A história dizia que já várias vezes o Milan espetou a farpa ao Benfica, duas delas em Finais da Taça dos Campeões. Com os italianos em mau momento no Campeonato, e com um Benfica em fase de enorme crescimento, seria de esperar uma grande oportunidade para vencer o actual Campeão Europeu. O problema é que o Milan da Série A não é o mesmo Milan da Champions League, para melhor. O Benfica entrou em campo de forma desastrada, nervosa, trapalhona e os italianos aproveitaram para mandar no jogo, criar várias oportunidades e… marcar. Nada surpreendente, claro está, tendo em conta a qualidade intrínseca da equipa milanesa. Reparem em Nesta, Seedorf, Gatusso, Gilardino e Pirlo, o patrão, que faz um golo soberbo. Fantásticos, não são?
Camacho optou pela equipa mais óbvia, o seu 4-2-3-1, sendo Nuno Gomes o único avançado de raiz. Cristián Rodríguez, Maxi Pereira e Petit regressaram ao 11, e formaram aquela que me parece ser, no momento, a melhor equipa possível do Benfica 2007/08. Luís Filipe à parte, evidentemente. A mecanização deste 11 parece-me bastante positiva, sendo que a reacção ao golo adversário foi quase imediata. E o que dizer da obra-prima de Maxi Pereira? O uruguaio até já tinha tentado algo do género anteriormente, mas saiu muito mal, e com aquele remate genial consegue obter um dos melhores golos da jornada europeia e, consequentemente, um dos melhores já marcados esta época, no palco da Luz. O golo uruguaio, esplendoroso, galvanizou o Benfica e atirou a equipa para uma restante primeira parte de grande qualidade. Acredito que o Milan também tenha optado por uma posição de maior prudência, mas isso não invalida a excelente exibição da equipa da casa.
Kaká foi, sempre, o jogador mais em foco do adversário. Não por ter feito uma magnífica exibição, porque isso até não aconteceu, mas porque o Benfica não tem nenhum jogador com um pique que dê para o acompanhar em velocidade. Luís Filipe foi autenticamente trucidado pela velocidade e técnica estonteantes do brasileiro e, só com a ajuda de Petit, Luisão e David Luiz – todos com exibições de alto quilate –, foi possível aguentar o genial brasileiro. Atrevo-me a dizer que com um Rodríguez ao seu nível, o Benfica teria saído vencedor da partida. O brilho uruguaio, ao contrário do que tem sido habitual, esteve todo do lado do colega menos categorizado. Maxi Pereira fez uma exibição verdadeiramente espantosa, e não o foi só pelo genial golo já mencionado. Veloz, desembaraçado, acutilante e, principalmente, com uma raça bem ao estilo sul-americano. A sua exibição teria sido de sonho, caso tivesse conseguido o 2-1, a roçar o intervalo, após assistência primorosa de Nuno Gomes.
E o capitão também esteve em bom plano, respondendo na mesma moeda ao seu colega, num remate em rotação depois de um grande trabalho do #14. Estávamos já na 2ª parte e foi essa a melhor oportunidade de golo encarnada, nesse período. O Milan, nos minutos finais, mostrou o tal cinismo italiano mas Quim, e a defesa, controlaram tudo com maior ou menor dificuldade. O problema deste Benfica, e que está directamente relacionado com a pouca produtividade das unidades atacantes, mantém-se na finalização. Nuno Gomes, já sabemos, não é o tal finalizador, Cardozo tem sido quase uma nulidade, Mantorras desapareceu e Bergessio não me parece ser jogador com qualidade para cá estar. Yu Dabao ainda está verde. O Benfica continua com um deficit gritante na hora de empurrar as bolas para a baliza e isso, contra estas equipas, paga-se caro.
Camacho arriscou com as substituições mas Cardozo e Di María nunca apresentaram futebol de bom nível e Adu, na minha opinião, terá entrado demasiado tarde. Boa arbitragem de Herbert Fandel, mas com algumas decisões incompreensíveis, embora sem erros em lances capitais. Bom trabalho da equipa auxiliar, apenas com um erro num fora-de-jogo de Nuno Gomes. O empate final, ao fim ao cabo, acaba por ser algo injusto e ainda mais se torna quando significa o afastamento prematuro da Champions League. Mas é verdade que não foi aqui que o Benfica esteve mal, mas sim na derrota em casa com o Shaktar e, porventura, no desaire na Escócia. Complicado será garantir o apuramento para a UEFA na Ucrânia, algo que só um grande Benfica terá possibilidade. Mas, para já, há que repetir, no Sábado, a humilhação que o FC Porto sofreu em Liverpool. Pois, ganhar na terra dos Beatles não é para todos!
NDR: Resposta de Léo, de luva branca, aos detractores. Grande jogo do "Maradoninha", urge renovar-lhe o contrato! É precisamente este erro clamoroso que falta a esta Direcção, para que a sua Gestão Desportiva se confirme um perfeito desastre.
Ficha do Jogo:
5ª Jornada da Fase de Grupos da Champions League
Estádio da Luz, em Lisboa
Árbitro: Herbert Fandel (Alemanha)
SL BENFICA: Quim; Luís Filipe (Di María, 74 m), Luisão, David Luiz (Freddy Adu, 87 m) e Léo; Petit e Katsouranis; Maxi Pereira, Rui Costa e Cristián Rodríguez; Nuno Gomes (Óscar Cardozo, 74 m).
AC MILAN: Dida; Bonera, Alessandro Nesta, Kaladze e Serginho (Paolo Maldini, ao int.); Brocchi, Andrea Pirlo e Gennaro Gattuso (Gourcuff, 50 m); Clarence Seedorf (Massimo Oddo, 72 m), Gilardino e Kaká.
Disciplina: Amarelos a Kaladze (36 m), Serginho (40 m), Petit (67 m) e Maldini (79 m).
Golos: 0-1, Pirlo (14 m); 1-1, Maxi Pereira (19 m).
#Fotos: AFP-Getty Images
#adicionado a Crónicas 07/08
#publicado em simultâneo com o Encarnados
#Video: BenficaTVdotcom