O ano do Benfica, no que diz respeito às modalidades ditas “amadoras”, não foi inteiramente positivo. Certamente que seria difícil igualar ou ultrapassar o esplendoroso ano de 2004/05 – um dos melhores anos do clube num longo período – mas o que se destaca da prestação das várias formações do clube é um preocupante “morrer na praia”. As razões para tal comportamento são várias e de vários índoles.
Foram várias as equipas que por pouco não garantiram finais e outras que estiveram quase a vencê-las. Para um adepto, mais doloroso que isso é difícil, embora fique a sensação de se poder fazer melhor numa próxima oportunidade.
Sendo assim, o seguinte texto serve para analisar de forma mais esclarecida o ano competitivo de todas as modalidades mais importantes do clube – e consequentemente do país desportivo – e também deixar uma breve previsão sobre o que será o futuro da mesma na época que se avizinha.
Bola quase sempre no cesto
Há muitos anos que o basquetebol do Benfica não surgia tão forte no panorama nacional. Longe estão os tempos dos triunfos sucessivos em Campeonatos Nacionais e das boas prestações europeias, mas este ano o Benfica e o cesto assinaram um “protocolo de renascimento”.
À semelhança de épocas anteriores o clube iniciou a Liga com um treinador que não se coaduna com os seus pergaminhos históricos nesta modalidade. Norberto Alves, depois de 3 derrotas consecutivas e do penúltimo lugar na classificação, foi substituído no cargo pelo mais talentoso basquetebolista português de sempre: Carlos Lisboa.
Foi um percurso complicado, com sucessivas mudanças nos americanos do plantel – principalmente devido a algumas lesões e problemas disciplinares – mas a partir do momento em que se encontrou o conjunto certo de atletas, o Benfica construiu uma equipa bastante forte que deu prestações espantosas na fase regular da Liga – destaque para as vitórias frente ao FCP nos confrontos na Luz e em Matosinhos.
Terrence Leather, Bakari Hendrix, Steve Logan, o capitão António Tavares e Carlos Powell solidificaram um 5 base bastante forte que garantiu 12 vitórias/8 derrotas num 6º lugar na geral – com o mesmo registo do 4º classificado. Tendo em conta o início catastrófico, podemos considerar o trabalho de Carlos Lisboa como excelente.
A prestação na Taça de Portugal foi muito positiva, tendo o Benfica garantido a presença na Final com o FC Porto. A fraca prestação da defesa, com inúmeros ressaltos perdidos e muitos pontos consentidos, foi castradora da pretensão da equipa e – pouco tempo depois de uma vitória esclarecedora sobre o FCP na sua própria casa, para a Liga – não foi possível conquistar a Taça (85-94).
No regresso à Liga, no playoff, a continuação da boa imagem do clube foi bem mostrada. Nos Quartos-de-Final, a Oliveirense – 3ª posto na fase regular – foi ultrapassada com relativa facilidade como mostra o 3-1 da eliminatória (91-78, 67-68, 99-81 e 90-88) e foi com surpresa que se soube do adversário a defrontar – o Casino Ginásio (7º na fase regular), “carrasco” do FC Porto, depois de ter estado a perder por 2-0.
Tal como tinha feito o FCP, o Benfica cilindrou a equipa da Figueira da Foz nos primeiros dois jogos e com a decisão a ser agendada para a Luz tudo levava a crer que, 10 anos depois, o Benfica iria à Final da Liga. Golpe de teatro, novamente! Na Figueira, e tal como o FCP, o Benfica perdeu os dois jogos e com 2-2 na eliminatória, o Ginásio “chocou” a Luz garantindo a presença na Final.
Foi um quinto jogo atípico, com o Benfica na frente na maioria do tempo mas um 4º período final catastrófico – algumas opções discutíveis de Lisboa e precipitação de vários jogadores, em virtude da falta de experiência nestas andanças – deitou tudo a perder. Na eliminatória Final, a Ovarense acabou por aproveitar o enorme desgaste dos figueirenses e levou a melhor por 3-0... sagrando-se Campeã Nacional!
Depois de um ano muito positivo, o Benfica parece apostado em conquistar títulos na próxima época. Para além da manutenção de algumas das figuras de proa, e do regresso do treinador campeão em título Henrique Viana – Carlos Lisboa assume a posição de Director Desportivo, o clube tem estado a construir um autêntico “Dream Team”, onde se destacam os ingressos dos americanos Ian Stanback e Leroy Watkins e também dos internacionais portugueses Carlos Andrade e Miguel Minhava – MVP nacional da fase regular.
Destaques Basquetebol 2005/06
Figura: Ricardo “Carlos” Powell
Revelação: Carlos Lisboa
Desilusão: António Tavares
Demasiados equívocos da Direcção
Depois de um fantástico ano de 2004/05, com a conquista da dobradinha, o Benfica não conseguiu vencer qualquer título… e não faltaram Finais para tal.
O início de época augurou um mau ano que infelizmente se veio a confirmar, muito por causa da opção da Direcção em abdicar de alguns jogadores importantes – principalmente Pedro Costa e Mickey – não tentando colmatar as suas saídas de imediato.
Assim, com a equipa da Luz claramente fragilizada, o Boavista conseguiu conquistar a SuperTaça. O favoritismo era todo do Benfica mas o esclarecedor 4-2 levou o troféu para o Bessa. Dava o sinal de alarme, devido ao facto de se ver que o plantel era insuficiente, mas a intransigência da Direcção em reforçar a equipa só em Dezembro para atacar a UEFA Futsal Cup – poupando nos salários das vedetas mas limitando o fio de jogo e o entrosamento – manteve-se.
Um dos grandes problemas desta época está, também, em duas lesões graves que limitaram a equipa em duas fases diferentes da época. Primeiro foi o importantíssimo guarda-redes Zé Carlos a ter uma lesão esquisita, ao nível dos rins, que impediu a sua utilização na maior parte da Fase Regular da Liga – foi contratado o internacional português Toni para o substituir, que se revelou um desastre. Depois, foi Rogério Vilela – melhor jogador da Liga anterior – que nunca esteve a 100% em toda a época, assolado de lesões e com recuperações falhadas que limitaram a sua utilização nos confrontos decisivos do final da época.
Portanto, foram grandes as dificuldades para Adil Amarante conseguir construir o 5 mais forte. Ainda assim, o Benfica fez grande parte da época com Zé Carlos na baliza, Rogério como fixo, nas alas o capitão André Lima e Ricardinho e como pivot Pica-Pau. As restantes opções recaíram mais vezes em Wilson, Sidnei e Doménico.
Na prova europeia, e depois de uma qualificação elementar para equipas deste gabarito, foi dada ao Benfica a oportunidade de organizar a Fase Final do seu Grupo no pavilhão da Luz. Era esse o forte desejo de todos os benfiquistas e particularmente da Direcção do clube que tanta esperança tinha em fazer do Benfica o Campeão Europeu.
Assim, a tal decisão de só reforçar a equipa em Dezembro – para jogar a UEFA Futsal Cup em Janeiro – foi concretizada… mas não sem um rol de complicações com os certificados internacionais de jogadores brasileiros. De todos os reforços contratados: Moretti – nem chegou a vestir de “águia ao peito”, Doménico, Wilson, Côco e Sidnei, apenas os 2 últimos, que já jogavam em Portugal, puderam disputar a competição.
Tendo em conta que Miguel Almeida e Zé Maria tinham sido transferidos para Espanha, facilmente verificamos que havia poucas soluções e nem às Meias-Finais se chegou.
O Benfica acabou por não vencer qualquer partida embora tenha estado a vencer a maior parte do tempo em todas elas – 3-3 com o Kairat Almaty do Cazaquistão, 1-1 com os belgas do Cristal Noir e 4-2 diante dos espanhóis do Boomerang, que acabou por se sagrar Campeão Europeu.
Na Taça de Portugal o ciclo vitorioso – Olivais (5-4), Fundação Jorge Antunes (5-3), Mocidade Arrábida (8-1) e Sporting Pombal (7-3) – não foi concluído, em virtude da grande prestação do Sporting na Final, onde acabou por golear o Benfica por 9-5 – com algumas opções discutíveis de Adil Amarante. Mais uma oportunidade desperdiçada de vencer um título!
A fase regular não apresentou um Benfica dominador mas uma equipa um pouco amorfa, ainda que nalguns momentos se tenha mostrado em bom nível. Quando não houve lesões – por vezes a convocatória foi preenchida com juniores – apareceram algumas exibições excelentes mas na globalidade nunca deu para deslumbrar, e daí os 8 pontos de atraso em relação ao Sporting. Destaque positivo para a goleada aos “pastelinhos” por 11-0 e negativo para a derrota escandalosa com os “amadores” do Sporting de Braga por 4-5.
O playoff revelou-se muito difícil e em todos os jogos foi necessário puxar dos galões. Aqui a equipa melhorou bastante mas ainda se evidenciaram algumas lacunas, nomeadamente na posição de pivot – poucas opções e de má qualidade – e de fixo – com Rogério lesionado houve algumas adaptações de última hora, como os alas André Lima e Ricardinho.
O Benfica começou por eliminar o Belenenses (6-3 em Belém e 2-1 na Luz) com os “pastelinhos” a queixarem-se do “sol” e da “lua” menos das suas miseráveis prestações – até deu direito a comunicados do Presidente da Secção… patético!
Na Meia-Final apareceu o forte Freixieiro e, embora o resultado da eliminatória tenha sido 2-0, foi com bastante dificuldade que o Benfica venceu as partidas (8-7 após g.p. em Matosinhos e 3-2 na Luz). O encontro no Norte foi uma verdadeira propaganda ao futsal onde ocorreu uma recuperação fantástica do Benfica, que esteve a perder por 3-1 sofrendo o 4-4 mesmo a terminar o encontro. Depois, nos penaltys, Zé Carlos brilhou e deu a vitória ao Benfica, em casa do Freixieiro. Foi a primeira vez na história do futsal benfiquista!
Na Luz o Benfica dominou, no entanto, no minuto final os visitantes falharam o empate a centímetros da baliza.
Com bastante dificuldade, o Sporting levou de vencida o SL Olivais mas apenas no terceiro jogo e após prolongamento juntando-se, assim, ao Benfica em mais uma Final da modalidade – a 4ª consecutiva.
O 1º jogo da Final foi qualquer coisa de extraordinário com um Benfica a “carregar” no Sporting durante toda a partida, mas a falhar de forma consecutiva as oportunidades de golo – 5 remates ao ferro, 3 deles de Pica-Pau. A ausência de Rogério nesta fase da época foi quase impossível de ser superada e com a ausência de fixos no plantel “brotaram” as adaptações falhadas!
Como sempre o Sporting confiou, e bem, na estupenda capacidade do seu guarda-redes João Benedito, que fez uma exibição épica, e marcou em lances de contra-ataque/bolas paradas – o Sporting fez 7 remates contra mais de 30 do Benfica mas venceu por 3-2.
Se o 1º jogo foi extraordinário, o 2º foi um dos melhores que a modalidade já protagonizou, em Portugal, desde sempre. Tal como na Luz, em Loures, o Benfica também marcou primeiro mas deixou que o Sporting desse a volta ao jogo. O 2-2 ainda deu algum ânimo mas quando a 3 minutos do fim o Sporting fez o 4-2 já ninguém acreditava que fosse possível outro resultado que não a vitória do Sporting – os comentadores da SportTV já faziam a festa antecipada.
Depois, foi um turbilhão num minuto de jogo, uma coisa verdadeiramente impressionante! A 27 segundos do final da partida, o Benfica reduz para 4-3 e coloca o Sporting em sentido. Quando faltavam apenas 12 segundos para tudo terminar, o 4-4 dá-me uma das melhores sensações que alguma vez já tive como adepto do Desporto e do Benfica… foi indescritível e pensei que a vitória era possível.
Nada mais errado, na jogada imediatamente a seguir e mesmo no último segundo, com o som do cronómetro quase a soar, Gonçalo Alves toca, de cabeça, um estoiro e dá o título ao Sporting… de forma inacreditável. Foi ir ao céu e ao inferno em menos de 30 segundos, e muitas lágrimas nos rostos dos jogadores benfiquistas. Enfim, o Sporting foi um justo vencedor apesar de muito azar do Benfica!
Para a próxima época a Direcção da Secção apostou de forma megalómana e fez o maior investimento do clube em reforços desde que está na modalidade. Regressaram de Espanha, Zé Maria e Pedro Costa enquanto que em Portugal foram contratados Jony, João Marçal e Estrela ao SL Olivais e também Bebé e Gonçalo Alves ao Sporting. Mantendo-se no clube Zé Carlos, Sidnei, André Lima, Rogério Vilela e Ricardinho – essencialmente estes, é caso para dizer que o Benfica terá uma das equipas europeias mais fortes.
Em relação ao Ricardinho, e em virtude de alguns problemas disciplinares, é possível que seja transferido para Espanha. No entanto, ainda está em aberto a sua permanência – facto desejado pela maioria dos adeptos do Benfica. Acho que seria importante mantê-lo no plantel mas se tal não for possível, o valor da sua transferência vai dar, de certeza, para contratar um grande substituto.
Deixo também uma pequena homenagem ao pivot Nélito que este ano, depois uma carreira recheada de êxitos, abandona o futsal, e ao serviço do clube do seu coração. Um excelente profissional, e um futsalista talentoso, que vai deixar saudades.
Resta ao Benfica resolver o imbróglio disciplinar com o treinador Adil Amarante – está suspenso por agredir, de forma inacreditável, o treinador do Boavista – para ter uma época de muitas conquistas… a começar já pela SuperTaça.
Destaques Futsal 2005/06
Figura: Ricardinho
Revelação: Wilson
Desilusão: Côco
Equipa mais frágil complicou as contas
Foi uma época em que o voleibol do Benfica manteve uma bitola muito irregular (39J, 26V e 13D, numa média de 1 jogo em cada 4 dias), onde teve momentos brilhantes e outros paupérrimos – quer individual, quer colectivamente. Depois de um ano marcado pela dobradinha – e de forma categórica – o Benfica não conseguiu revalidar o título tendo sido eliminado, de forma polémica, pelo Vitória de Guimarães nas Meias-Finais da Divisão A1.
A reformulação do plantel, com o respectivo enfraquecimento da equipa, terá sido um dos principais obstáculos à conquista dos objectivos propostos. As saídas dos brasileiros André França, Renato Júnior e Adriano Lamb não foram devidamente colmatadas e os seus substitutos naturais não conseguiram exibir-se ao mesmo nível dos seus antecessores – principalmente o internacional brasileiro Carlos Schwanke e o internacional canadiano Douglas Bruce.
Para além do apagamento de algumas estrelas, quando não seria expectável em Manuel Silva – o meu jogador português preferido – ou em Roberto Purificação, a presença na Top Teams Cup acrescentou um grande número de jogos extra para o qual não havia soluções imediatas de controlo do desgaste nos atletas.
Ainda assim, não podemos considerar a época como negativa – muito bom seria se todas tivessem a produtividade do voleibol – e ao leme do experiente e conceituado José Jardim foi necessário arranjar espaço nas vitrinas. É precisamente deste técnico que o Benfica retira bastante da sua força, um treinador extremamente competente e com uma capacidade de motivação excepcional. Ao longo da época apostou principalmente num “seis” constituído por Dudu, Roberto Purificação, Carlos Schwanke, André Lukianetz e Manuel Silva tendo como distribuidor Doug Bruce ou André Cabacinha e como 7º homem/libero o experiente Carlos Teixeira. Do banco saíram com bastante frequência os internacionais portugueses André Lopes e Éden Sequeira.
A Taça de Portugal foi o momento alto do Benfica em 2005/06 apesar de ter tido bastante felicidade no sorteio, já que disputou todos os jogos das eliminatórias no Pavilhão da Luz. Para chegar à final, o Benfica defrontou e derrotou o Castêlo da Maia, o Esmoriz – que perdeu o jogo por falta de comparência, a Académica de Espinho e a equipa açoriana do Fonte Bastardo. A Final, disputada no Pavilhão de Almada, colocava o Sporting de Espinho como adversário e, num jogo quase perfeito, o Benfica conquistou a sua 10ª Taça de Portugal com um claro 3-0.
Na Top Teams Cup – 2ª prova europeia, que o Sporting de Espinho venceu em 2001 – o Benfica cumpriu os objectivos delineados qualificando-se para os Quartos-de-Final, após garantir o 2º lugar no Grupo de Apuramento. No confronto com os espanhóis do Son Amar Palma – uma das melhores equipas europeias, que chegou à Final da competição – o Benfica perdeu os dois jogos (3-0 em Espanha e 3-1 na Luz) mas na globalidade a prestação da equipa foi bastante positiva.
O problema da época foi precisamente no Campeonato, e apesar de 100% vitoriosa na Luz, a equipa teve bastantes dificuldades nas deslocações, perdendo algumas vezes por números expressivos. Fonte Bastardo (3-1), Vitória de Guimarães (3-0), Esmoriz (3-2), Sporting de Espinho (3-1) e Castêlo da Maia (3-1) infligiram derrotas ao Benfica, na Fase Regular, mas apesar disso o 3º lugar na Classificação foi alcançado, garantindo a qualificação para o playoff.
Nos complicados Quartos-de-Final, o Castêlo da Maia revelou-se um sério adversário tendo disputado, até ao último set, a vitória nos dois encontros. O Benfica acabou por vencer os dois por 3-2 qualificando-se para as Meias-Finais, onde encontrou o fortíssimo Vitória de Guimarães.
E essa foi uma eliminatória bastante polémica. No encontro em Guimarães, e contra um público demolidor, o Benfica foi derrotado de forma esclarecedora (3-0) numa demonstração de grande força da equipa da casa. O regresso à Luz era visto como uma boa possibilidade de conseguir a “negra” mas tal não foi possível. O resultado final de 3-1 não explana o que se passou na quadra de jogo e o Benfica tem muitas queixas da arbitragem.
Na referida partida, e quando o Benfica vencia o 4º set por 17-16 – o jogo estava 2-1 em sets para os de Guimarães – há um erro de Mesa que retira dois pontos à equipa da casa. O Vitória acabou por vencer o set e o jogo mas fica a sensação de injustiça, que até chegou a originar um protesto junto à FPV. Apesar do clube ter razão – e da mesma estar provada, a Federação indeferiu o protesto, não repetindo o jogo, e como resposta o Benfica não se apresentou na partida de atribuição do 3º/4º lugar.
Depois da suspensão do Campeonato por quase duas semanas, a Final foi reatada e, apesar do grande favoritismo do Vitória de Guimarães – com um orçamento brutal, o Sporting de Espinho acabou por se sagrar Campeão Nacional num 5º jogo épico. De certo modo, repôs-se um pouco a “verdade desportiva”!
Para a próxima época esta prevista uma nova remodelação, com a saída de grandes figuras do clube. Roberto Purificação, Dudu, Doug Bruce e Carlos Schwanke estão de partida tendo o clube contratado os brasileiros Marcílio Silva, José Perosa, Aureliano Silva e João Dias – todos com aval de José Jardim – para os substituir. O plantel ainda está um pouco indefinido aguardando-se a confirmação oficial de mais alguns reforços e das saídas definitivas de alguns jogadores.
Destaques Voleibol 2005/06
Figura: Carlos Teixeira
Revelação: André Cabacinha
Desilusão: Manuel Silva
O regresso de Dantas
O hóquei em patins é uma modalidade diferente das demais em virtude do que se tem passado em Portugal nos últimos anos. A impunidade do FC Porto, quer no ringue quer fora dele, lança para segundo plano a discussão sobre a prestação do Benfica. Mas é nestas situações de injustiça, corrupção e impunidade que temos de ser mais fortes e acreditar que, contra tudo e contra todos, podemos melhorar e, quem sabe, conquistar qualquer coisa.
A grande pecha do Benfica, para além da fraca aposta da Direcção em reforços de qualidade comprovada, residiu no treinador. E enquanto Paulo Garrido foi técnico do Benfica – sensivelmente 2 anos e meio – o hóquei do SLB regrediu bastante, deixando de conseguir discutir os títulos com o FC Porto. O seu despedimento foi tardio – já para não falar na errada aposta inicial – e prejudicou seriamente as pretensões da equipa, quer nas épocas anteriores quer na que agora findou.
Carlos Silva na baliza, Valter Neves, o capitão Mariano Velásquez, Pedro Afonso – uma aposta mais de Dantas – e Ricardo Barreiros formaram o 5 base do Benfica ao longo da época – nem sempre foi possível apresentá-lo em virtude de lesões e castigos – com Carlitos, Rui Ribeiro e principalmente o veterano argentino Tomba a serem os homens de banco com mais minutos.
A perseguição da Federação de Patinagem ao Benfica começou logo por privar a equipa do seu capitão, nas vésperas da disputa da SuperTaça com o FCP, devido a um incidente fora do pavilhão e que não deveria ter criado problemas desportivos. O caso remonta a 3 meses atrás, numa alegada agressão de Mariano Velásquez a Tiago Barbosa – jogador da Juventude de Viana – num café do Complexo Desportivo do Benfica, duas horas antes do início de um jogo entre as duas equipas.
Ora como é possível que tenha sido atribuída a derrota ao Benfica – tinha vencido o jogo por 6-2, a contar para o Campeonato 2004/05 – e suspenso o jogador durante 5 jogos por uma situação completamente fora do âmbito desportivo – e sem que haja qualquer regulamento que o indique. Um escandaloso conluio, sem precedentes no Desporto Português!
A época iniciou-se oficialmente na disputa da SuperTaça António Livramento com a 1ª mão a realizar-se na Luz. Mesmo com a ausência de um jogador tão importante como é Mariano, o Benfica conseguiu equilibrar a partida e fez uma excelente exibição frente aos Campeões Nacionais – o FC Porto só fez o 2-2 final quando faltavam 15 segundos para terminar a partida. Sendo assim decidir-se-ia tudo na 2ª mão a disputar no Pavilhão de Fânzeres.
A 2ª mão está ligada, mais uma vez, a escandalosos acontecimentos que complicaram a “vida” ao Benfica já que, para além do “normal” clima de “terror” em Fânzeres, houve graves problemas com a claque Super Dragões. Este é o célebre “jogo do petardo” em que durante a partida foi atirado para o ringue, por um adepto do FCP, um dispositivo pirotécnico que rebentou a menos de um metro da face de Pedro Afonso – que se encontrava em queda.
O referido petardo provocou lesões no ouvido do atleta do Benfica, impossibilitou-o de continuar a partida e na sequência do ferimento inibiu-o de disputar mais 4 jogos – a FPP proibiu, depois de recuperado, a utilização do jogador em virtude de estar a utilizar um medicamento para debelar a lesão.
No momento do “caso” a partida estava empatada a duas bolas e, diz a lei da coerência em prol da segurança dos intervenientes, deveria ter sido interrompida por aí. O incidente perturbou bastante a formação do Benfica que acabou por ser goleada por 5-2. Pedro Afonso acabou por ser transportado ao hospital padecendo de tonturas e de dificuldade em equilibrar-se.
Para além desta situação, o jogo primou pelo clima de violência com agressões de atletas do FC Porto aos do Benfica – principalmente os habitués Pedro Gil e Filipe Santos – bem como tentativas de agressão de dirigentes locais a jogadores do Benfica – sem qualquer actuação por parte do árbitro. Curiosamente, e depois do Benfica ter perdido a partida com a Juventude de Viana por uma agressão fora do Pavilhão e 2 horas antes do jogo, nada se fez em relação a este jogo e o FC Porto acabou por arrecadar mais um troféu. Caso para dizer: “Uns são filhos e outros são enteados!”
Ressentindo-se da ausência de Pedro Afonso e de Mariano Velásquez nos primeiros jogos, bem como da incompetência de Garrido, o Benfica iniciou o Campeonato de forma desastrada, só conseguindo vencer 7 dos primeiros 14 encontros. Apesar da goleada ao FC Porto (6-2), os empates em Alenquer (0-0) e nos Açores frente ao Candelária (2-2), e as derrotas em Porto Santo – por uns escandalosos 5-1 e imediatamente depois da vitória sobre o FCP – e contra o Famalicense em plena Luz (4-5) levaram ao despedimento do treinador – depois de mais uma derrota (2-4), desta feita em Barcelos.
A solução encontrada para o banco foi a que todos, ou quase todos, queriam: o regresso de Carlos Dantas. Depois de uma carreira consistente em Itália – com títulos “à mistura”, o conceituado treinador português encontrou alguns problemas com a disciplina dos seus atletas no Bassano – uma autêntica guerra Itália/Portugal, com jogadores lusos e até adeptos do clube ao barulho – e, então, o Benfica “abraçou-o” de novo, com o desejo de voltar aos grandes feitos do passado.
Há quem diga que os métodos de Dantas já estão a ficar ultrapassados, no entanto é inegável a sua capacidade de trabalho e de motivação. Às vezes até exagera nas suas constantes exigências! Como é daqueles que não se cala, causa algum desconforto, mas tem sempre o propósito de melhorar o nível técnico/táctico da equipa e a mentalidade dos atletas. Foi precisamente para isso que foi contratado!
Na fase de transição Garrido/Dantas, Nélson Lourenço assumiu internamente o comando da equipa e alcançou duas vitórias em outros tantos encontros. Depois da estreia vitoriosa de Dantas apareceu o confronto com o FC Porto. Em mais um jogo polémico, o Benfica perdeu por 3-1 com 4 jogadores do clube a verem cartões azuis – Pedro Afonso acabou mesmo por ser expulso.
A partir dessa derrota apareceu um Benfica muito mais seguro de si mesmo, apresentando um hóquei de grande qualidade e fazendo excelentes resultados. Até ao final da 1ª Fase do Campeonato o Benfica fez 8 jogos, vencendo 7 e perdendo apenas em Gulpilhares. Ainda assim a diferença na classificação já era de 10 pontos – tendo chegado a ser de 14.
Na 2ª fase, e com apenas 5 pontos de diferença para o 1º lugar, era expectável uma recuperação. Depois de 3 vitórias consecutivas – uma delas épica, em Barcelos (5-4) – apareceu mais um jogo em Fânzeres. Um castigador 4-0, praticamente decidiu o título ficando o Benfica a 8 pontos do rival, numa partida onde Carlos Dantas criticou veemente a atitude competitiva dos seus jogadores.
Os restantes 6 jogos do Campeonato foram quase um cumprimento do calendário, com o Benfica a claudicar em Barcelos e a entregar, matematicamente, o título ao FC Porto. No jogo seguinte, no Pavilhão da Luz, os nortenhos fizeram a festa conquistando um empate (5-5). É verdade que o jogo já não servia para nada mas apareceu novo festival de arbitragem, com 4 azuis para jogadores do Benfica – 3 para o FCP – e onde agressões portistas – mais uma de Reinaldo Ventura a Pedro Afonso – não tiveram a punição adequada.
Em épocas que o hóquei nacional está completamente na escuridão, sem transmissões televisivas e com pouco ênfase na imprensa, tornam-se bastante mais fáceis os “arranjinhos” – cada vez mais comuns na modalidade. Tudo o que descrevi nestes parágrafos dedicados a este belo desporto é bem claro e reflecte o estado em que está o mesmo.
A nível europeu, e ainda com Garrido no banco, o Benfica disputou a pré-eliminatória da Liga dos Campeões com o Vic de Espanha. Uma péssima exibição e um empate (2-2) na Luz comprometeu logo a eliminatória na 1ª mão e embora a mais-valia do adversário não fosse sumptuosa, acumularam-se erros que em alta-competição se pagam muito caro.
A viagem à Catalunha confirmou o que se esperava e um 4-2 sentenciou a eliminação do Benfica da prova – ganha pelos italianos do Follonica. Assim, a Direcção optou por concentrar esforços nas provas internas abdicando da participação na Taça CERS – uma competição já vencida pelo clube. Longe estão os tempos de boas prestações europeias do Benfica!
Na Taça de Portugal – 2 jogos com Garrido e 3 com Dantas – o Benfica teve uma presença bastante meritória. Eliminando Paço de Arcos (3-1) na Luz, HC Sintra (2-1), Portosantense (2-0) e Sesimbra (2-0) fora de casa, o Benfica atingiu a Final-Four – disputada no pavilhão da Mealhada. O sorteio da Meia-Final deu um clássico contra o FC Porto, e o 7º (!) confronto do ano entre as duas equipas!
Aí o Benfica teve alguma infelicidade mas sobretudo muita intranquilidade/inexperiência. Numa magnífica 1ª parte, o 4-1 no placard colocava os da Luz com um pé na Final da Taça. No entanto, uma recuperação fantástica do FC Porto – aliada a muita azelhice benfiquista – levou o jogo para o prolongamento (6-6). Depois, um golo de ouro acabou com a época do Benfica e possibilitou a dobradinha ao FCP – na Final derrotou a Juventude de Viana (7-4).
A mudança de treinador foi extremamente positiva e impulsionou o clube de forma significativa, infelizmente ainda não deu para regressar aos títulos. Mesmo com os rumores de dificuldades financeiras na Secção há a esperança num futuro risonho e para a próxima época a equipa reforçar-se-á com o goleador e internacional português Tó Silva e com o miúdo Vítor Hugo – que tão boa conta de si deu no último Mundial realizado neste Verão.
O plantel ainda não está fechado – deve faltar mais um jogador – embora o maior reforço da modalidade consiste na permanência do treinador. Tomba – definitivamente no Candelária – e Rui Ribeiro – emprestado à Oliveirense – são as saídas mais significativas. Há, finalmente, a implementação do playoff na modalidade e, assim, espera-se que o Benfica consiga regressar aos grandes momentos… já esteve mais longe!
Destaques Hóquei em Patins 2005/06
Figura: Carlos Silva
Revelação: Carlitos
Desilusão: Ricardo Barreiros
Obviamente que o Benfica tem muitas outras modalidades, no entanto não estou preparado para comentar o ano desportivo das mesmas devido a um relativo desconhecimento. As referidas anteriormente são as que acompanho ao longo dos anos e as que mais gosto. No entanto quero destacar um ponto muito negativo que é comum a todos os desportos de pavilhão do Benfica: a falta de público!
Um clube com tanto peso no país e com milhões de adeptos não pode ter, muitas vezes, o pavilhão “às moscas! É prejudicial para as equipas em campo e para o próprio clube. Há que implementar uma dinâmica de presença porque é daí que se retiram forças para os triunfos! Têm a palavra as Direcções das 4 Secções em discussão.
NDR: O post, elaborado por etapas durante sensivelmente um mês, surge na sequência deste e, portanto devido à sua extensão, quem quiser arquivá-lo – ou quem prefere ler documentos em vez de blogs – tem a opção de fazer download do mesmo aqui.
Bibliografia e Fotos: Serbenfiquista.com, HoqueiSLB.net e slbenfica.pt
Bibliografia e Fotos: Serbenfiquista.com, HoqueiSLB.net e slbenfica.pt
#publicado em simultâneo com os Encarnados