domingo, novembro 11, 2007

Crónica 10ª Jornada - "Há Coisas Fantásticas, Não Há?!"

Certamente que a maioria até nem estava à espera, eu confesso que não estava, mas foi um daqueles fins-de-semana onde o sorriso começa no final da Sexta-Feira, e só acaba no Domingo. Futebolisticamente, melhor seria muito difícil: grande cabazada ao Boavista e com nova exibição de luxo de Cristián Rodríguez, derrota humilhante do Sporting em Braga e um inesperado empate do FC Porto na Amadora, onde até chegou a ter dois golos de avanço. Isto, claro, contando com os tais 4-2 dos prodigiosos, e invictos, miúdos do Seixal. O que queriam mais?! A nível desportivo há, ainda, a destacar a indiscutível vitória frente ao FC Porto, em Andebol, e sobre o Valongo, em Hóquei em Patins. Com a equipa de Futsal sem competir devido ao Euro 2007, e a de Basquetebol fora da Liga Profissional, só a equipa de Voleibol baqueou, frente ao Sporting de Espinho, naquele que foi um disputadíssimo confronto de líderes. E foi por muito pouco que não se conseguiu o pleno!

O jogo frente ao Boavista foi, desde já, uma grande partida de futebol. Uma das melhores que vi este ano, sem dúvida. O Boavista bateu-se bastante bem, principalmente na 1ª parte, e, apesar de muito mal classificado, valorizou a goleada do Benfica. O Benfica até entrou mal na partida, permitindo o controlo de jogo ao adversário e sofrendo alguns sustos perante a velocidade estonteante do célebre Mateus, que não tem só nome, e os remates perigosos de Jorge Ribeiro. Com a indiscutível dupla de avançados, Cardozo e Nuno Gomes, algo apática, o Benfica apostava na classe de Cristián Rodríguez e nos passes longos de Rui Costa. Léo teve bastantes dificuldades perante Zé Kalanga, tal como Luís Filipe perante Mateus, e, como Binya se mostrou claramente afectado pela polémica sobre o seu comportamento em Glasgow, a equipa teve algumas dificuldades no sector defensivo. Katsouranis fez mais um grande jogo mas o poder físico do meio-campo do Boavista, e a confrangedora inoperância da dupla da ala direita encarnada, complicou bastante a tarefa da equipa da casa.

O primeiro golo acaba por surgir de forma algo fortuita, e na primeira grande oportunidade de golo para o Benfica. Nuno Gomes com a tabelinha, Rui Costa com a finta deliciosa e o passe açucarado, e Cardozo com a finalização de classe. Os 3 craques a fazerem aquilo que se lhes pede… um golo para a enciclopédia da Luz! Se tudo indicava que se poderia partir para um jogo tranquilo, saiu tudo ao contrário. O Boavista puxou dos galões e tem 3 ou 4 grandes oportunidades para fazer a igualdade, respondendo o Benfica com um cabeceamento perigosíssimo de Luisão. De verdadeiramente anedótico fica aquele lance onde Luís Filipe tenta ganhar um canto e entrega a bola a Mateus, que por pouco não consegue encontrar Fary, para o empate.

Depois de um golpe de peixe de Nuno Gomes, um pouco ao lado e a abrir a 2ª parte, é Zé Kalanga que acaba por ter influência directa no resto do jogo. Comete uma falta disparatada sobre Léo, já tendo amarelo por um protesto caricato, e é expulso inevitavelmente. Não adianta Jaime Pacheco vir com a história das velinhas porque, para além de ter sido beneficiado nalguns lances do jogo, a expulsão do angolano é clara. Mesmo com 10 jogadores, em novo disparate de Luís Filipe, o Boavista empata o jogo num grande golo de Jorge Ribeiro, após sprint de 40 metros de Mateus. O Benfica “acordou” de imediato e, apenas 3 minutos depois, Léo constrói o bonito golo de estreia de Maxi Pereira. Aqui, sentiu-se claramente que o Benfica iria vencer a partida. Sentimento reforçado com o 3-1, de Rodríguez, 4 minutos depois. Com o vencedor encontrado, o Boavista até chegou a acertar no poste, deu-se um massacre encarnado e mais 3 golos acabaram por destruir a defesa do Boavista.

A nível individual o destaque vai, obviamente, para Cristián Rodríguez: uma assistência para golo, um penalty ganho, e um golo marcado, é o pecúlio do uruguaio. É um jogador que caiu logo no goto, em virtude da sua velocidade, raça, e técnica individual. É um daqueles craques à Benfica, que dão aquela pontinha de qualidade extra à equipa. É urgente encontrar uma solução para adquirir o seu passe pois, neste momento, é o jogador do Benfica que mais brilha. Tem um Futebol que faz lembrar o de António Pacheco. Mas não é pelo bonito golo que Maxi Pereira passa a ser um jogador de grande qualidade. Quanto a mim, esta equipa tem dois elementos que estão a mais, independentemente da posição que ocupam: Luís Filipe, o mais óbvio, e Maxi Pereira. Nesse aspecto estou em desacordo com Camacho. Maxi Pereira como lateral é tão mau como Luís Filipe, ou talvez pior porque é mais baixo e não tem jogo de cabeça. A lesão de Nélson tem condicionado a ala direita, é verdade, mas para extremo não há ninguém.

Notas muito positivas, também, para Rui Costa e Nuno Gome. O capitão do Benfica está em excelente forma e já conta 5 golos no Campeonato. Curiosamente já tem mais golos que Liedson e, não contando com os 4 tentos irregulares de Lisandro, até lideraria a tabela dos melhores marcadores. Quem diria, no início de época? Léo e Katsouranis continuam em alta, mesmo tendo em conta aquela perda de bola do grego que quase dava um golo ao adversário. Compreendo porque foi dada a oportunidade, para marcar o penalty, a Bergessio. Infelizmente, o que poderia ser um bom momento vai ainda piorar as coisas. Boa entrada em campo de Di Maria.

Em relação à arbitragem, infelizmente, há muito para escrever. Paulo Paraty é, indiscutivelmente, um péssimo árbitro e mais uma vez cometeu erros em catadupa. Algo caricatos, os últimos 10 minutos da 1ª parte, onde, sem exagero, ficaram por assinalar umas 4 faltas laterais a favor do Benfica. Nada de grave, no entanto, mas deu para irritar. Lances capitais houve muitos, nem todos com o juízo correcto. Na 1ª parte há 3 lances para possível penalty, que não me parecem existir. O primeiro é uma jogada dividida entre Rodríguez e Rissut, com o brasileiro a cair na área do Benfica mas de forma muito forçada. A tal mão na bola de Ricardo Silva, após um ressalto de bola, não me parece faltosa e ainda há um agarrão mútuo, antes de uma bola parada, entre Luís Filipe e Fary. O locutor da SportTV diz que é falta mas esqueceu-se de ver a mão de Fary na camisola do lateral do Benfica. Nada de novo, portanto.

Muito se falou na entrada de Katsouranis que lesionou Anderson mas, neste jogo, houve duas entradas muito piores e uma delas até incapacitou Óscar Cardozo: Rissut em Katsouranis, e o grego até ficou no chão a ser assistido, e Ricardo Silva no paraguaio. Na 1ª nem foi assinalada falta, e faltou o amarelo, enquanto que na 2ª só poderia sair o cartão vermelho e nunca a "lei da vantagem". Os dois penaltys, a favor do Benfica, parecem-me bem assinalados mas será que a cor do cartão foi a correcta? Marcelão agarrou Nuno Gomes e era o último defesa, Jehle não fez o mesmo que Quim contra o Marítimo? Pois, talvez houvessem defesas por perto mas Rodríguez estava a três metros da baliza. Passou despercebido, mas Fleurival agarrou Rui Costa na jogada que dá o 3-1, de cabeça, a Cristián Rodríguez. Não deveria ter sido mostrado um cartão ao jogador boavisteiro? E dá-se a lei da vantagem dentro da área? Não há falta de Luís Filipe sobre Edgar antes do 5-1, de Nuno Gomes, as imagens televisivas são claras.

A Camacho os críticos só têm que lhe dar mais algum tempo de tolerância, tendo em conta todas as contrariedades que encontrou no seu regresso. Ainda por cima sem os 3 melhores jogadores do 3º lugar da temporada passada, a condicionarem a qualidade da equipa. O que mais tenho gostado neste Benfica 2007/08, ao contrário do que era normal no Benfica de Fernando Santos, é dos minutos finais das partidas. Não só há mais raça e mais vontade, à Camacho, como fisicamente se está muito melhor. E isso também tem a ver com o novo Preparador Físico, obviamente. Mas e que tal recordar o que se disse quando o Benfica foi empatar a Braga? O que não deixou de ser um bom resultado, como se sabe. Pois, o Sporting acabou por encaixar a mesma chapa 3 que o Benfica lá tinha levado com Fernando Santos. São estas pequenas/grandes coisas!

Tão bom quanto esta jornada de Liga acaba por ser a paragem para os dois jogos da Selecção. Nada melhor do que sair de cena quando se está no topo, deixando os outros a pensar nos seus desaires. Como já disse algumas vezes, o importante será conseguir manter a distância para o 1º lugar, e se possível diminuí-la, para o reforço da equipa em Dezembro/Janeiro possibilitar o ataque ao título. A recepção ao FC Porto terá um carácter decisivo nesse aspecto, visto que falta apenas uma jornada para o clássico. Na minha opinião, o Sporting, muito dificilmente, se intrometerá nesta luta a dois. Em Coimbra, e no Dragão frente ao Setúbal, está o próximo capítulo.

NDR: Fernando e Luís Aguiar falharam o encontro da Reboleira por lesão. O brasileiro, titular indiscutível na equipa de Daúto Faquirá, lesionou-se no último treino antes do jogo. Nem assim conseguiram vencer, mas fica a nota que a vergonha continua na mesma. Não se iludam!

Já viram esta entrada assassina? Não foi o Binya, e nem houve, sequer, um amarelo. Por onde anda a malta dos sumaríssimos? Quaresma, Bruno Alves… e Ricardo Silva agradecem!

Gostei dos assobios a Edgar, apenas tenho pena que não tenham sido mais veementes. E Jorge Ribeiro não merecia o mesmo tratamento, ou andam esquecidos?

Podem ver o resumo do jogo, aqui. O vídeo é da bS7.


Ficha do Jogo:

10ª Jornada da Liga BWin

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Paulo Paraty (AF Porto)

SL BENFICA: Quim; Luís Filipe, Luisão, Katsouranis e Léo; Maxi Pereira (Di Maria, 68 m), Binya, Rui Costa (Romeu Ribeiro, 86 m) e Cristián Rodríguez; Nuno Gomes e Óscar Cardozo (Gonzalo Bergessio, 77 m).

BOAVISTA FC: Peter Jehle; Rissut, Ricardo Silva, Marcelão e Bruno Pinheiro; Fleurival, Diakité e Jorge Ribeiro (Laionel, 75 m); Zé Kalanga, Fary (Edgar, 62 m) e Mateus (Bangoura, 81 m).

Disciplina: Amarelos a Zé Kalanga (27 m e 55 m), Léo (49 m), Marcelão (84 m) e Jehle (90+1 m). Vermelho, por acumulação de amarelos, a Zé Kalanga (55 m).

Golos: 1-0, Cardozo (17 m); 1-1, Jorge Ribeiro (57 m); 2-1, Maxi Pereira (61 m); 3-1, Cristián Rodríguez (66 m); 4-1, Ricardo Silva (80 m, na p.b.); 5-1, Nuno Gomes (84 m, de g. p.); 6-1, Nuno Gomes (88 m).

#Fotos: SerBenfiquista

#adicionado a
Crónicas 07/08

#publicado em simultâneo com o
Encarnados