segunda-feira, maio 15, 2006

Sport Moçambique e Benfica!


Finda a época o Benfica partiu de armas e bagagens para Moçambique, 16 anos depois da última visita ao quente e lusófono país africano.
A operação de charme, com a duração de uma semana, albergou inúmeras visitas sociais e um torneio quadrangular de comemoração dos 50 anos da equipa moçambicana Costa do Sol. Das outras equipas participantes no “Encontro de Gigantes” fizeram parte o Ferroviário de Maputo e os angolanos do Petro Atlético, com todos os jogos a serem realizados no recinto do clube aniversariante, o Estádio da Machava.

A recepção e estadia da comitiva do Benfica foi verdadeiramente apoteótica com milhares de africanos em delírio – a esmagadora maioria envergando camisolas e bandeiras do clube português. Ao contrário de outros clubes, o Benfica não exigiu qualquer cachet e baseou a sua presença numa antiga promessa de Luís Filipe Vieira aos dirigentes do clube anfitrião.
Aproveitando a presença em “território benfiquista” foi apresentado o Kit Sócio Moçambique, iniciativa que procurará acrescentar 20 mil novos sócios aos 150 mil já existentes.

A assistência diária aos treinos da equipa orientada por Fernando Chalana foi colossal, com quase 20 mil pessoas presentes de forma assídua. A luta pelos equipamentos foi outra peculiaridade assinalável, com os atletas a corresponderam aos desejos do povo moçambicano.


No que a futebol diz respeito o Benfica efectuou 2 encontros e teve outras tantas vitórias, vencendo assim o torneio e levando o troféu para casa. O treinador interino, Fernando Chalana, aproveitou a oportunidade para rodar alguns jogadores que não tem feito parte do plantel principal do Benfica. O saldo é bastante positivo e já se podem ver alguns bons apontamentos em atletas que poderão ser uma alternativa válida para a próxima época.

Costa do Sol 1-3 Benfica

O Benfica alinhou em 3-5-2 com: Moretto; Anderson, Fonte e Ricardo Rocha; Beto e Karagounis; Marco Ferreira, Geovanni e Robert; Miccoli e Marcel. Jogaram ainda: Moreira, Léo, Karyaka, Manduca, José Rui, Manu e Artur Futre.

No 1º jogo, o Benfica superiorizou-se de forma natural chegando a uns esclarecedores 3-0 na 1ª parte, através de dois golos de Marcel – 1 golo a ser apontado de penalty, na estreia a marcar de “águia ao peito” – e outro de Fabrizio Miccoli. No segundo tempo a equipa decresceu um pouco em virtude das alterações realizadas por Chalana e sofreu um grande golo mesmo ao terminar a partida. Vitória indiscutível num encontro mais ou menos fácil. Nota para as excelentes exibições do regressado Moreira e dos estreantes José Fonte e Manu.


Petro Atlético 1-2 Benfica

O Benfica alinhou em 4-2-3-1 com: Moreira; Marco Ferreira, Anderson, Ricardo Rocha e Léo; Fonte e Beto; Geovanni, Fabrizio Micolli e Laurent Robert; Marcel. Jogaram ainda: Moretto, Manduca, Karyaka e Manu.

Em virtude da vitória anterior o Benfica apurou-se para a final do torneio defrontando o Petro Atlético – vencedor do encontro frente ao Ferroviário por 1-0.
Numa partida mais complexa o Benfica esteve a perder durante toda a primeira parte em virtude do grande empenhamento e mais-valia do adversário. Num jogo marcado pela expulsão de Anderson – o adversário também viu um atleta seu expulso – a experiência dos jogadores do Benfica fez a diferença e nos minutos finais a reviravolta aconteceu com 1 soberbo golo de Ricardo Rocha e outro do irrequieto Manu.


A euforia africana foi um abalo para todos e demonstrativa do capital de apoio que o clube detém além-fronteiras – principalmente junto das comunidades lusófonas.
As declarações de vários elementos do clube são o exemplo de como o carinho dispendido estarreceu as hostes portuguesas.

Luís Filipe Vieira: “Há imagens que valem mais do que mil palavras. O que se passou nos últimos dias leva-me a concluir que não somos um clube mas uma família universal.”

Shéu Han: “É indescritível – disse, comovido – isto é sinal da nossa história e da nossa cultura que convém preservar!”

Léo: “Sabe qual foi a pergunta que fiz a mim próprio na primeira escola que visitámos? Deus, o que é isto? Nunca tinha estado no continente africano... Isto foi gigantesco, gigantesco!”

Anderson: “Joguei sete anos no Corinthians, mas o Benfica tem uma força enorme também no estrangeiro. É esta a diferença!”

Ricardo Rocha – o capitão da equipa que foi a África: “Este é um dos motivos para que os jogadores se sintam honrados por vestir a camisola do Benfica.”

Moreira: “Nunca imaginámos! Estou há sete anos no Benfica e nunca tinha sido assim recebido numa escola. Já visitámos muitas, fomos sempre recebidos com muito carinho, mas com tanta gente a gostar de nós e do Benfica, nunca. É uma grande alegria!”


É isto o Benfica!

NDR: Deixo resumos dos jogos frente ao Costa do Sol e ao Petro Atlético. Agradecimentos novamente ao Em4Lyf por disponibilizar os vídeos.

#publicado em simultâneo com os Encarnados