quarta-feira, maio 25, 2005

O REENCARNADO QUE REENCARNOU

Na quarta-feira à noite, dia 2005-05-18, estava eu a ver um filme do James Bond, com interpretação do Sean Connery no principal papel, "From Russia with Love", quando recebi a notícia da derrota do Sporting Clube de Portugal na final da Taça UEFA 2005.

De facto, ser "Sportinguista" neste ano de 2005, deve ser uma grande frustração: tinham o melhor presidente (que ainda não se lembrou de dizer que Moscovo não fica na Europa e que, sendo a Taça UEFA uma competição europeia, o CSKA não devia ser detentor do troféu e que o sistema continua a funcionar, etc., etc.), o melhor treinador, o melhor plantel, o melhor conjunto, as melhores individualidades, o melhor goleador, o melhor guarda redes (pelo menos é aquele que defende as "cores" da selecção nacional), o melhor ataque, o melhor público (tenho que admitir que as meninas que aparecem nas imagens da televisão nas bancadas de Alvalade são em geral "interessantes", como deu para ver no final do jogo a madame Figo), foram a equipa que melhor futebol praticou em praticamente todos os jogos desta época e, por incrível que pareça, não ganhou rigorosamente nada no final (a não ser, à data de 2005-05-18, a garantia de presença na pré eliminatória na liga dos campeões na próxima época, o que também tem o seu mérito).

Mas então, a questão que fica é: como é que é possível o Sporting Clube de Portugal não ter ganho nada?
É um fenómeno interessante, cuja causa julgo já vir do tempo da construção dos estádios para o EURO 2004. Como já puderam constatar, o estádio de Alvalade é um estádio multicolorido, cheio de cores variadas, mas que, por mais que procurem, provavelmente só encontrarão vermelho, no sangue expelido de seres humanos, quando os mais exaltados da prezada claque do Sporting Clube de Portugal, que canta desde 1976 segundo eles, decidem tornar-se uns arruaceiros e andar todos à pancadaria.

O Sporting Clube de Portugal é portanto uma equipa que está habituada a trabalhar num ambiente de muitas cores, com excepção duma: a vermelha.

Nesta época em que o Sporting Clube de Portugal começou muito mal o campeonato (à quinta jornada só havia ganho um jogo), chegou a 2005 01 08 e venceu em casa o seu eterno rival da Luz por 2-1, com dois golos do Sr. Resolve.

Entretanto, por ironia do destino, ou não, ditava a sorte que no mesmo mês, os dois clubes se haveriam de reencontrar, mas desta vez no inferno da Luz, para um jogo a contar para a sexta eliminatória (oitavos de final) da Taça de Portugal, marcado para dia 26.

Assistiu-se a um frenético jogo de futebol, onde aos 22 minutos de jogo, o marcador já se encontrava em 2-2. No primeiro jogo de "matar ou morrer" em que o Sporting Clube de Portugal participava, este acabaria por ser "morto" nas grandes penalidades por 7-6. De facto, defrontava um clube que equipava de vermelho, e perdia assim a sua primeira competição do ano.

Como é óbvio, a Taça de Portugal é sempre uma competição de menor importância, face às outras em que o Sporting Clube de Portugal ainda estava a disputar.

Chegou então o dia 2005-02-24, onde o Sport Lisboa e Benfica defrontava em casa, na segunda mão dos dezasseis avos de final da Taça UEFA 2005, uma equipa vinda de leste, que já os havia batido na primeira mão por 2 0. Para grande regozijo dos fervorosos adeptos e simpatizantes do Sporting Clube de Portugal (ou do também famoso clube Anti Sport Lisboa e Benfica), o Sport Lisboa e Benfica acabava por empatar em casa por 1 1, sendo bem eliminado
frente aos futuros vencedores da Taça UEFA 2005.

Voltando às lides nacionais, o Sporting Clube de Portugal encetou uma grande recuperação no campeonato, tendo chegado à penúltima jornada em primeiro lugar, com igualdade pontual com o Sport Lisboa e Benfica e, por incrível que pareça, voltava a deslocar-se à Luz para um jogo em que podia ser de tudo ou nada nas contas do título. O Sporting Clube de Portugal até podia sagrar se campeão se vencesse nesse dia 2005 05 14. Infelizmente para as
hostes leoninas, acabaram por, de novo, ficar afectados pela fatídica cor, que já os havia ensombrado ou assombrado, e o principal afectado foi o futuro gerente da churrasqueira do Campo Grande, Ricardo de seu nome (que, segundo consta, já é muito cobiçado pelos Frangos da Guia).
Uma vez mais, o vermelho estava no caminho dos leões e, colocava-os de for a de mais um possível troféu nesta época, por intermédio de um golo solitário do pior defesa central a actuar em Portugal (provavelmente a posição em que melhor joga é mesmo a avançado centro!). Por mais justificações que arranjem, a razão principal da derrota foi mesmo a atitude da equipa visitante em campo: ganhou aquela que mais quis ganhar.

Para culminar a época, os leões tinham o confronto da final da Taça UEFA 2005 para salvar a sua honra. Todos os factores indicavam que o Sporting Clube de Portugal estava prestes a fazer história ao atingir uma final europeia, coisa que já não fazia há 41 anos. Para mais, essa final iria ser disputada no seu magnífico estádio, repleto de apoiantes verde e brancos, diante de uma equipa que ainda não tinha ganho um único jogo fora de casa esta época na dita Taça UEFA. Além disso, ainda tinham o Sr. Resolve de regresso às tropas, pronto a fulminar os pupilos do exército adversário.

Mais uma vez, o vermelho "reencarnou" e desferiu o golpe fatal na equipa de Alvalade. Quando se aperceberam, os lagartos estavam a defrontar a equipa do "exército vermelho" de Moscovo, que também equipava de vermelho e que foi premiada pela organização, pela eficácia, pela falta de pernas dos adversários e pelo magnífico trabalho da dupla Peseiro/Ricardo.

O Sporting Clube de Portugal acabou assim uma época de ouro sem ter ganho rigorosamente nada.
O sonho desfez-se e o pesadelo vermelho veio à tona. Talvez o problema tivesse sido resolvido se o Sr. Arqt.º que projectou o estádio, tivesse colocado umas publicidades fixas à Coca-Cola ou à Super Bock, para os jogadores se habituarem ao vermelho.

De qualquer forma, os "Sportinguistas" não devem ficar desanimados pois conseguiram este ano ser campeões nacionais de tiro à bala. Se fossem defrontar o exército vermelho com estes atletas, talvez se safassem melhor!

Via marvermelho@gmail.com, por Ricardo Rocha da G-Brigade, de autor para já desconhecido.