Confesso que estava com algum receio desta partida não só pelo facto de ser um jogo fora de casa mas também porque em caso de vitória os 3 pontos significariam a conquista da liderança da Liga Portuguesa – pelo menos até amanhã! Por esse último motivo temia que a pressão acumulada pudesse ser fatal na conquista da vitória.
O adversário de hoje, Gil Vicente é, desde há 10/11 anos, um clube de que não gosto mesmo nada. Esclareço, no entanto, que hoje em dia me é cada vez mais indiferente. Esta embirração antiga consiste em dois factores distintos: o facto de ter jogado muitos anos num estádio miserável – actualmente compensado por um magnifico recinto – e por ter vencido o Benfica por duas vezes na época de 94/95 – apenas a segunda temporada que segui com lucidez.
Essas duas derrotas por 1-0 foram um abalo fortíssimo na minha consciência de pequeno adepto e por isso ficou, e provavelmente ficará para sempre, na minha memória um desconforto assinalável no que diz respeito ao Gil.
Indo propriamente ao que interessa que é o jogo, posso dizer que Koeman me surpreendeu novamente no escalonamento do 11 titular. A saída de Laurent Robert já era espectável pois o francês esteve uma nulidade contra a Académica, no entanto as idas para o banco de Léo e de Miccoli foram algo imprevistas – embora o italiano, ultimamente, tenha estado uns furos abaixo do exigível.
A equipa não entrou muito bem no jogo e viu-se a perder muito cedo. Penso que esteve aí o segredo da vitória visto que a grande vontade de vencer – obviamente aliada à categoria e qualidade existente – foi "despertada" ainda com muitos minutos para jogar. Admito que a exibição não foi brilhante, à semelhança das últimas jornadas, mas a vitória é novamente indiscutível.
Como homens do jogo destaco Nuno Gomes, Alcides e Anderson.
O avançado internacional português esteve em grande nível como de costume, foi um verdadeiro playmaker – o passe para o 2º golo é fantástico – e esta vitória tem muito da sua responsabilidade. Pecou, um pouco, no capítulo da finalização – bem merecia o golo – já que os lances foram quase todos muito descaídos para a esquerda e, como se sabe, não é esse o seu pé mais forte.
A exibição de Alcides foi defensivamente imperial, no entanto continua a denotar algumas lacunas no aspecto ofensivo fruto da sua limitada capacidade inventiva. Mas gostei imenso da forma impetuosa como entra aos lances, seria um reforço de grande qualidade caso se optasse pela compra do seu passe ao Chelsea.
Que mais há a dizer de Anderson, é uma pérola do atlântico, uma verdadeira pechincha tendo em conta o custo da transferência. O que mais gosto no seu jogo são os constantes bloqueios a remates do adversário. Neste jogo foram uns 3 ou 4. Fantástico!
A nível positivo exibiram-se Luisão – não gosto nada das bolas despejadas para o campo do adversário, quando melhorar este aspecto e sair a jogar com a bola nos pés será um colosso, Nélson – perde muito na esquerda mas continua um jogador fabuloso, aquele lance a terminar o jogo é delicioso, Petit – nunca joga mal, Geovanni - fantástico golo à ponta-de-lança, e o Manduca da 1ª parte – grandes desmarcações e jogadas de envolvimento mas perdeu-se em jogadas individuais na 2º parte talvez devido ao cansaço.
Negativamente destaco o Moretto, o Simão e o Manuel Fernandes.
Tinha vindo a destacar uma característica que gostava imenso no guarda-redes do Benfica que é a saída aos cruzamentos. Hoje, nesse aspecto foi um desastre, esteve sempre aos "papéis". Um pouquinho mais de sorte permitir-lhe-ia defender o penalty.
Quanto ao Simão e ao Manuel Fernandes a desilusão foi imensa. Provavelmente foi um dos piores jogos de cada um ao serviço do Benfica. O capitão esteve perdido no jogo e apenas se viu no penalty – muitas perdas de bola e reclamações com arbitragem.
Manuel Fernandes esteve, simplesmente, um desastre provando o porquê da insistente utilização de Beto. Mau demais, contam-se pelos dedos das mãos os passes bem efectuados, perdas de bola de forma infantil, indisciplina, implicância e principalmente falhas graves de cobertura aos remates à entrada da área. É da sua responsabilidade, e pelo menos, estar no seu lugar de ajuda ao Petit mas hoje nem isso conseguiu fazer. Devolvam o nº 14 e tragam de volta o nº 37. E eu que gosto tanto do seu futebol!
Os suplentes que entraram pouco ou nada trouxeram de novo à equipa mas deu para reflectir, mais uma vez, na mais-valia da contratação de Marco Ferreira. Porquê?
A arbitragem do jogo pareceu-me bastante boa com todos os "casos" a serem resolvidos de forma correcta – os penaltys foram, na minha opinião, bem assinalados - e os cartões a serem bem mostrados. Um elogio, ainda, para o excelente trabalho dos fiscais de linha. Que me tenha apercebido os foras-de-jogo foram todos assinalados de forma correcta, inclusivamente o que deu um golo a Nuno Gomes. Parabéns ao Paulo Baptista e aos seus auxiliares.
O Benfica está no bom caminho e como factor crítico para a conquista do título enumero a gestão equilibrada, consistente e consciente do fabuloso plantel que Koeman tem nas mãos. Se nos últimos anos a omeleta tinha muito poucos ovos, este ano está carregadinha de proteínas.
Para a semana temos derby de Lisboa!!
Nota 1: A saga dos cartazes com pedidos de camisolas parece que não terá fim num espaço de tempo mais próximo, agora até fora da Luz. É engraçado verificar a imaginação dos petizes que os fazem – ou pelo menos ajudam, eh eh!
Nota 2: Será que ainda ninguém reparou que a mania dos bonés publicitários nas Conferências de Imprensa/Flash Interviews é do mais ridículo que há?