quarta-feira, novembro 01, 2006

Crónica Fase Grupos Liga Campeões - Moeda ao ar?

A primeira nota que quero deixar vai para o brilhante comportamento dos adeptos do Celtic, antes, durante e depois deste confronto com o Benfica. Desde a confraternização nas imediações da Luz, passando pela fantástica e inédita – por outros que não os adeptos do Benfica – homenagem ao saudoso e malogrado Miklos Fehér e pelos cânticos de incentivo às duas equipas, até ao reconhecimento da mais-valia do adversário e felicitação pela vitória. Até este lá esteve!
À semelhança dos confrontos com o Liverpool, trocaram-se muitos cachecóis e fizeram-se, de certeza, algumas amizades. Voltou-se também a provar, hoje, no Estádio Nacional, que a malta britânica é porreiríssima, num total contraste com os conhecidos animais que pululam em Portugal. Sempre em apoio à sua equipa – nada de insultos ao adversário, mas sim com pérolas como o You’ll Never Walk Alone – e com um fair-play inexcedível. Os adeptos de Liverpool e Celtic são, de facto, diferentes… e ficaria contente com a passagem dos seus clubes aos Oitavos-de-Final da prova, juntamente com o nosso Benfica.

No que diz respeito ao jogo, é caso para dizer que a História se repete. 3-0 em todos os confrontos entre as duas equipas e mais uma vez a bitola manteve-se no mesmo patamar.
O Benfica fez uns primeiros 30 minutos colossais, onde alcançou dois golos e tranquilizou os adeptos. O central escocês Gary Caldwell, que tinha “secado” Nuno Gomes em Glasgow, meteu "água" por todos os lados e também ajudou um pouco à festa encarnada. A reacção do Celtic causou alguma tremedeira até ao intervalo pelo que com a tranquilidade e a eficácia necessárias – já todos vimos que estas duas vertentes de jogo são os "calcanhares de Aquiles" desta equipa – o resultado global da partida ter-se-ia avolumado para pelo menos 5… e talvez teria tido alguma importância no factor de desempate do Grupo.


Tacticamente foi o regresso do famigerado losango. Desta vez houve resultados práticos, muito pelo excessivo acanhamento escocês. Espero ter de dar o braço a torcer mas continuo a não gostar de ver o Simão no meio do terreno. E alguém que diga ao Nuno Assis para tentar desviar os seus remates dos defesas...há meses que não há um único que passe a muralha! O factor de sucesso deste esquema, no dia de hoje, terá sido a grande movimentação de Nélson, que serviu de único extremo e criou os desequilíbrios necessários para criar perigo. Pena que em Glasgow os escoceses sejam muito mais altos, não é Nandinho?!
Continuo a não perceber porque Fernando Santos insiste no Beto, no entanto, reconheço que hoje há muito pouco a apontar ao treinador do Benfica. Que seja para manter, o que obviamente e infelizmente não vai acontecer. Chamem-me “profeta da desgraça”, se quiserem.

A nível individual há vários destaques para fazer. Desde a segurança defensiva de Luisão e Quim, a velocidade e sentido de oportunidade de Nélson – com duas excelentes assistências – mas também a classe de Simão e a disponibilidade de Léo.
Acho que já todos tiramos as dúvidas sobre Katsouranis… que jogador fantástico é o grego! Uma aquisição estupenda que tem vindo a demonstrar que não precisa dos “tempos de adaptação” ou de “ritmos de jogo”. Um jogador maduro e de categoria, eficaz e … goleador. É fundamental nesta equipa!
O melhor em campo é, para mim Armando Teixeira! Foi o regresso aos grandes jogos do #6, que voltou a preencher de forma sublime o meio-campo, sendo fundamental nas acções defensivas mas principalmente nas ofensivas. É a partir de Petit que se desenvolvem as jogadas do 1º e 3º golos e se não fosse aquela desatenção, ao tentar não ceder lançamento, teria tido um prestação perfeita.

Não posso deixar de referir e congratular o excelente trabalho que Karyaka tem feito no Benfica. É preciso ter muita coragem e profissionalismo para, depois de ser ostracizado e quase dispensado, continuar a treinar bem e a manter a “cabeça levantada”. O russo está, inequivocamente, num óptimo momento de forma e assim apresenta-se como uma solução estupenda para saltar do banco e… fazer golos!
Terá a aprendizagem do Português tido alguma influência no reaparecimento do #19? Aposto que sim, claramente!



A outro nível, destaque para a espectacular arbitragem de Kyros Vassaras. Não se deu pelo grego, apesar do grande “cabedal”, e isso diz tudo! Um dos melhores árbitros do Mundo, da actualidade. O ano passado também esteve na Luz, lembram-se?

A surpreendente e humilhante vitória do Copenhaga frente ao Manchester complica um pouco as contas do Grupo e impossibilita que, com esta vitória, a Taça UEFA já esteja praticamente garantida. O apuramento na Champions está muito difícil e mesmo uma vitória frente aos dinamarqueses e uma derrota do Celtic frente ao United não garantem a qualificação. É um facto que o Benfica estará dependente daquilo que poderá fazer em Old Trafford. Seria bonito eliminar, de novo, o “todo-poderoso” Manchester mas a tarefa é mais que Hercúlea… isto se o Copenhaga sair derrotado da Luz.
Aqueles 2 pontinhos deixados na Dinamarca…

NDR: Manster pr’aqui, Manster pr’ali… Afinal, alguém me explica o que é um Manster?
O vídeo é do Xander, como sempre um espectáculo.



Ficha de Jogo:

4ª Jornada da Fase de Grupos da Champions League

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Kyros Vassaras (Grécia)

SL BENFICA: Quim; Nélson, Luisão, Ricardo Rocha e Léo; Simão, Petit (Beto, 83 m), Katsouranis e Nuno Assis; Nuno Gomes (Mantorras, 88 m) e Fabrizio Miccoli (Andrei Karyaka, 66 m).

CELTIC FC: Boruc; Telfer, Gary Caldwell, McManus e Naylor; Nakamura, Aaron Lennon, Evander Sno (Zurawski, 71 m) e Shaun Maloney (McGeady, 64 m); Kenny Miller e Pearson.

Disciplina: Amarelos a Sno (4 m), Ricardo Rocha (27 m), Léo (53 m), Maloney (54 m) e Pearson (86 m).

Golos: 1-0, Caldwell (8 m, na p.b); 2-0, Nuno Gomes (22 m); 3-0, Karyaka (75 m).


#Fotos: AFP-Getty Images e SerBenfiquista

#adicionado a Crónicas 06/07

#publicado em simultâneo com o Encarnados