Já se fizeram muitas análises à prestação do Benfica na época 2005/06. Na maior parte delas o vaticínio remete para um redondo falhanço, em quase todos os aspectos.
A nível de troféus a época foi escassa, remetendo o único triunfo para a conquista da SuperTaça Cândido de Oliveira num encontro frente ao Vitória de Setúbal. No entanto a fabulosa campanha europeia na Liga dos Campeões nunca poderá ser dissociada da prestação global da equipa.
Para um clube como o Benfica, o desempenho interno foi péssimo porque neste clube nada mais que a vitória é um bom resultado… ao contrário de outros. Convém, no entanto, evidenciar que a responsabilidade pelo fracasso não poderá ser incutida a apenas uma entidade/situação visto que nas competições desportivas há inúmeros factores influenciáveis.
O título da época passada mas principalmente o facto de se poder observar facilmente a existência de um rumo fortemente delineado – o que não aconteceu nas várias direcções anteriores – criou enormes expectativas aos adeptos. O clube tem mantido a opção em contratar treinadores com grande renome internacional e Ronald Koeman foi um nome sonante que entrou no vocabulário do país desportivo.
O defeso não correu como seria de esperar em virtude das poucas aquisições. As novelas sucederam-se – principalmente as referentes ao tão desejado avançado-centro, problema de décadas – e o tempo foi passando sem que o planeamento fosse concretizado. Sendo assim a maioria das lacunas do plantel só foram colmatadas já com o Campeonato a decorrer, sem que houvesse qualquer entrosamento dos jogadores existentes com os novos colegas contratados. Aqui, a falha da Direcção do Futebol foi grave! Limitou a equipa nas primeiras jornadas de forma decisiva e poderá ter influenciado o resto da Liga.
SuperTaça Cândido de Oliveira
A época oficial iniciou-se no Estádio do Algarve – completamente lotado, comigo inclusive – num encontro referente à SuperTaça de Portugal. Num jogo fraco o Benfica venceu por 1-0 com um golo de Nuno Gomes. A partida deu para concluir que o #21 do Benfica iria fazer uma grande época e que a equipa no seu global tinha graves lacunas.
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A prestação nas primeiras 3 jornadas foi paupérrima e colocou o Benfica a 8 pontos dos 1ºs classificados – FC Porto e Sporting fizeram o pleno. A ausência de “poder de fogo” no ataque – Miccoli e Karagounis só chegaram ao clube poucos dias antes do confronto em Alvalade na 3ª jornada – e a opção do treinador num sistema táctico pouco treinado prejudicaram, claramente, o futebol da equipa.
A desistência de Koeman num sistema táctico com 3 centrais, e a chegada dos reforços, provou-se essencial na concretização de uma óptima série de 5 vitórias consecutivas desde a 4ª jornada frente à União de Leiria até ao confronto com o Estrela da Amadora na Luz. Pelo meio um confronto com o FC Porto no Dragão, na 7ª jornada, naquela que foi a vitória mais saborosa de todo o Campeonato. Como destaque na equipa uns fantásticos 8 golos em 8 jogos de Nuno Gomes.
Quando o Benfica se aproximava perigosamente do 1º lugar surgiram as arbitragens polémicas com influência directa no resultado. Da 9ª à 12ª jornada o Benfica não conseguiu vencer qualquer encontro e em apenas 1 desses 4 jogos o clube não foi prejudicado directamente – em Braga há erros para os dois lados: um penalty inexistente a favor do Benfica e um golo do Braga obtido em fora-de-jogo. Contra a Naval o golo do empate do adversário é precedido de fora-de-jogo, no confronto com o Rio Ave o 2º golo dos vila-condenses é obtido em fora-de-jogo, e no jogo com o Belenenses há duas grandes penalidades a favor do Benfica não assinaladas – e uma, de facto, não assinalada a favor dos visitantes.
Evidencio que este período de maus resultados na Liga não se deveu em exclusivo à arbitragem. Para além das diversas dificuldades com lesões – principalmente Simão Sabrosa e os guarda-redes – não me parece que a gestão do plantel tenha sido a mais correcta, em virtude da sobrecarga de jogos.
À 13ª jornada, frente ao Marítimo no Funchal, o tardio e salvador golo de Pedro Mantorras iniciou uma série de 7 vitórias consecutivas com a equipa a apresentar-se num plano médio/alto. A prestação do Benfica a nível inteiro começou a incomodar muita gente, pelo que o discurso do “colinho” atingiu níveis insuportáveis principalmente após os jogos com o Nacional e com o Vitória de Setúbal.
Foram duas vitórias por 1-0 com 2 golos obtidos em lances duvidosos. No encontro da Luz, com os madeirenses, o golo de Nuno Gomes poderá ter sido precedido de falta de Luisão sobre o guarda-redes Diego mas os que se indignaram com esse lance são os mesmos que se “esquecem” de 2 penaltys não assinalados a favor da equipa da Luz – um por mão na bola e outro sobre Luisão.
Em Setúbal, Nuno Gomes controla a bola com o peito e estoira para um tento magnífico. “É mão!” – gritaram muitos. Duas vitórias limpas e justas!
À 20ª jornada, a recepção ao Sporting expunha um dos jogos mais importantes do Campeonato na perseguição ao FC Porto. A distância do 1º lugar era muito curta e uma vitória colocaria o Benfica na rota do título. Tal não aconteceu, a supremacia do adversário foi de tal forma convincente que a equipa sofreu uma abalo fortíssimo a nível psicológico. A imprensa foi castradora atrevendo-se a colocar em causa o valor de atletas que já há muito tempo tinham provado ser de inegável qualidade – Luisão e Petit.
O terramoto futebolístico causado pela estrondosa derrota com o rival centenário comprometeu o sucesso nas 3 partidas seguintes – apenas o frágil Penafiel foi derrubado – com derrotas categóricas em Leiria e em Guimarães.
A recepção e vitória frente ao FC Porto com um míssil controlado remotamente ainda abriu a possibilidade de conquista quando ainda faltavam 10 jornadas para o final. Mas mais uma vez surgiram as arbitragens “tendenciosas” e tal como na 1ª volta depois do confronto com o líder da Liga o Benfica teve inúmeras dificuldades em vencer os seus adversários.
A arbitragem mais vergonhosa que alguma vez assisti desde que vejo futebol aconteceu na Amadora com Paulo Costa a “roubar” de forma escandalosa o Sport Lisboa e Benfica. Valeu um inspirado e fantástico Fabrizio Miccoli que já nos descontos deu os 3 pontos à sua equipa.
Na jornada seguinte – a 26ª – frente à Naval, e com o cansaço da Liga dos Campeões, foi Carlos Xistra a não ver uma grande penalidade sobre Léo. Foi aqui que ficou definido que o Benfica não iria revalidar o título. A responsabilidade não é toda de Carlos Xistra mas também de Koeman que não deu descanso aos atletas que na 4ª feira anterior tinham jogado de forma brilhante em Anfiel Road.
Na jornada seguinte e com o Benfica de fora da corrida do título, surgiu um jogo polémico com o Rio Ave. Um jogo em que o Benfica massacrou o seu adversário, fazendo mais de uma vintena de remates – ao poste e à barra – e vendo um golo do adversário anulado de forma errada. Voltou a conversa do “colinho” quando já nenhum objectivo se afigurava possível para a equipa comprovando que a técnica do prejuízo-beneficio está mais que moldada.
O resto de Liga foi quase um cumprimento restrito do calendário com o destaque para a desmotivação evidente quer dos atletas quer do próprio treinador – as primeiras partes dos jogos foram quase todas muito más. Destaque positivo apenas para dois fabulosos golos do Benfica, um de Miccoli no Restelo – fez uma parte final de época maravilhosa – e outro de Petit frente ao Marítimo – dois dos mais bonitos do Campeonato. Nem a luta final pelo 2º lugar foi concretizada em virtude de mais alguns resultados péssimos. O 3º lugar foi muito pouco para as expectativas dos adeptos!
Resultados da Liga BetAndWin.com
1ª Jornada: Académica 0-0 Benfica
2ª Jornada: Benfica 0-2 Gil Vicente
3ª Jornada: Sporting 2-1 Benfica
4ª Jornada: Benfica 4-0 União Leiria
5ª Jornada: Penafiel 1-3 Benfica
6ª Jornada: Benfica 2-1 Vitória de Guimarães
7ª Jornada: FC Porto 0-2 Benfica
8ª Jornada: Benfica 2-0 Estrela da Amadora
9ª Jornada: Naval 1º de Maio 1-1 Benfica
10ª Jornada: Benfica 2-2 Rio Ave
11ª Jornada: Sporting Braga 3-2 Benfica
12ª Jornada: Benfica 0-0 Belenenses
13ª Jornada: Marítimo 0-1 Benfica
14ª Jornada: Benfica 1-0 Boavista
15ª Jornada: Benfica 1-0 Nacional
16ª Jornada: Vitória Setúbal 0-1 Benfica
17ª Jornada: Benfica 2-0 Paços de Ferreira
18ª Jornada: Benfica 3-0 Académica
19ª Jornada: Gil Vicente 1-3 Benfica
20ª Jornada: Benfica 1-3 Sporting
21ª Jornada: U. Leiria 3-1 Benfica
22ª Jornada: Benfica 4-0 Penafiel
23ª Jornada: Vitória Guimarães 2-0 Benfica
24ª Jornada: Benfica 1-0 FC Porto
25ª Jornada: Estrela da Amadora 1-2 Benfica
26ª Jornada: Benfica 0-0 Naval
27ª Jornada: Rio Ave 0-1 Benfica
28ª Jornada: Benfica 1-0 Sporting Braga
29ª Jornada: Belenenses 1-2 Benfica
30ª Jornada: Benfica 2-2 Marítimo
31ª Jornada: Boavista 0-2 Benfica
32ª Jornada: Nacional 1-1 Benfica
33ª Jornada: Benfica 1-0 Vitória Setúbal
34ª Jornada: Paços de Ferreira 3-1 Benfica
Liga dos Campeões
A carreira europeia do Benfica foi verdadeiramente fantástica. A equipa que ia “envergonhar Portugal perdendo todos os jogos por largas goleadas” foi uma das boas surpresas da prova.
A competição iniciou-se no confronto caseiro com o Lille – acabou em 3º no “Championnat” – com uma extraordinária exibição do Benfica coroada com um cabeceamento portentoso de Fabrizio Miccoli a dar os 3 pontos.
A injusta derrota em Manchester atenuou a euforia mas confirmou o Benfica como um adversário europeu a ter em conta. O fantástico golo de Simão não chegou para derrotar os vice-campeões ingleses e foi uma machadada cruel de Van Nistelrooij, a 5 minutos do fim, que selou o triunfo do adversário.
O empate em Villarreal, com um golo genial de Manuel Fernandes – considerado pela UEFA um dos 10 melhores da edição deste ano, criou uma grande expectativa no apuramento.
Expectativas resfriadas com o golo de Marcos Senna em plena Luz. A derrota com os espanhóis do Villarreal – semi-finalistas da prova – comprometeu a vitória no Grupo mas deixava tudo em aberto para a consolidação do 2º lugar.
Numa vergonhosa exibição em Paris – com 40 mil portugueses a assistir, recorde da UEFA num confronto fora de portas – a inacreditavelmente defensiva equipa não conseguiu mais que um nulo e deixou todas as decisões para a última e 6ª jornada da Fase de Grupos.
Era o tudo por tudo! Numa Luz a abarrotar, Geovanni e Beto marcaram e sentenciaram uma fantástica reviravolta de um jogo épico. O Benfica qualificara-se para os oitavos-de-final às custas do colosso Manchester United, fazendo um total de 8 pontos que lhe asseguraram o 2º lugar. Foi o delírio nas hostes portuguesas!
O sorteio colocou o Liverpool – Campeão Europeu na edição anterior – como o próximo adversário, pelo que poucos afiguravam hipóteses de qualificação ao Benfica. A eliminatória começou na Luz e num jogo muito táctico, Luisão, a poucos minutos do final, deu uma vantagem escassa mais muito preciosa. O jogo não foi espectacular, e com o adversário um pouco encolhido, mas a haver um vencedor seria a equipa que acabou por vencer… o Sport Lisboa e Benfica.
No confronto em Anfield Road – um dos mais míticos estádios mundiais – o Benfica fez uma exibição assombrosa. Conseguindo segurar o ímpeto esmagador do Liverpool nos primeiros 20 minutos, o Benfica obteve um resultado histórico selando o jogo e a eliminatória com dois dos mais imponentes golos da época europeia de clubes.
“Caiu o Campeão da Europa, ergue-se o Campeão Português!” 10 anos depois o Benfica estava em grande na Europa!
Nos quartos-de-final foi alinhado o Barcelona no caminho do Benfica. O Campeão Português contra o fortíssimo Campeão Espanhol. Foram dois jogos com pouca história tal a supremacia esmagadora dos catalães. O epíteto de “melhor equipa da Europa da actualidade” fica-lhes bem, no entanto o penalty perdoado a Thiago Motta na 1ª mão e o falhanço clamoroso de Simão na 2ª parte do 2º jogo colocaram os espanhóis em sentido.
Perdemos para o actual Campeão Europeu e isso não envergonha ninguém! Para o ano lá estaremos a lutar com os melhores.
Resultados da Liga dos Campeões:
(Fase de Grupos)
Benfica 1-0 Lille
Manchester United 2-1 Benfica
Villarreal 1-1 Benfica
Benfica 0-1 Villarreal
Lille 0-0 Benfica
Benfica 2-1 Manchester United
(Oitavos-de-Final)
Benfica 1-0 Liverpool
Liverpool 0-2 Benfica
(Quartos-de-Final)
Benfica 0-0 Barcelona
Barcelona 2-0 Benfica
Taça de Portugal
A participação do Benfica na Taça de Portugal de 2005/06 foi muito fraca. No entanto o início de prova foi bastante bom com um grande jogo realizado no estádio do Bessa contra o Leixões. A vitória nunca esteve em causa e foi abrilhantada pela entrega da equipa leixonense e pelos 2 magníficos golos de Simão Sabrosa.
Na eliminatória seguinte o adversário foi a simpática equipa do Tourizense. Uma exibição sem brilho mas com uma vitória tranquila, naquele que foi o sinal de um evidente decréscimo na qualidade exibicional.
O jogo frente ao Nacional da Madeira, referente aos oitavos-de-final da prova, decorreu da forma que se esperava. Existiu um claro e esmagador domínio do Benfica mas houve, infelizmente, um nulo deficit de aproveitamento das oportunidades criadas. Koeman optou por não dar descanso aos titulares e talvez por isso nunca foi atingida a tranquilidade necessária para triunfar em 120 minutos de futebol. Na lotaria dos penaltys o brinde saiu ao Benfica.
A campanha da Taça terminou nos quartos-de-final no confronto com o Vitória de Guimarães. Um jogo de pura batota com vários jogadores do Vitória a simular lesões durante mais de uma hora de jogo e tendo o golo da vitória sido precedido de uma grosseira mão-na-bola que só “escapou” à equipa de arbitragem. O resultado foi altamente injusto com mais um massacre à baliza adversária mas quem seguiu em frente foram os vimaranenses.
Resultados da Taça de Portugal:
Leixões 1-2 Benfica
Tourizense 0-2 Benfica
Benfica 0-0 Nacional (após prolongamento, 5-3 após os penaltys)
Benfica 0-1 Vitória Guimarães
A Estrela
Nuno Gomes fez uma época excelente a nível interno. Muito criticado em anos recentes pelos constantes falhanços na finalização, em 2005/06 disparou 15 vezes de forma certeira e ultrapassou os registos das duas épocas anteriores… somados. Foi o abono de família da equipa regressando aos tempos pré-Itália, e quando baixou de produção os resultados do Benfica deixaram de ser favoráveis. Não se viu na Europa talvez devido ao diferente sistema de jogo adoptado pelo treinador.
Como destaque algumas preciosidades como por exemplo os dois golos no Dragão, os maravilhosos golos em Penafiel e em Setúbal e o hat-trick frente à União de Leiria.
Uma castradora entrada de um jogador do despromovido Belenenses na 29ª jornada acabou-lhe com a época retirando-o da luta pela Bola de Prata – quando era líder da lista – e quem sabe hipotecando as pretensões da equipa numa melhor classificação. Chegou-se a pensar que poderia falhar o Mundial mas felizmente conseguiu recuperar e estará presente na Alemanha.
A Revelação
Léo assumiu-se como uma peça fundamental na estrutura da equipa. Preterido inexplicavelmente no início da temporada, o pequeno e genial jogador foi um exemplo de profissionalismo, categoria e disponibilidade física. Defensivamente imperial e perigosíssimo no ataque, o internacional brasileiro foi, em muitos jogos, o melhor em campo. A fantástica capacidade técnica aliada a uma velocidade explosiva transformam o “Maradoninha” brasileiro num dos melhores defesas-esquerdos que já vi actuar e seguramente o melhor deste clube em muitos anos.
Não conseguiu facturar de “águia ao peito”, muito por culpa de uma infelicidade que não merecia – 3 bolas ao ferro. As suas exibições impressionaram tudo e todos chegando, inclusivamente, a falar-se numa possível convocação para o “escrete” no Mundial 2006 – o que teria sido justo. Aos 30 anos, e na 1ª época fora do Brasil, prepara-se para renovar contrato com o Benfica.
O “Flop”
Por considerar um fracasso quase todas as contratações de Inverno poderia colocar aqui outros jogadores mas optei por Laurent Robert, e por vários motivos. O internacional francês apresentou-se como uma grande esperança no reforço da equipa em Dezembro não só pela reconhecida categoria – vista por inúmeras vezes em Inglaterra – mas também pelos inúmeros elogios de figuras importantes do futebol britânico.
Infelizmente os rumores de “enfant-térrible”, tão discutidos no panorama desportivo nacional, confirmaram-se e apesar de ter feito 3 bonitos golos de “águia ao peito” – contra o FC Porto, o Estrela da Amadora e o Tourizense – nunca conseguiu encher as medidas aos adeptos. As pálidas exibições e a aparente apatia confirmam que o binómio salário/rendimento é bastante diminuto, apesar dos golos referidos e de algumas assistências – o rendimento na Europa foi zero.
Pessoalmente foi uma grande desilusão já que era um jogador que apreciava bastante desde os tempos do Newcastle.
O Mais Regular
Petit foi, em praticamente todos os momentos da época, o jogador chave da equipa do Benfica. Apelidado de arruaceiro pelos adeptos de clubes adversários, o #6 do Benfica fez uma temporada ao seu nível. Raça, vontade, profissionalismo, dedicação e muita categoria são os elogios que melhor servem a Armando Teixeira. Um verdadeiro jogador “à Benfica”!
Autor de um dos golos mais bonitos da época – frente ao Marítimo – o sub-capitão do Benfica foi o carregador de piano mas também o construtor de jogo. São várias as assistências para golo – contra o Liverpool, para o golo de Luisão talvez seja a mais óbvia – mas também os fantásticos remates.
Se por vezes me irrito com as entradas mais duras e com os cantos mal batidos não o posso criticar devido às majestosas exibições e à exemplar entrega que dá ao clube. É um jogador fundamental, se fossem todos como o Petit!
O Treinador
Tinha muitas expectativas em Ronald Koeman. Foi um dos melhores jogadores que já vi jogar e, por desconhecimento, pensei que fosse um treinador diferente daquilo que é.
Começou por apostar, na pré-época, na mesma táctica com que Trapattoni tinha vencido o Campeonato e incompreensivelmente resolveu trocar tudo nos 1ºs jogos da Liga. O sistema de 3 defesas sem qualquer treino revelou-se catastrófico impossibilitando uma vitória nas 3 primeiras jornadas da Liga.
Apesar de algumas sequências de resultados interessantes, na época inteira foram raros os momentos de bom futebol apresentado, contando-se pelos dedos das mãos as grandes exibições. Em vez de uma evolução no futebol da equipa passou-se precisamente o oposto, acabando a época com prestações horríveis – o fio de jogo das últimas partidas foi o chutão para a cabeça de um jogador de 1.68 m.
E depois foram as incríveis opções pessoais que ninguém compreende: a aposta sistemática em Beto – colocá-lo a extremo-direito é de bradar aos céus, a titularidade injustificável de Moretto, a quase expatriação de Nuno Assis, Mantorras e principalmente de Karyaka – que mostraram bom futebol sempre que chamados à equipa principal, a opção patética pela altura física da defesa deixando de fora Nélson e principalmente Léo durante bastante tempo da temporada, a inexistente aposta em jogadores jovens da equipa B, ou ainda a fraca gestão de plantel com várias competições em jogo.
Apesar da boa campanha europeia, houve alguns jogos em que optou por uma equipa demasiado defensiva e não soube alterar as coisas no decorrer do jogo, facto que não beneficiou em nada o futebol apresentado e os resultados obtidos – Old Trafford e Paris são os melhores exemplos. Outra critica que se lhe pode apontar é ter uma visão limitativa das substituições num encontro: foram várias as vezes que não fez as 3 alterações regulamentares e quando as fez, muitas vezes, foram feitas de forma sistemática.
Inesquecíveis, foram ainda, as polémicas em que se envolveu com as declarações inoportunas sobre o Rio Ave-Sporting ou sobre uma possível dispensa de Pedro Mantorras.
Para além disto tudo teve sempre um discurso de resignação nos maus momentos que não se coaduna com o historial do Sport Lisboa e Benfica. Fica a ideia que nunca se adaptou ao clube e ao próprio país procurando apenas o reconhecimento fora de portas numa tentativa de se lançar para outro voos.
Top10 golos:
1 – Simão Sabrosa em Anfield Road;
2 – Petit na Luz frente ao Marítimo;
3 – Manuel Fernandes em Villarreal;
4 – 2º de Simão Sabrosa frente ao Leixões;
5 – 2º de Nuno Gomes em Penafiel;
6 – Fabrizio Miccoli em Anfield Road;
7 – Fabrizio Miccoli frente ao Lille;
8 – Geovanni frente ao Manchester United;
9 – Fabrizio Miccoli no Restelo;
10 – Nuno Gomes em Setúbal.
Top5 jogos:
1 – Liverpool 0-2 Benfica
2 – FC Porto 0-2 Benfica
3 – Benfica 2-1 Manchester United
4 – Leixões 1-2 Benfica
5 – Benfica 2-1 Vitória Guimarães
Classificação Liga BetAndWin.com
Assistências Liga BetAndWin.com
Uma nota final de congratulação para os fantásticos adeptos do Sport Lisboa e Benfica que calaram, mais uma vez, estádios míticos da Europa. As romarias a Anfield, ao El Madrigal, a Paris, a Old Trafford e à Catalunha são motivo de orgulho para todos.
Na Luz a presença foi constante no apoio inveterado à equipa. Depois de tudo o que passamos durante anos, os tempos são bons para ser adepto deste clube!
NDR: Como forma de despedida da época deixo dois excelentes vídeos. As obras-primas são do
Bakero e servem de homenagem aos nossos mais directos rivais. O primeiro diz respeito aos nossos eufóricos “amigos”
sportinguistas e o segundo aos actuais
Campeões Nacionais.
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Fotos: AFP – GettyImages e Serbenfiquista.com