’ e deu emoção até ao fim do encontro.

Grupo D
Angola 0-0 México: Foi um 0-0 que gostei e festejei como se de uma vitória se tratasse. Por franca simpatia à equipa angolana (não só pelo Mantorras) e por uma enorme antipatia à arrogância mexicana (que diziam que ficavam em 1º no grupo com uma perna às costas). Angola ainda sonha com a fase seguinte, mas está à mercê do que Portugal fará aos Mexicanos.

Portugal 2-0 Irão: Já foi postado pelo Pedro Neto (e bem, na minha opinião, com galvanização a mais…vê-se que é benfiquista hehe), por isso vou tocar noutro tema: Fala-se de quem deveríamos calhar ou não calhar na fase seguinte – se com a Holanda ou Argentina - e já todos nos esquecemos do 3º jogo do grupo. Neste capitulo a minha opinião é simples: É ganhar contra o México e não perder o embalo, assim, seja quem for que fique no 2º lugar do grupo C será teoricamente mais fraco e mais acessível a Portugal já qualificado para a fase seguinte (6º apurado). Ganhem ao México e pensem nos outros depois!!!

Grupo E
Gana 2-0 Rep.Checa: Se podia haver surpresas na segunda ronda, esta foi uma. Como é posssivel que os Checos tenham maravilhado frente aos EUA com um 3-0 sem apelo nem agravo e caiem frente a um Gana cheio de “ganas” de ganhar. Sem duvida que 2-0 foi lisonjeiro para a Rep.Checa, visto que os africanos falharam uma penalidade e deixaram que Peter Cech fizesse uma exibição cheia. Golos de Gyan (2’) e Muntari (82’).

Itália 1-1 EUA: Record em cartões vermelhos (3) na prova e dois golos italianos:Gilardino aos 22’ e Zaccardo (italiano) confundiu a baliza e marcou para o tio Sam aos 27’.

Grupo F
Japão 0-0 Croácia: É incrível como jogadores profissionais não conseguem acertar numa baliza gigantesca e algumas vezes completamente aberta. Até Srna falhou uma penalidade para a Croácia (defesa do GR nipónico).

Brasil 2-0 Austrália: Todos esperaríamos um Sambinha nos jogos do escrete, mas pelos vistos vamos continuar à espera porque ali está a imperar o profissionalismo. Jogo bastante difícil para o Brasil, com os australianos a darem uma replica muito positiva no jogo, que só foi definido por Adriano já na segunda parte (49’). Depois já quase no fim e após 1 minuto e 30 da sua entrada, Fred estreia-se no Mundial a marcar o 2-0 e viria a ser protagonista de um história bizarra (ver dois posts abaixo). Brasil qualificado para a fase seguinte.

Grupo G
França 1-1 Coreia do Sul: A França espantou o fantasma que tinha desde 1998 com o golo feliz de Henry aos 9’. Tudo fazia querer que os gauleses iriam matar outro borrego (ganhar um jogo desde a final do Mundial 98) e ganhar à Coreia, até tiveram mais oportunidades de marcar na 1ª parte. Mas a entrada na 2ª parte foi displicente e deixaram que a Coreia se agigantasse e J.S.Park aos 81’ marcou um golo caricato que pôs em cheque a qualificação gaulesa.

Suiça 2-0 Togo: Não vi grande parte do jogo, mas a parte final não me falhou e não gostei da atitude do Togo. Perdiam 1-0 e estavam a queimar tempo. Inadmissível num campeonato do Mundo este tipo de postura, antes tinham ameaçado com uma greve por prémios de jogo (quais prémios?). A Suíça ganhou mas não convenceu. Golos de Frei aos 16’ e Barnetta aos 88’.

Grupo H
Ucrânia 4-0 Arábia Saudita: A Ucrânia vingou o desaire com os espanhóis frente aos Sauditas, já habituados a levar grandes goleadas em mundiais (no ultimo levaram 8 da Alemanha). Com golos de Rusol (4’), Rebrov (36’) Shevchenko (46’) e Kalinichenko (84’) a Ucrânia equilibra as contas de golos.

Espanha 3-1 Tunísia: Os tunisinos começaram o jogo a ganhar, aos 8’ abriram o marcador por Mnari e mantiveram-se na surpreendente liderança até à 2ª parte, altura em que a “fúria” espanhola voltou a surgir sob forma de “El niño”, mas 1º Raul repõe o empate aos 71’. Depois, Torrez show aos 76’ e aos 91’ (penalti) com varias oportunidades não aproveitadas pelo meio. Espanha nos oitavos.

Crónica 2ª Jornada Grupo D - Quase Perfeito!


O dia tão esperado! Na 6ª-feira apareceu o rastilho da alegria portuguesa, com o histórico empate da “minha/nossa” Angola frente ao México, como uma espécie de preliminar do jogo português. A hora era decisiva e uma “simples” vitória colocaria o país em polvorosa.

Olhando para a equipa do Irão – ou Irã, como diz Scolari – facilmente entendemos que não são, nunca, “favas contadas” visto que a experiência que muitos iranianos têm de Campeonato Alemão é um factor a ter em conta. Pelo que vi do confronto com o México, esperar-se-ia bastante segurança no meio-campo – com jogadores de alguma classe como Karimi e Mahdavikia – mas um ataque algo insípido bem como uma defesa ingénua – Kaebi a excepção – que dá muitos espaços nas laterais.

Mais uma vez foi feita nova campanha lamentável – pela maioria da imprensa e por alguma parte da opinião pública – que tentou denegrir de forma objectiva a exibição individual e colectiva de Portugal frente a Angola. As declarações brilhantes de Scolari, Figo e Costinha ao longo da semana apaziguaram os referidos “ataques” dos pseudo-entendidos, mas a “machadada final” foi dada pelos Palancas Negras na partida referida acima.

Curiosidade para ver o comportamento dos jogadores portugueses na resistência ao sol das 15 horas locais. Os termómetros indicavam uns moderados 20º pelo que o Estágio em Évora poder-se-ia revelar fundamental no esforço físico dos atletas.


Regresso ao futuro parte 2004

Luiz Felipe Scolari, algo surpreendentemente, fez novas alterações na equipa titular, apostando – à excepção do tristemente ausente Jorge Andrade – na equipa Vice-Campeã Europeia de 2004.

A recuperação física de Deco foi uma óptima notícia, garantindo ao “mágico” a tão esperada e imprescindível titularidade. Sendo assim o sacrificado foi Simão Sabrosa, acabando também por remeter para o seu lugar de origem o grande capitão Luís Figo. Ao fim ao cabo, o meio-campo central foi totalmente remodelado entrando Costinha e Maniche para os lugares de Petit e Tiago. Nas restantes posições, nada de novo.

Confesso que foi com alguma apreensão que vi a constituição da equipa e temi pela forma física do #6 e do #18 de Portugal. Se, como se sabe, o centro do terreno é fulcral no desenvolvimento do jogo, o baqueamento físico de dois atletas poderia ser altamente prejudicial. Como sempre, confio nas escolhas do seleccionador.


Espectáculo e… golos

A cerimónia do hino nacional é, sempre, algo de especial, principalmente quando o mesmo é entoado por milhares de pessoas em conjunto. Em Frankfurt foram mais de 25 mil emocionadas gargantas – sensivelmente 3/5 do Estádio – que gritaram “A Portuguesa” a plenos pulmões.

O início da partida demonstrou um Portugal dominador e perigoso contrapondo um Irão temerário e muito estático. Logo no 1º minuto e depois de uma grande jogada de Figo – Angola “dejá vù”, pensaram muitos – que culminou numa assistência atrasada para Deco, o luso-brasileiro não consegue imitar Pauleta e falha o remate. O falhanço foi tão irritante para o #20 que o mesmo optou de imediato por trocar de botas… talvez aqui tenha estado o segredo da vitória.

Depois, e por 3 vezes, apareceu a meia-distância de Maniche que com um pouco mais de sorte teria aberto o marcador. Valeu o esforço de um atleta que procura o melhor momento! Pelo meio, destacar as constantes iniciativas individuais de Figo – o jogo passa, quase sempre, por ele – e ainda uma iminente jogada de golo com um fantástico estoiro de Deco, já dentro da área, que fez o keeper do Irão brilhar em grande escala.


À meia-hora de jogo, e depois de um controlo esmagador de Portugal mas com manifesta infelicidade na concretização, começaram a aparecer alguns fogachos iranianos nomeadamente em alguns lances de bola parada. No entanto, Ricardo pareceu sempre bastante seguro e não deixou em momento algum os créditos por mão alheias – há um lance de bola ao poste mas invalidado por fora-de-jogo.

Até ao intervalo, só deu Ronaldo! Depois de um começo algo intranquilo com os, já tão falados, exagerados adornos nos lances, o jovem internacional do Manchester United abriu o livro. Para além das sucessivas jogadas individuais, Cristiano Ronaldo teve duas óptimas oportunidades para marcar: um cabeceamento depois de um canto que o lateral-direito Hosein Kaebi – e não Kaabi, como tanta gente diz, de forma errada – safou com dificuldade e em cima da linha, e um estupendo remate de fora da área que daria golo caso o defesa não tem tocado levemente na bola.

Destaque ainda, mesmo a terminar o 1º tempo, para uma fantástica jogada de Miguel, que após fintar 2 adversários remata à baliza para defesa apertadíssima de Mirzapour por instinto. O lateral-direito do Valência foi também um dos mais inconformados e temi quando o vi prostrado no relvado, sentimento agravado pelo facto do suplente Paulo Ferreira ter começado a fazer exercícios de aquecimento.


Depois de uma magnífica 1ª parte – para mim, a melhor desde o Euro 2004 – esperar-se-iam golos que vinculassem a esmagadora superioridade de Portugal. Figo foi quem, desde cedo, tentou concretizar o que não se conseguiu nos anteriores 45 minutos. Com o nervosismo nas bancadas a aumentar exponencialmente, o capitão arranca pela esquerda e passa por um iraniano. Faz um passe lateral para a entrada da área onde aparece Deco, que já em queda, faz um fantástico remate que se vai anichar junto ao poste direito de Mirzapour… sem hipótese de defesa! Um grande golo, certamente um dos melhores da competição!

O técnico iraniano, algo atarantado com o golo, faz de imediato 2 substituições pelo que Scolari responde com o refrescamento do meio-campo – Petit por Maniche. É certo que o Irão teve algumas oportunidades depois do golo de Deco mas nunca de forma consistente, apesar de alguma intranquilidade na zona central da defesa.

Foram uns 20 minutos finais de um autêntico show-Ronaldo. Colado no lado esquerdo pôs a “cabeça em água” aos vários defesas iranianos que só com falta o conseguiram parar. Scolari brilhantemente decidiu premiar o seu esforço com a marcação de um penalty superiormente conquistado por Luís Figo. O #17, que até nem costuma cobrar penaltys, não falhou e deu alguma justiça ao resultado. Até ao fim do jogo, foi apenas gerir o 2-0 com o mínimo esforço possível.

Destaco as exibições de Luís Figo, Miguel, Cristiano Ronaldo e Deco.


Magia e classe

Parece-me evidente considerar Luís Figo como o melhor em campo. Apesar de não ter sido tão exuberante como na 1ª jornada, o capitão foi fundamental. Para além de ter feito a assistência para o 1º golo de Portugal, foi também ele que ganhou o penalty que daria o 2-0. De destacar que neste Mundial, o #7 está em todos os golos de Portugal. É como o Vinho do Porto!
A exibição de Figo foi bastante boa, a confirmar que está numa excelente forma física e mental, com os constantes sprints e cruzamentos milimétricos. O decréscimo de produção na parte final do 2º tempo poderá ser explicado pelo cansaço – ninguém aguenta tanto esforço – e também pela entrada violenta que sofreu de Kaebi.

Com grande categoria exibiu-se o lateral-direito Miguel. O jogador do Valência, à falta de muito trabalho defensivo, foi um autêntico extremo numa espécie de regresso às origens. O #13 está feito um grandíssimo jogador e confesso que já nem me irrito com os tristes acontecimentos que levaram à sua saída do Benfica. Já passou… e por Portugal, Miguel tem feito muito. Destaco algumas jogadas individuais em que passou por vários iranianos e ainda uma manifesta infelicidade naquele remate que embate fortuitamente no keeper iraniano.


O “puto maravilha” voltou a entrar no jogo de forma algo intranquila e mostrando alguns dos tiques já visíveis contra Angola. Ainda assim, foi dos que mais lutou e dos que mais perigo criou com remates fantásticos. Depois do golo libertador, tudo mudou e apareceram fogachos de um Cristiano Ronaldo ao seu melhor nível. Foi o pânico do lado do Irão, sem capacidade para o travar nas constantes arrancadas pela esquerda, apenas o recurso à falta foi possível… ainda que, por vezes, nem com falta conseguiam. Scolari premiou-lhe o esforço com a possibilidade de se estrear a marcar de penalty. O brasileiro pôs a “carne toda no assador” mas com sucesso… o falhanço do jovem seria castrador!
Um jogo muito importante para o jogador do Manchester, já que precisamos de um Cristiano ao seu melhor nível!

O regresso do “mágico” começou por ser uma desilusão. Certamente com problemas físicos resultantes da lesão muscular que lhe afectou este início de Mundial, Deco passou ao lado do jogo no 1º tempo. Bastante lento e algo complicativo no passe que resultou em várias perdas de bola, o jogador do Barcelona ainda conseguiu uma das melhores jogadas do 1º tempo num estupendo remate, defendido estoicamente por Mirzapour.
A sua real importância na equipa veio ao de cima quando já começava a imperar algum nervosismo pela ausência de golos nacionais. O majestoso golo que fez aos 63 minutos foi de tal forma importante nesta caminhada que o eleva a um dos “homens do jogo”. Jogadores assim são imprescindíveis!


Gostei também de Costinha e de Maniche. O ataque cerrado que os ex-jogadores do Dínamo de Moscovo sofreram durante semanas – um pouco por todo o lado – converteu-se em rasgados elogios pela prestação neste jogo. A calarem muitas bocas, portanto!

A exibição de Costinha foi, mesmo, uma das melhores que já o vi fazer ao serviço da Selecção Portuguesa. Foi, de longe, o melhor homem a defender ocupando o espaço central de forma perfeita. Ajudou, como sempre o faz, no jogo aéreo nas bolas paradas e, simplesmente, cortou tudo o que havia para cortar. Foi o regresso do grande Costinha que até acabou o jogo como capitão!

A disponibilidade de Maniche foi uma das grandes surpresas principalmente pela velocidade que apresentou! O pontapé fulminante está lá e parece que fisicamente o médio pode responder a grande altura. Foi dos melhores no 1º tempo com alguns remates perigosíssimos. A partir da hora de jogo “rebentou” e foi bem substituído por Petit.

Apesar de ter tido pouco trabalho, Ricardo foi importante em determinadas fases do jogo onde o Irão tentou ser um pouco mais ofensivo. As oportunidades foram poucas mas as que houve foram bem resolvidas pelo guardião português. Demonstra grande segurança nas saídas a cruzamentos e isso é fundamental!


Menos positivas foram as exibições de Pauleta e de Fernando Meira.

O ponta-de-lança de Portugal passou ao lado do jogo. Sublimemente marcado e no meio de dois centrais iranianos, por apenas uma vez conseguiu uma oportunidade de fazer golo. Nesse lance, mesmo a terminar o jogo, nem fez remate nem passou a Simão e a jogada perdeu-se. É verdade que as bolas não lhe chegaram em condições ideais – Portugal fez, maioritariamente, remates de longe – mas Pauleta tem de estar mais em jogo se quer continuar a titular.

O central do Estugarda é um bom jogador mas tem estado demasiado intranquilo para conseguir dar a segurança necessária a colegas e adeptos. Teve muitíssimas dificuldades na marcação a Hashemian pelo que quase todos os lances perigosos dos asiáticos saíram de duelos que perdeu – maioritariamente de cabeça – com o iraniano. Teve um dos maiores falhanços que um defesa já deu neste Mundial ao deixar fugir, ficou parado inexplicavelmente, Khatibi que poderia ter empatado o jogo… valeu Ricardo a cobrir o ângulo. É, com toda a certeza e sem desprimor para o seu valor individual, o calcanhar de Aquiles de Portugal.


O seu companheiro de sector, Ricardo Carvalho, também não esteve ao seu nível. Com dificuldades para dobrar Meira, o central do Chelsea – imperial no jogo aéreo – não poderia estar em 2 lugares ao mesmo tempo e assim deixou alguns espaços que poderiam ter sido aproveitados pelos iranianos – principalmente nas bolas paradas. Que pena a lesão de Jorge Andrade, essa dupla é fantástica!

Quanto a Nuno Valente, mais do mesmo. Defensivamente irrepreensível – não me lembro de um único falhanço – com constantes dobras e marcações perfeitas, mas algo inibido no que diz respeito ao ataque. Obviamente que não podemos ter 2 laterais muito ofensivos, caso contrário a equipa fica desequilibrada mas mesmo assim ainda executou alguns cruzamentos perigosos. Não comprometeu como, já se provou, raramente o faz.

E por fim os suplentes Petit, Tiago e Simão.

Scolari deu pouquíssimo tempo de jogo aos suplentes que entraram em jogo. Apenas Petit teve alguma margem de manobra e foi, naturalmente, o que melhor se exibiu dos 3. O #8 de Portugal “tapou o buraco” que Maniche, fisicamente exausto, já tinha dificuldades em segurar e ainda teve tempo para explorar o seu explosivo pontapé de meia-distância.

Tiago e Simão tiveram pouco tempo em campo onde o seu reduzido protagonismo se deveu mais em procurar ocupar os espaços e segurar a bola.


Mais uma vergonha vinda de França

Sinceramente não entendo o que os árbitros franceses têm contra a Selecção Portuguesa. Depois de um inesquecível Marc Batta – premiado com a presidência da arbitragem da Federação Francesa – aparece este Eric Paulat que tudo tentou para complicar a vida aos portugueses. É certo que as suas acções não foram tão escandalosas como as do seu compatriota antecessor mas demonstrou um critério disciplinar completamente descabido.

A nível técnico não houve nada de demasiado evidente, visto que até assinalou – e muito bem – a clara falta para penalty. No entanto, disciplinarmente foi um desastre. As acções irregulares, por vezes brutais, da Selecção do Irão passaram muitas vezes sem punição, com destaque para a tal agressão bárbara de Hosein Kaebi a Luís Figo. O jogador português ficou, inclusivamente, com uma grande e perfeitamente visível, marca no rosto. Também Ronaldo foi bastante castigado sem qualquer admoestamento aos prevaricadores.


A falta que dá origem ao cartão amarelo de Deco existe mas não passa de um pé-em-riste que deveria ter dado origem a livre indirecto. Como é possível que não tenha visto a entrada brutal a Figo e tenha marcado falta neste lance?!

Muito trabalho para os árbitros-auxiliares que, no que diz respeito aos foras-de-jogo, estiveram bastante bem. A decisão de anular o golo a Cristiano Ronaldo foi, de facto, bem tomada tal como a anulação da jogada do remate ao poste da baliza de Ricardo. No entanto, poderiam e deveriam ter elucidado o seu chefe de equipa nalguns lances que passaram incólumes, principalmente nas laterais da área iraniana.


40 anos depois…

Muitos já não sabem onde se enfiar… é escavar um buraco e enfiar a cabeça na areia porque com a qualificação para a 2ª fase do Mundial já garantida – 40 anos depois de 1966 e ainda com tudo em aberto para outros voos – Portugal já fez o seu 2º melhor resultado de sempre nesta competição.

Esta vitória também coloca Scolari ainda mais no topo em virtude do facto de ser o treinador que, em Mundiais, conquistou mais vitórias consecutivas desde sempre – um total de 9 – quebrando um recorde com 68 anos que ainda pertencia ao italiano Vittorio Pozzo – Campeão em 1934 e 1938. Curiosamente Scolari tem tantas vitórias em Mundiais como as que tem a Selecção Portuguesa em toda a história.

O técnico brasileiro, com apenas duas presenças, subiu ao 3º lugar dos técnicos com mais vitórias em Mundiais de Futebol apenas ultrapassado pelo alemão Helmut Schön (16 vitórias em 4 presenças) e pelo brasileiro Mário Zagallo (13 vitórias em 3 presenças). O alemão Josef Herberger e o italiano Vicenzo Bearzot têm também 9 vitórias embora o primeiro tenha 4 presenças e o segundo tenha 3, portanto menor rácio que “Felipão”.

Scolari, ao comando de Portugal, aumentou ainda os seus anteriores recordes de vitórias consecutivas (15), de vitórias conquistadas (29), sendo agora o seleccionador com maior número de jogos no comando (45, ultrapassando os 44 de António Oliveira).


Ainda antes do confronto dos 8ºs de Final, há um confronto com o México, que penso ser importante vencer. A vitória ou o empate assegurará o 1º lugar do grupo que possibilitará defrontar Holanda ou Argentina na próxima fase. Quer holandeses, quer argentinos formam excelentes equipas embora o “país das pampas” esteja numa forma fulgurante. Tradicionalmente temos mais alegrias com holandeses mas, neste tipo de jogos, a história conta muito pouco.


Histórico frente à Argentina (não há confrontos há 34 anos)

1928: 0-0 num jogo amigável, disputado em Lisboa

1952: 1-3 num jogo amigável, disputado em Lisboa (Manuel Vasques fez o golo português)

1954: 1-3 num jogo amigável, disputado em Lisboa (Travassos fez o golo português)

1961: 0-2 num jogo amigável, disputado em Lisboa

1964: 0-2 num jogo amigável, disputado no Rio de Janeiro

1972: 3-1 no Torneio de Independência do Brasil, disputado no Rio de Janeiro (Adolfo Calisto, Eusébio e Dinis fizeram os golos de Portugal)

Saldo: 6 J – 1V – 1E – 4D – 5 golos marcados/11 sofridos



Histórico frente à Holanda

1990: 1-0 na qualificação para o Euro 1992, disputado no Porto (Rui Águas fez o golo da vitória)

1991: 0-1 na qualificação para o Euro 1992, disputado em Roterdão

1992: 2-0 num jogo amigável, disputado em Faro (Golos de Oceano e César Brito)

1995: 1-0 num jogo amigável, disputado em Eindhoven (O tal golaço de Pedro Barbosa)

1999: 0-0 num jogo amigável, disputado em Paris

2000: 2-0 na qualificação para o Mundial 2002, disputado em Roterdão (Golos de Sérgio Conceição e Pauleta)

2001: 2-2 na qualificação para o Mundial 2002, disputado no Porto (Marcaram Jimmy Hasselbaink e Patrick Kluivert para a Holanda; Pauleta e Figo de g.p, no último minuto, fizeram os golos lusos)

2003: 1-1 num jogo amigável, disputado em Eindhoven (Simão Sabrosa empatou o jogo depois de Patrick Kluivert ter adiantado o marcador)

2004: 2-1 nas Meias-Finais do Euro 2004, disputado em Lisboa (Marcaram Cristiano Ronaldo e Maniche para Portugal; Jorge Andrade na p.b. fez o golo holandês)

Saldo: 8 J – 5V – 2E – 1D – 11 golos marcados/5 sofridos


Fonte: RSSSF


Tendo em conta que há jogadores em risco de suspensão – os amarelos são limpos na próxima fase – é previsível que haja alterações no 11 inicial frente aos mexicanos. Não há a necessidade estar a arriscar a presença desses mesmos jogadores e por isso Scolari deverá apostar nalguns suplentes menos utilizados com a esperança que apareça um “Sérgio Conceição” como no Euro 2000.

Força Portugal!



NDR: Bastante curiosa a troca de galhardetes entre os capitães de equipa na cerimónia de moeda ao ar. Já tinha assistido no jogo do Irão com o México e revi de novo: um lindíssimo tapete emoldurado que irá, concerteza, para a sede da Federação Portuguesa de Futebol.

No Encarnados tenho estado a fazer fotoreports de todos os dias do Mundial com as melhores fotos diárias. Quem tiver curiosidade e gostar de fotografia – eu adoro – apareça por aqui.

Ficha do jogo:

Campeonato do Mundo - Grupo D (2ª jornada)

Waldstadion em Frankfurt

Árbitro: Eric Poulat (França).

PORTUGAL: Ricardo; Miguel, Fernando Meira, Ricardo Carvalho e Nuno Valente; Costinha e Maniche (Petit, 67 m); Luis Figo (Simao Sabrosa, 88 m), Deco (Tiago, 81 m) e Cristiano Ronaldo; Pauleta;

Treinador: Luiz Felipe Scolari

IRÃO: Mirzapour; Hossein Kaebi, Golmohammadi (Bakhtiarizadeh, 89 m), Rezaei e Nosrati; Nekounam e Teymourian; Mahdavikia, Karimi (Zandi, 65 m) e Madanchi (Khatibi, 66 m); Vahid Hashemian;

Treinador: Branko Ivankovic

Disciplina: Amarelos a Nekounam (20 m), Madanchi (32), Pauleta (45 m), Deco (48 m), Costinha (61 m) Kaabi (73 m) e Golmohammadi (87 m);

Golos: 1-0, Deco (63 m); 2-0, Cristiano Ronaldo (80m de g.p.).

Fotos: AFP – Getty Images


#publicado em simultâneo com os
Encarnados