segunda-feira, setembro 25, 2006

Crónica 4ª Jornada - Nandinho, Lucílio e... uma mão cheia de equívocos!


A vitória frente ao Nacional apaziguou um pouco o vendaval de indignação e de desilusão da massa benfiquista, mas os mais atentos não ficaram convencidos com a prestação da equipa. A falta de coesão e de tranquilidade têm sido responsáveis por péssimos resultados fora de casa e a deslocação à “Capital do Móvel” tem sempre um elevado grau de dificuldade – relembrar as derrotas de Benfica e Sporting na temporada passada, por 3 golos.

Foi uma semana de grandes protestos em virtude da “mãozinha marota” que toda a gente sabe mas a grande curiosidade a retirar desta partida frente o Benfica, seria ver como iria reagir o Paços a todo o alarido feito na Comunicação Social. Se entraria com mais força para provar que a vitória em Alvalade não foi fruto do acaso, ou se acusaria o desgaste – emocional e físico. A equipa não é nada de especial em termos técnicos mas a fama de José Mota no que diz respeito à perfeição táctica já é reconhecida há bastante tempo.

E o terreno de jogo, não conta?

Petit e Nuno Gomes permaneciam a cumprir castigo, Rui Costa e Ricardo Rocha mantinham-se indisponíveis devido a problemas físicos, mas Manú regressava aos eleitos… ficando no banco.
A única mudança no 11, em relação ao último jogo, consistiu na colocação de Kikín Fonseca no banco sendo substituído pelo italiano Fabrizio Miccoli. Fernando Santos manteve o mesmo sistema de jogo – o 4-3-3 já visto frente o Nacional – embora o jogo de cabeça de Kikín faça muita falta!


Quem não “mata”, agora compromete mesmo

Muito frio, muita chuva e uma entrada em campo “enregelada” do Paços. O Benfica entrou a controlar e a dominar o jogo – como é a sua obrigação –, no entanto os primeiros minutos viram muito poucas oportunidades de golo. O primeiro lance “com cabeça, tronco e membros” surgiu ao “queimar” o quarto-de-hora e nos pés de Simão: o remate do capitão, já dentro da área e depois de uma finta “à Simão”, foi bem blocado por Peçanha. O Paços respondeu num fabuloso remate, de longe, de Elias ao qual Quim respondeu com a defesa da noite!

No minuto seguinte o Benfica marca! Bola na esquerda, nos pés de Léo, que ao fintar um adversário coloca em Paulo Jorge. O ex-boavisteiro leva a bola ao limite da linha de fundo e centra atrasado para a entrada da área, onde aparece Katsouranis que, vindo de trás, cabeceia para o fundo das malhas. Um belo golo!
Os restantes 20 minutos da 1ª parte foram muito pobres com o Benfica a retrair-se – parece sina depois de chegar à vantagem – e o Paços sem argumentos para desfeitear o meio-campo e defesa encarnadas. Destaque para a lesão de Nuno Assis e para novo remate de Katsouranis – desta vez de longe – que saiu um pouco ao lado.



A 2ª parte consistiu num festival de cartões, pouco futebol, displicência na finalização do Benfica, a continuação do “dilúvio”, e na pancadaria dos jogadores pacenses… sem qualquer intervenção do árbitro.
O Benfica deu o domínio da partida ao Paços mas foi mais perigoso. O jogo parecia controlado à distância e poderia ter sido sentenciado por Luisão e por Katsouranis mas o poste esquerdo de Peçanha não deixou.

Com a expulsão de Léo e com a colocação de Simão como #10 o Benfica deixou de conseguir construir mas o fraco poder ofensivo dos visitados não dava para mais. As alterações “nandinhescas” pioraram, e muito, a equipa como tem sido timbre nos últimos tempos… e quando José Mota decidiu arriscar ganhou a batalha!
Castigo para o treinador e para a equipa, que não soube ter a tranquilidade necessária para vencer. Começa a ser deprimente a costela looser do Nandinho…


Aprendam com o Paulo

Paulo Jorge tem estado em grande forma neste início de época, e mais uma vez provou a sua importância no plantel do Benfica. Raçudo, irrequieto e disponível para defender como sempre, mas de forma útil, fez um jogo a roçar o brilhante.
Ganhou quase todos os duelos individuais – quando tal não aconteceu a bola não ficou jogável – e está directamente ligado ao golo do Benfica, com um grande cruzamento para Katsouranis. Até nas declarações no fim do jogo esteve bem, para mim o melhor em campo!

Acima de todos, Quim não merece os recentes maus resultados! Mais um jogo sem falhas e com grandes destaques. 3 magníficas defesas: num remate fantástico de Elias, noutro de Dani e em resposta a um livre de Ronny. A habitual segurança nos cruzamentos, mas batido, sem hipótese, no golo da igualdade.

Nova grande exibição de Katsouranis! Um pouco mais adiantado do que o costume – Karagounis cobriu, muitas vezes, o seu lugar – foi protagonista dos lances mais perigosos do Benfica em toda a partida. Fez um belo golo de cabeça, e a pouco tempo dos 90 acertou no poste, falhando o 0-2.
Claramente a subir de forma e a ambientar-se ao seu papel na equipa, lançando a discussão da possibilidade de jogar apenas um trinco no 11 inicial – como acontecia há uns anos atrás.



Quando Simão esteve na sua posição reconhecida exibiu-se uns furos abaixo do demonstrado na última partida, ao ser “metido” no meio eclipsou-se completamente. Ao jogar no meio nunca demonstrou grandes argumentos e não seria num jogo complicado, num terreno difícil, que tal ia acontecer.
Poucos remates, cruzamentos ainda menos… um Simão medíocre! Com o estado das coisas também era difícil fazer mais.

A peça mais importante do meio-campo terá sido Karagounis. Serviu de “muleta” a Katsouranis quando o seu compatriota subiu no terreno, muito certo e desta vez sem “tiques” individualistas.
Tentou rematar mas, mais uma vez, falhou totalmente nesse capítulo. O “proscrito” acaba por ser dos elementos mais importantes dos jogos mais recentes. Mais uma prova da incompetência técnica que existe no clube!

Luisão fez um bom jogo! Sem falhas defensivas, conseguiu criar bastante perigo nos lances de bola parada. Chegou a atirar ao poste, seria o 0-2, num lance de grande poder físico. Não me parece que tenha responsabilidades no golo sofrido e foi mesmo com alguma exuberância que pautou as suas acções na defesa.

Alcides continua a ser titular mas a não demonstrar nada de superior em relação a Nélson. A sua estatura e poder físico não têm sido bem aproveitados e tem tido várias falhas defensivas que poderiam ser comprometedoras – algumas foram. Para além disso, a nível ofensivo não existiu, deixando a equipa coxa… o que vale é que Paulo Jorge vale por dois!
Nélson precisa jogar, rapidamente!



Nuno Assis estava a confirmar o seu grande momento de forma, era um dos melhores em campo, quando tem a infelicidade de se lesionar. O lance é, um tanto ou quanto, violento – resultou em 10 pontos no queixo – e obrigou à sua saída.
Muito veloz e com grande disponibilidade, a sua substituição – por alguém que não trouxe nada de positivo – comprometeu a estrutura e a exibição da equipa.

Mais uma vez, Anderson comete um erro clamoroso que resulta num golo do adversário. Muito certinho até aí mas ao esquecer-se completamente de João Paulo – o golo é igualzinho ao 2º de Linz, no Bessa – a sua falha custa, directamente, 2 pontos ao Benfica.
Um inicio de época para esquecer!

A análise a Léo divide-se em duas vertentes distintas. A primeira diz respeito à grande exibição que estava a fazer até ser expulso, defendendo irrepreensivelmente e atacando de forma acutilante… enfim o Léo a que já estávamos habituados!
Depois, ao cometer uma falta normalíssima – curiosamente, igual a uma que Manú sofreu uns minutos antes não tendo sido assinalada – perdeu o controlo e entrou em berzerk mode disparatando com tudo e todos. Lucílio desta vez não se esqueceu, e Léo comprometeu a equipa neste e no próximo jogo.



Completamente sozinho na frente de ataque, Fabrizio Miccoli passou ao lado do jogo. Qualquer pessoa minimamente inteligente consegue ver que só num lance de sorte esta opção táctica dará algum resultado. Muito bem fisicamente, a responder a todas as bolas, pelo que merece ser mais bem “tratado” pelo treinador. Começa a enervar ver que está a ser desaproveitado enquanto a equipa vai tendo maus resultados.
No único lance onde teve espaço rematou fraco e ao lado, depois de quase 1 hora de constante desgaste.

E por fim os suplentes Manú, Mantorras e Miguelito.

Manú foi o “fantoche” de Fernando Santos! Entrou e saiu sem se dar muito por ele, a bola também passou pouco pelo seu lado e já se sabe que tem vindo a perder fulgor nas suas prestações.
Mais uma exibição catastrófica de Miguelito. Entrou para cobrir o lado que Léo deixou exposto mas não conseguiu ter o fulgor do brasileiro. Responsável por “permitir” o centro que deu o golo da equipa da casa. Já é tempo de atinar, ainda não fez nada que justificasse a contratação!

Dos 20 minutos de Mantorras em campo, o grande destaque vai para uma atrapalhação em plena área que resulta num magnífico “calcanhar” que serve de assistência para Katsouranis atirar ao poste.
Muitas dificuldades para conseguir jogar, devido ao estado do terreno, e muita correria ao “pé-coxinho” com pouca produtividade. Não tenho ideia de remates que tenha feito.



Lucílio: One-Man Show

Apesar do péssimo resultado e das catastróficas opções de Fernando Santos, não podemos escamotear a vergonhosa arbitragem de um indivíduo rotineiro nestas andanças: Lucílio Baptista.
O árbitro de Setúbal, mais uma vez, quis ser o protagonista e desatou a “disparar” cartões por protestos, deixando-os “esquecidos” nas várias entradas duríssimas – que os provocaram in the first place, As duas expulsões devido a protestos são ridículas, ainda que tenho sido o Benfica a equipa mais prejudicada com a referida situação – 20 minutos mais cedo e num jogador mais importante/decisivo. Não houve um critério leal no trabalho de Lucílio!

Já muito se falou na expulsão de Léo, inclusive os responsáveis do Benfica mas, apesar de em termos técnicos ter sido correcta, não posso concordar com ela em virtude dos acontecimentos do jogo – toda a gente se lembra da expulsão incrível no Dragão, na época passada e com o mesmo árbitro, num lance onde nem sequer há falta. Haja coerência e não sempre para o mesmo lado! Expulsar o #5 com 2 amarelos por protestos quando Mangualde tem uma entrada, por trás e às pernas, sobre Katsouranis para vermelho directo e não é mostrado qualquer cartão – o amarelo seria o 2º, e nem sequer se assinalou falta –, é simplesmente patético. E Paulo Sousa também escapou à expulsão ao ser-lhe perdoado o 2º amarelo por nova entrada dura sobre Paulo Jorge.

Continuo a não perceber a razão válida para a amostragem de amarelos a Simão e a Quim. Se a justificação é perda de tempo, a coerência não está presente novamente porque muitas outras coisas, algumas bem piores, passaram impunes na Mata Real! Por exemplo, Ronny passou o jogo todo a pedir amarelos para os adversários e apenas viu o cartão ao minuto 88… por simular uma falta!
O cartão amarelo a Paulo Jorge – por agarrar um adversário, perto da área do Paços – é inacreditável!
Mais uma vez Lucílio foi habilidoso – tal como os restantes constituintes da equipa de arbitragem –, comprometendo o espectáculo de forma peremptória pela revolta que causou nos atletas e nos espectadores. Tudo isto, aliado a anteriores “exibições”, faz-me continuar a duvidar da idoneidade deste árbitro. Acho que tenho esse direito!



“A bola de neve”

Já não há paciência para o gigantesco medo que Nandinho patenteia no banco do Benfica. Este jogo em Paços de Ferreira foi um hino à incompetência, à falta de pulso e ao desnorte total de um treinador.
Expectante por um jogo num campo difícil, contra uma equipa que joga duro e em força, – e ainda por cima com mau tempo –, Fernando Santos opta por uma frente de ataque de “ratinhos”, deixando Kikín no banco. Portanto, cedo deu para ver que num terreno muito molhado e num campo curto, a técnica individual ia dar poucos proveitos. Fernando Santos não foi desta opinião e manteve tudo na mesma.

E depois interrogo-me sobre o que faz Fabrizio Miccoli, um jogador explosivo e que deve jogar solto e a vir de trás, colado a dois centrais com o dobro da sua altura! Resultado: mal tocou na bola, teve de vir procurar jogo de forma inútil, não ficando ninguém na área. As bolas bombeadas para o seu 1.68 m são outro caso à parte, propício de equipas sem qualquer fio-de-jogo, mas que já não são exclusivo deste ano… apesar de continuar a ser perpetuado.

O que dizer das patéticas substituições? Com a infeliz lesão de Nuno Assis, Nandinho comete erro duplo ao apostar noutro jogador de baixa estatura – Manú, um terceiro ala –, deixando novamente Kikín no banco. Mas mais grave que isso, colocando Simão numa posição onde rende muito pouco, “minando” o seu futebol. Invenções ao máximo! O #18 acaba por ser risivelmente substituído, com a expulsão de Léo e para entrar Miguelito, mas continua o “abandonado” Miccoli no centro do ataque. Novo erro cometido ao fazer entrar Mantorras – outro jogador com dificuldades físicas – não dando um único minuto ao mexicano. Haja paciência para isto, que eu já não tenho nenhuma!



A equipa joga mal e de forma desconcentrada, o índice de finalização é ridículo – porque as bolas não chegam em condições na frente de ataque e também porque não há tranquilidade para finalizar – e depois há indisciplina, baseada num deficiente controlo emocional.
Esse controlo emocional deveria ser responsabilidade de Fernando Santos… mas já todos sabemos que é um zero nesse capítulo. Também grave é a perturbação nos processos defensivos, nas horas de maior aperto, especialmente nas partes finais dos jogos. Anderson tem sido o mais complicativo e desastrado, o que é surpreendente em virtude da sua categoria!
E porquê defender sistematicamente o 0-1?

Analisando concretamente as coisas, e quem tem acompanhado o que escrevo sabe facilmente o que penso deste treinador e desta época, enquanto Fernando Santos se mantiver ao comando do Benfica resta pensar em 2007/08. Já são 8 pontos de diferença para o 1º classificado e ainda só se jogaram 4 jornadas! Confesso que estou com receio do confronto com o Manchester United, já há muito tempo que não tinha tanta desilusão e descrédito numa equipa do Benfica.
Até quando os resultados terão de continuar maus para se tomar uma atitude?

NDR: Simplesmente imperdível o diálogo – inaudível, mas claro – entre Beto e Kikín Fonseca, ao intervalo do jogo, referente aos “atributos” das cheerleaders. Quem pôde assistir à cena não se terá inibido de, pelo menos, esboçar um sorriso perante os gestos do brasileiro – confesso que me saiu uma sonora gargalhada, tal como ao mexicano. Foi o melhor da transmissão do jogo!

Deixo, ainda, um breve resumo da partida, da autoria do sempre prestável Xander.




Ficha do Jogo:

4ª Jornada da Liga BWin

Estádio da Mata Real, em Paços de Ferreira

Árbitro: Lucílio Baptista (Setúbal)

PAÇOS FERREIRA – Peçanha; Mangualde (Pedrinha, 73 m), Geraldo, Luiz Carlos e Fredy; Elias (Renato Queiróz, 59 m), Paulo Sousa e Dani; Didi (João Paulo, 83 m), Ronny e Cristiano.

SL BENFICA – Quim; Alcides, Anderson, Luisão e Léo; Nuno Assis (Manú, 29 m) (Miguelito, 56 m), Katsouranis e Karagounis; Paulo Jorge, Fabrizio Miccoli (Mantorras, 67 m) e Simão.

Disciplina: Amarelos a Anderson (17 m), Karagounis (29 m), Mangualde (43 m), Léo (53 m + 53 m), Luiz Carlos (59 m + 76 m), Simão (84 m), Quim (85 m), Ronny (88 m) e Paulo Jorge (90 m). Vermelhos por acumulação a Léo (53 m) e Luiz Carlos (76 m).

Golos: 0-1, Katsouranis (24 m); 1-1, João Paulo (90+2 m).


#Fotos: AFP-Getty Images, Reuters e Record

#adicionado a Crónicas 06/07

#publicado em simultâneo com o Encarnados