domingo, novembro 19, 2006

Crónica 10ª Jornada - "1,2,3... diga lá outra vez!"


Nada de novo, portanto! Mais uma deslocação do Benfica e nova derrota copiosa numa prestação colectiva e individual completamente miserável. Jogar fora, com Fernando Santos ao leme, é sinónimo de entrar mal na partida, deixando o adversário à vontade… para a chapa 3 do costume!
Falta tudo neste Benfica forasteiro mas, acima de tudo, falta ambição e concentração. Alertado por alguns amigos sportinguistas que conhecem de perto o comportamento das equipas do Nandinho, foi-me dito que iria sofrer bastante com as deslocações. A equipa, em casa, comporta-se num nível aceitável – pelo menos com adversários de menor valia – mas deixa de existir quando sai do conforto da Luz.

Digo, desde já, que deixei de assistir ao jogo depois do 3º golo do Braga. Sou um adepto que se enerva muito durante uma partida e não vi necessidade de prolongar o sofrimento de forma inútil, quando nada de bom se poderia esperar do nosso lado. Confesso que receei que os números subissem ainda mais, e não querendo contribuir para comportamentos menos dignos da minha parte desliguei a TV e fui tomar um banho… para clarificar as ideias! Só agora escrevo estas linhas, já que antes disso o faria “a quente” e dessa forma poderia sair alguma coisa que mais tarde me poderia envergonhar/comprometer.

Depois de mais uma derrota, e mais uma humilhação, o que espera Luís Filipe Vieira para demitir o treinador? Será que Fernando Santos não consegue vislumbrar que está a mais no Benfica? Haverá alguém, das nossas cores, que esteja satisfeito com o rumo deste Benfica 2006/07? Será que só uma goleada em Alvalade ou a eliminação da Champions League fará com que se assumam as responsabilidades da obliteração de um grande plantel? São perguntas que não gostava de colocar mas que são fulcrais para entendermos este “Benfiquinha” ridículo que se apresenta tão pálido e sem chama como o horroroso equipamento creme que vai vestindo.
A famosa frase nandinhesca “Temos de conversar!” surge como imagem de marca depois de uma deslocação humilhante. Uma imagem de impotência, de conformismo, de derrotismo deprimente que não se coaduna com os pergaminhos do Maior Clube a nível Mundial!



Depois de Braga há muitas dúvidas que se tornaram certezas, suposições já com confirmação inequívoca. A principal reside neste losango ridículo que não acrescenta nada de positivo contra equipas pressionantes e apenas dá para os gastos nos confrontos mais fáceis. Os problemas gritantes e irresolúveis mantêm-se na excessiva liberdade dada aos alas adversários que colocaram Miguelito e Nélson em confronto directo, sem qualquer apoio, nas tarefas defensivas. E se é verdade que as ausências de Luisão e Rui Costa são marcantes, a manutenção de Simão Sabrosa como #10 não é mais nem menos que uma pequena labareda que vai queimando o seu talento em lume brando.

Fernando Santos insiste também em demorar nas substituições e, pasmem-se, continua a não usufruir de todas as alternativas que possui durante a partida. Petit e Nuno Gomes foram autênticas nulidades neste jogo mas nunca foram substituídos, Katsouranis jogou em clara inferioridade física mas entrou de início – situação corrigida ao intervalo mas já em desvantagem no marcador –, Léo continuou no banco mesmo estando totalmente (?!) recuperado e o 3.5 milhões Kikín continua na bancada.

A transição defesa-ataque, concentração defensiva e raça exigível, todos esses parâmetros, partilharam níveis indignos para um clube como o Benfica... algo que sobrava em épocas anteriores mas que tem vindo a escassear actualmente. Não nos podemos iludir com o factor “Sorte” – que não acredito que exista em alta-competição – ou com o pouco tempo de trabalho. O Campeonato já chegou a 1/3 da sua conclusão e em momento algum se viu qualidade para ombrear com as equipas mais fortes, de forma constante.
E falar depois do jogo terminar é muito fácil… mas os erros são recorrentes e óbvios!



E depois os erros individuais surgem em catadupa, reflexo de muita falta de tranquilidade e liderança mas também de alguma excessiva azelhice! Novamente Quim com responsabilidades em todos os golos sofridos, uma falha ridícula de Nélson a dar origem a um golo do adversário e novo posicionamento errado de um central – desta vez Ricardo Rocha – a permitir um golo de cabeça.
Não gosto de crucificar jogadores, mas Quim tem dado muitas “abébias” recentemente, embora não haja ninguém no clube com categoria para o substituir. Moretto é simplesmente ridículo e Moreira tem enormes lacunas fora da baliza. Bom seria um guarda-redes com o melhor dos 3: as saídas a cruzamentos de Quim, posicionamento nos remates à queima-roupa de Moretto e capacidade para defender estoiros, e remates de longe, de Moreira.

Em relação à falha de Nélson, considero que, apesar de ser ridículo fintar um adversário naquela zona – quando o vi a rodar imaginei logo que o contra-ataque ia dar golo –, há muitas responsabilidades no esquema da equipa, que não possibilita o apoio do inexistente ala ao lateral. Comprovou-se também que há deficit de jogo aéreo no Benfica, se com Luisão esse parâmetro ainda é mais ou menos camuflado, sem ele torna-se evidente.
E compreendo a forma como Ricardo Rocha comemorou o golo, embora não pactue com o acto. Assobiado e insultado em Braga há 5 anos, o 1º golo pelo Benfica desperta uma revolta por quem jogou desde miúdo por aqueles que agora o injuriam – já o tinham feito a Quim, Tiago e a Armando Sá. Admito que o “E agora já não falam, filhos da puta! Tomem lá!” tenha de ser sancionado pela Comissão Disciplinar da Liga, mas se isto não foi...


Nem faltou a arbitragem vergonhosa da “figurinha” do costume. Já todos conhecemos os “trabalhinhos” de Olegário Benquerença e mais uma vez, o árbitro de Leiria, demonstrou tudo aquilo que se diz sobre si. Não sou doente para dizer que o Benfica perdeu devido à sua actuação mas logo aos dois minutos, numa falta clara não assinalada de Luís Filipe sobre Simão, vimos como seria o cariz do jogo.
Aquele amarelo por uma suposta simulação de Petit, num lance onde até poderia ter sido marcado um livre directo perigosíssimo, entra nos limites do ridículo tendo em conta as simulações grosseiras que passaram impunes – sem qualquer contacto, apenas do vento – de Carlos Fernandes e Maciel junto à linha lateral. A Maciel – um jogador de que gosto imenso e que até tenho umas histórias engraçadas para contar da sua 1ª passagem por Leiria, fica para outro post – foi perdoada a admoestação por duas vezes, nomeadamente o cartão vermelho numa entrada assassina sobre Simão – parecida com aquela que o capitão do Benfica teve no confronto com o Beira-Mar mas com a agravante de ter sido feita em “carrinho” – e o segundo cartão amarelo por uma carga a Nuno Assis que partia para um contra-ataque perigoso.
A forma como Benquerença acabou a 1ª parte, com o Benfica no lado esquerdo do ataque e a tentar o cruzamento para a área, irrita qualquer um!

Não há por onde fugir, o caos está instalado no Benfica e, como sempre acontece no clube, a pressão da Imprensa também se reflecte na equipa de futebol!
Nunca me iludi em probabilidades de conquistas com Fernando Santos, embora ainda haja tempo para corrigir os erros e contribuir para uma presença digna até o final da época.
Na próxima jornada serão já 12 pontos de distância para o 1º classificado, isto com apenas 11 jornadas jogadas! Até quando vamos tolerar esta situação?



NDR: No seguimento e consequência desta prestação indigna em Braga surgiram duas novas “bombas” que minam, por completo, a tranquilidade do seio benfiquista.
A primeira diz respeito às escusadas declarações, em forma de crítica, de Luís Filipe Vieira em relação à prestação da equipa nesta deslocação. Não estou contra as declarações em absoluto, mas sim totalmente contra o “apontar das baterias” aos jogadores… ignorando por completo o comportamento e prestação do “indiscutível e imaculado” treinador.
Este tipo de declarações destrói balneários, minando por completo o espírito de grupo. A haver críticas que se critiquem e se responsabilizem todos os envolvidos, não deixando impunes aqueles com responsabilidades acrescidas na liderança do grupo.
No limite, este tipo de coisas poderá levar a uma rebelião contra o treinador, se é que a mesma já não existe… É a primeira situação que comprova que cargos acumulados não resultam. Espero que LFV o reconheça rapidamente!

A outra "bomba", obviamente, é a detenção de José Veiga pela Policia Judiciária. Quem acompanha o que vou escrevendo, e dizendo, sabe que nada disto é uma novidade para mim.
Inclusivamente, já sei da história João Pinto/Vale e Azevedo/José Veiga há bastante tempo e penso que seja do domínio público que o Benfica, pela mão do seu criminoso Presidente, tenha pago ao seu ex-capitão uma larga verba para que o mesmo abandonasse o clube. Penso inclusivamente que foi essa verba que esteve em causa aquando da penhora do autocarro do Benfica.

O que não se sabia era que a verba usurpada por José Veiga ascendesse a 5 milhões de euros... resta saber quem lhe pagou, se Vale e Azevedo se alguém ligado ao Sporting. É uma vergonha que indivíduos desta estirpe, com comportamentos eticamente reprováveis, sejam recompensados por um lugar de chefia, é insustentável!
José Veiga é um escroque da pior espécie, uma reles reedição de Vale e Azevedo, e espero que esta conjuntura indigna sirva de exemplo para os muitos benfiquistas que se insurgiram contra os poucos – onde muito me orgulho de estar, desde o início – que sempre foram contra a entrada desta figura no clube, quanto mais a sua permanência!

É inegável que Luís Filipe Vieira não sai impune deste esquema todo, visto que foi ele que permitiu a entrada de Veiga no clube.


Ficha de Jogo:

10ª Jornada da Liga BWin

Estádio Municipal de Braga, em Braga

Árbitro: Olegário Benquerença (Leiria)

SPORTING BRAGA – Paulo Santos; Luís Filipe, Paulo Jorge, Irineu e Carlos Fernandes; Ricardo Chaves (Frechaut, 86 m), Andrés Madrid e João Pinto (Wender, 53m); Maciel, Zé Carlos (Castanheira, 71 m) e Cesinha.

SL BENFICA – Quim; Nélson, Anderson, Ricardo Rocha e Miguelito; Petit, Katsouranis (Karagounis, ao int.), Simão e Nuno Assis (Paulo Jorge, 71 m); Nuno Gomes e Fabrizio Miccoli.

Disciplina: Amarelos a Maciel (20 m), Carlos Fernandes (44 m), Cesinha (56 m), Petit (66 m), Paulo Jorge (81 m), Ricardo Chaves (78 m), Miccoli (84 m) e Anderson, 90 m).

Golos: 1-0, Zé Carlos (7 m); 1-1, Ricardo Rocha (31 m); 2-1, Maciel (41 m); 3-1, Paulo Jorge (82 m).

#Fotos: AFP-Getty Images e Reuters

#adicionado a Crónicas 06/07

#publicado em simultâneo com o Encarnados