Poderia começar por dizer que este jogo nem sequer se devia ter disputado, e já há vários anos que defendo que o Benfica deve abandonar o terreno de jogo, nos Clássicos, enquanto os dirigentes do FC Porto estiverem acusados judicialmente de o prejudicar de forma ilícita. A pena desportiva, que impediria estes Clássicos na Liga Bwin durante vários anos, tarda em ser aplicada e, porventura, nunca o será. Tudo isto na maior tranquilidade e com a conivência, e complacência, da Comunicação Social Portuguesa. Poderia, ainda, mencionar a conhecida, e muito obscura, História recente do FC Porto. História essa que possibilitou um brutal agigantamento, Nacional e Europeu, absolutamente sufocante para o quadro competitivo desportivo. O que era, antes, tripartido divide-se, agora, em FC Porto e, raramente, todos os outros concorrentes. Mas não é esta temática dolorosa que quero para a crónica deste jogo. Isso ficará para outra oportunidade!
O que interessa abordar, no momento, é a prestação da equipa do clube a que este blog faz homenagem. O que todos vimos foi, possivelmente, a pior exibição da época e, como sabemos, neste tipo de confrontos, com grandes equipas, esse factor é decisivo. O Benfica esteve muito mal como conjunto e, pasmem-se, absolutamente miserável individualmente. Tão miserável que se tornaria fastidioso alongar a habitual análise individual. Escapará, ao confrangedor desastre, o guarda-redes Quim. Sobre Luís Filipe e Nuno Gomes já escrevi que chegue ao longo dos últimos tempos, mas o que me surpreendeu, pela negativa, foi a postura em campo de Léo e David Luiz. Fizeram, ambos, a pior exibição de sempre pelo Benfica e disso a equipa ressentiu-se imenso… principalmente na 1ª parte! O que vimos, neste caso não vimos, reflecte a imensa pressão incutida a esta equipa. Algo que não foi possível ultrapassar, o que acaba por ser uma surpresa tendo em conta que Camacho é o treinador.
O Benfica até entrou bastante bem no jogo, dando a ideia que iriam aparecer os saudosos
15 minutos à Benfica. E eles apareceram em versão moderna, o que subentende pior, mas com um deficit gritante na finalização. Logo no 1º minuto, Nuno Gomes aparece isolado mas permite a recuperação de Pedro Emanuel… e o lance só dá canto. E a primeira parte do Benfica, em jogo corrido, foi apenas isto. O FC Porto acabou por conseguir assumir as despesas do jogo e deixou o Benfica a ver jogar até ao intervalo, acabando por marcar na sua 3ª grande oportunidade de golo – já Tarik tinha rematado ao lado do poste (32 m), e Lisandro permitido a defesa de Quim (41 m). Na segunda-parte, o Benfica, jogando em casa, aproveitou o recuo do adversário e impôs o seu futebol, apenas sofrendo alguns calafrios em contra-ataques esporádicos. Apareceram várias oportunidades mas Hélton, ou o desacerto dos avançados
encarnados, impediram o empate. Freddy Adu teve, mesmo, a melhor oportunidade da 2ª parte mas o remate foi bem
blocado pelo guarda-redes brasileiro (78 m).
No entanto, factualmente, o que decidiu o jogo, e provavelmente o Campeonato, foi o golo de um jogador que, a bem da Verdade Desportiva,
nem sequer devia ter jogado. Para quem por cá anda não é nada de anormal, portanto. Eu tenho um dedo que adivinha estas coisas! Quaresma foi o melhor em campo para toda a Imprensa Desportiva, e marcou o único golo do encontro. Se o FC Porto venceria na mesma sem Quaresma, nunca saberemos, mas quero desculpar a má exibição do Benfica, com este lance? Não. Quero desculpar a miserável Gestão Desportiva da actual Direcção do Benfica, com este lance? Não. Quero desculpar erros individuais de jogadores e até treinador, com este lance? Não. Mas é indesmentível que o Clássico, decidido desta forma, terá impacto profundo no restante Campeonato. Obviamente que limita a possibilidade real, de conquista, do Benfica e fomenta a tranquilidade do FC Porto, na conquista desse objectivo! É a história da tal “almofada”, no início das épocas, que já conhecemos.
Na minha opinião, a arbitragem de Jorge Sousa, sócio efectivo do FC Porto e arguido do Apito Dourado, acabou por não ter um carácter tão decisivo como seria de esperar, visto que houve erros para ambos os lados. Passaram impunes algumas entradas duras, mas nada para expulsão, e até há dois lances polémicos dentro da área mas que foram, efectivamente, bem resolvidos. São lances muito semelhantes, com contacto entre jogadores, mas onde há mais um aproveitamento da situação do que uma falta evidente. Falo, claro está, da situação entre David Luiz e Lisandro López, e entre Di Maria e Jorge Fucile. Nada de relevante a nível do fora-de-jogo e apenas uma ou outra falta não assinalada, uma delas à entrada da área do FC Porto que foi marcada ao contrário. Seria bom poder dizer isto de todos os grande jogos da Bwin, infelizmente não é.
O mau jogo que o Benfica fez ontem, não me faz esquecer os 6 penaltys não assinalados a favor do Benfica – 3 deles com implicação directa nos pontos obtidos - ou a quantidade obscena de golos irregulares do FC Porto. É perfeitamente normal, depois dos Clássicos, ser tudo relativizado e, a maioria, reconhecer a "qualidade" do FC Porto. É assim há tantos anos que não é novidade. Mas, raramente, são os Clássicos/Derbys a resolver o campeonato. Sim, parecem desculpas dos derrotados. Também era assim que eram tratados os que durante décadas lutaram contra a Máfia. Agora, prova-se que não é assim! Que o Benfica fez uma exibição suicida toda a gente viu, mas nunca um clube baseado na corrupção terá o meu reconhecimento. Apontar as falhas do Benfica é a nossa obrigação como benfiquistas. Agora, para elogiar e felicitar bandidos não contem comigo.
NDR: Pela primeira vez na história da televisão portuguesa, neste caso da SIC, foi transmitida uma reportagem de aproximadamente 3 minutos com 12, repito 12, insultos aos adeptos do Sport Lisboa e Benfica. Nunca, em período tão curto, foi possível apresentar tal feito. Brilhante trabalho de edição de imagem e som, de facto. Aposto que o SLB SLB, Filhos da… nunca teve tanta difusão. Mas não inovem muito, está bem? Se é para isso que tal, em vez do Guilherme Aguiar, contratarem um desses SD’s. Assim, durante duas horas e meia, será possível enxovalhar meio Portugal, em directo e de forma ininterrupta.
Ficha do Jogo:
12ª Jornada da Liga BWin
Estádio da Luz, em Lisboa
Árbitro: Jorge Sousa (AF Porto)
SL BENFICA: Quim; Luís Filipe, Luisão, David Luiz e Léo; Petit e Katsouranis (Cardozo, 64 m); Maxi Pereira (Di María, 70 m), Rui Costa e Cristián Rodríguez; Nuno Gomes (Freddy Adu, 78 m).
FC PORTO: Hélton; Bosingwa, Bruno Alves, Pedro Emanuel e Fucile; Lucho Gonzalez, Paulo Assunção e Raúl Meireles (Bollati, 80 m); Tarik Sektioui (Hélder Postiga, 60 m), Lisandro López e Ricardo Quaresma (Mariano González 68 m).
Disciplina: Amarelos a Fucile (43 m), Tarik (52 m), Katsouranis (62 m), Di María (75 m) e Helton (86 m).
Golos: 0-1, Quaresma (41 m).
#Fotos: AFP-Getty Images e Reuters