quarta-feira, setembro 13, 2006

Crónica Fase Grupos Liga Campeões - Nandinho, andas a brincar aos futebóis?!


Alerta Geral! A calamitosa exibição no Bessa colocou todos em sentido e fez alguns acordar de uma espécie de “dormência” pela presença de Fernando Santos no clube.
Para muitos, comigo incluído, seria na Dinamarca que Nandinho teria o teste decisivo da sua competência e capacidade de gestão do grupo… não vencer significaria extinguir por completo o, já diminuto, apoio da massa benfiquista.
O regresso de Simão seria a grande novidade da equipa, factor motivador para os restantes companheiros e, obviamente, para nós adeptos. A inclusão do #20 é sempre um acrescento de qualidade para qualquer equipa portuguesa, principalmente numa que não tem estado bem e que precisa de um “boom” de qualidade.

Tal como o anterior adversário europeu, este FC Copenhaga deveria ser uma presa fácil para um Benfica em bom nível. Não me recordo de nenhum clube dinamarquês que alguma vez tenha tido uma equipa forte – Aalborg e Brondby talvez os mais conhecidos – e mesmo com a eliminação “miraculosa” do Ajax – num jogo de claro “tiro ao boneco“ – seria péssimo não trazer os 3 pontos. Imperativo, portanto, exigir aos profissionais uma ambição e respeito pela grande campanha da época passada.

Há “mudanças” e mudanças

Muitos condicionantes envolviam a construção de um 11 titular para esta partida. Para além do facto da derrota copiosa no Bessa ter deixado ficar a ideia que era preciso modificar qualquer coisa, o grande poder físico de uma equipa nórdica teria de ser levado em conta. Portanto, havia que apostar em jogadores mais altos, mais fortes e com menos estigmas da 2ª jornada da Liga BWin.

Fernando Santos teve essa dialéctica na cabeça mas não a expôs na sua plenitude. Sendo assim, Nélson perdeu o lugar para o “robusto” Alcides, Ricardo Rocha e Simão substituíram Anderson e Miguelito – muito infelizes no Bessa –, Paulo Jorge regressou à titularidade em detrimento de Manú – muito inconsequente no último jogo – e Nuno Assis ocupou o lugar do lesionado Rui Costa.

É, precisamente, nesta última aposta que eu estou em desacordo com Fernando Santos. Para além de o considerar directamente responsável pelo agravamento da lesão do “Maestro” – que vai falhar também a 3ª jornada da Liga –, penso que teria sido bem mais produtivo ter Kikín na frente com Nuno Gomes no apoio, ao invés de Nuno Assis. É este “abandono” do ponta-de-lança que tem sido um dos graves problemas deste Benfica 2006/07!
Para marcar golos e jogar futebol ofensivo é necessário um “poder de fogo” bem mais visível, com apenas um avançado e com os extremos em menor produção as coisas ficam bem mais complicadas.


Na categoria “Miserável”: nota 20

O jogo foi tão fraco e tão desprovido de momentos “perigosos” que um resumo do mesmo se torna muito curto. O Benfica entrou muito mal na partida, como vem sendo normal, sendo dominado na totalidade pelo Copenhaga na primeira meia-hora.
A equipa da casa insistiu nos remates de longe e nalguns cruzamentos perigosos – Gronkjaer, Berglund e Silberbauer foram os protagonistas. Do lado do Benfica apenas por duas vezes existiu algum perigo, num lance de Simão invalidado erradamente, e na sequência de um pontapé-de-canto, Luisão falha o remate chegando demasiado atrasado.

A história do jogo terá mudado com a lesão grave do internacional dinamarquês Jesper Gronkjaer – ex-Chelsea, Estugarda e Atlético de Madrid –, ausência que limitou física e psicologicamente os locais. A saída de campo da “estrela” fez com que o Benfica dominasse a restante partida, na totalidade, apesar de não ter feito um único remate nos primeiros 45 minutos.

A entrada na 2ª parte foi, de facto, bastante melhor e durante uns 10/15 minutos o Benfica procurou fazer o golo – Luisão tem uma boa oportunidade para isso, num remate interceptado por Hangeland, depois de um canto – no entanto o “gás” foi-se perdendo rapidamente e só Paulo Jorge, num estoiro ao poste, mostrou ambição. 20 minutos finais vergonhosos, a defender o resultado na “retranca” e num coro de assobios brutal! O estreante Copenhaga tentou rematar, procurando sempre o golo, mas infrutiferamente… a falta de qualidade foi bastante visível e não ajudou!



Em terra de “gigantes” quem tem “altura” é rei

A categoria de Luisão vê-se, também, na sua capacidade de “renascer” depois de passar por maus bocados. São já comuns as grandes exibições depois de momentos menos bons e na Dinamarca – depois de algumas hesitações frente ao Boavista – rubricou a melhor prestação de todos os jogadores em campo.
Imperial, como é regra, no jogo aéreo mas também muito certo pelo chão, fez uma dupla de grande ajuste com Ricardo Rocha. Controlou a defesa de forma exemplar e até protagonizou a maioria dos lances perigosos do Benfica.

Em condições normais, sem o discernimento comprometido, Petit é sempre uma das peças mais influentes e regulares do Benfica… tem sido assim, desde que se transferiu do Boavista. Nesta partida, o internacional português, foi protagonista das melhores acções defensivas do meio-campo e tentou, de forma consistente, comandar as poucas movimentações atacantes. Menos expedito, tal como tem sido hábito neste Benfica de Fernando Santos, no capítulo do remate mas muito mais disciplinado. Um dos melhores em campo!

Regresso oportuno de Paulo Jorge à titularidade com mais uma exibição de raça e de luta. Não é um prodígio de técnica, nem tem tanta velocidade como Manú, mas tem-se mostrado nesta nova etapa da carreira e a continuar assim pode ganhar o lugar.
É protagonista da melhor jogada benfiquista no encontro, ao fintar 2 defesas e rematar ao poste.



Ricardo Rocha está num excelente momento de forma! Depois da boa prestação na Finlândia ao serviço da Selecção Nacional, fez também um excelente jogo neste regresso à titularidade no centro da defesa benfiquista.
Mostrou-se muito impetuoso – como é seu timbre – mas correcto e disponível. Ofensivamente também tem registo, ao estar envolvido na já citada jogada na qual Luisão falha o golo.

5 meses depois, Simão Sabrosa voltou a jogar pelo Benfica… e não se pode dizer que fez a diferença. Um jogador da sua categoria tem sempre grande exigência nas suas prestações e quando “faz pouco” a crítica sobe de tom. O capitão ainda está muito longe do fulgor já apresentado e, como o estatuto não joga, a exibição tem pouco de positiva. Ainda muito preso e um pouco alheado do resto da equipa, foi tardiamente substituído. Espera-se que consiga adquirir o ritmo competitivo necessário para “rebentar” nesta época, porque um grande Simão não falha o golo só com o keeper pela frente…

A constante segurança na saída aos cruzamentos e a atenção necessária para as restantes intervenções. Mais um jogo sem falhas de Quim, e mesmo com o pouco – e atarantado – trabalho existente não se deixou “resfriar” e soube dizer “presente” de cada vez que foi necessária a sua acção. Estou a gostar bastante desde início de época do #12.



Katsouranis viu-se muito pouco, não só pelas características específicas da partida mas também pelo grande jogo de Petit. Algumas perdas de bola e pouca acutilância ofensiva, numa exibição regular. Precisa mostrar mais para ser uma peça fundamental, como se costuma dizer: “nem é carne nem é peixe”! Confesso que, até ao momento, estou um pouco desiludido com esta contratação!

Nuno Assis acabou por ser uma aposta falhada de Fernando Santos, visto que o seu futebol resumiu-se a jogar para o lado e para trás. Muitas dificuldades físicas pelo facto se ter menos “meio metro” que os seus marcadores directos, e muitos passes errados… completamente ao lado do jogo!

O grande problema de Alcides é a sua inépcia total em termos atacantes, tão necessária que seria neste jogo – nenhum dos laterais funcionou nesse aspecto. Defensivamente esteve bem, e o seu jogo de cabeça foi importante. Viu um amarelo tão ridículo quanto escusado, por atirar a bola para longe numa falta a meio-campo.



Começa a preocupar a má forma de Léo neste início de temporada! Com problemas físicos ainda por debelar, o internacional brasileiro tem estado a “anos-luz” das suas performances do ano passado.
A lentidão e a incapacidade de pique têm limitado o seu futebol quer a nível ofensivo quer a nível defensivo. Já deu para perceber que precisa de trabalhar muito porque mesmo com um adversário limitado teve muitas dificuldades para cobrir a sua ala.

Mais uma vez Nuno Gomes é protagonista de uma exibição muito pobre, quase nem se deu pela sua presença! A desculpa não pode estar toda no facto de estar muito desapoiado – este esquema, com estes jogadores, não o favorece – porque pelo 2º jogo consecutivo não faz um único remate à baliza.
O Benfica precisa de um ponta-de-lança que faça golos, se o Nuno não os consegue fazer de momento… tem de dar o lugar a outro elemento do plantel.



E por fim os suplentes Manú e Kikín Fonseca.

As substituições operadas não passaram de uma tentativa acobardada de queimar tempo. Nos pouquíssimos minutos que estiveram em jogo, Kikín e Manú, mal tiveram tempo para tocar no esférico – penso que o mexicano nem sequer o terá feito – quanto mais para ser uma real mais-valia ao futebol do Benfica.

Da Rússia mas com pouco “love”

Foi uma má arbitragem, a que foi protagonizada por Iouri Baskakov e pelos seus colegas de equipa. Com bastantes “tiques” nórdicos, pactuou com as entradas mais duras dos da casa. Alguma sobranceria mas que dava a ideia que não possuir qualquer critério… por vezes parecia que se tinha esquecido dos cartões no balneário. Faltou ainda, do lado benfiquista, um amarelo para Léo por uma falta dura sobre Jacobsen, junto à bandeirola de canto.

No que diz respeito ao trabalho dos árbitros-auxiliares é fundamental identificar um erro grosseiro, numa jogada de golo eminente de Simão que acabou por ser interrompida com base num fora-de-jogo que não existe. Não houve influência no resultado mas poderia ter havido, caso o referido remate tem entrado na baliza.
Ultimamente, a Arbitragem Russa não está, também, num bom momento!



”I told you so”

As exibições, os resultados mas principalmente a postura do treinador, e da própria equipa, do Benfica começam a ser enervantes para o comum dos benfiquistas.O grande problema é que, muitas pessoas, ainda não se consciencializaram que o estilo deste Benfica 2006/07 é o mesmo que todas as equipas de Fernando Santos tiveram desde sempre! Falta de atitude e de ambição, um futebol amorfo e sonolento e que, de forma grave, divorcia os adeptos do clube que gostam… um conformismo e derrotismo absolutamente nojento!

Em Copenhaga foi tal e qual como descrevi acima! O Benfica não quis ganhar, os únicos movimentos atacantes que existiram foram algumas jogadas individuais de jogadores que queriam algo mais, mas que eram diluídos no esquema geral. O adepto baseando-se neste jogo, mas também no historial deste honrado mas lastimoso Copenhaga – que, tal como o Áustria de Viena, lutaria para não descer em Portugal –, terá a certeza que o resultado é muito, mas muito mau. Como disse o grande Simões, na transmissão do jogo, seria um bom resultado se Manchester e Celtic não fossem ganhar à Dinamarca… o que é pouco provável.

Fernando Santos teve medo, mas muito medo de perder e só assim se explica que a 1ª substituição – de somente duas – seja feita apenas aos 80 minutos de jogo e para manter tudo na mesma. Com um treinador ambicioso os 3 pontos seriam perfeitamente viáveis já que o ataque dos locais foi sempre inconsequente, atabalhoado e, mesmo, infantil!E assim, todos nos perguntamos: Nandinho, andas a brincar com isto ou não sabes o que andas a fazer?




E depois são as declarações patéticas que me cegam o discernimento. O “Vamos rectificar” depois de uma humilhação no Bessa, o “Estamos todos de parabéns!” depois desta miserável exibição – desprestigiante para um clube como este – mas o pior de tudo é que consegue interiorizar nos jogadores que “Estivemos bem!” Não posso pactuar com este tipo de coisas, o Nandinho está a destruir – acho que já o conseguiu – uma equipa coesa e uma mentalidade ganhadora e ambiciosa… reinventada de forma fantástica há 4/5 anos.

É sintomático que, para mim, Luisão tenha sido o melhor jogador em campo, nesta 4ª feira europeia. Que saudades de um futebol atacante, de espectáculo e de resultados!O Benfica remata pouco e joga ainda menos. Tudo na expectativa, tudo parado e desconexo, sem chama, sem alma, sem classe, sem força… uma vergonha, um nojo!Assim, amigos benfiquistas, estamos a caminhar para o abismo, enquanto a Direcção assobia para o lado. Não tenham vergonha de assumir as responsabilidades desta patética opção para treinador! São necessárias medidas para combater esta hecatombe que se apoderou do Benfica, mas medidas imediatas, antes que seja tarde demais.

Ainda nada está perdido e, enquanto há tempo, a demissão de Fernando Santos é imperativa, já que o “Engenheiro” não a vai assumir de certeza! O Campeonato é longo e 3 pontos são perfeitamente recuperáveis. Na próxima jornada da Champions, o Benfica recebe na Luz o “todo-poderoso” Manchester United e com uma figura consensual, competente e ambiciosa no banco há hipóteses de dar uma reviravolta neste “espírito maligno” e, talvez, vencer.
José Antonio Camacho e Sven-Göran Eriksson estão desempregados, será assim tão difícil tentar a sua contratação?




NDR: É verdadeiramente fantástico ver que a esmagadora maioria de ex-jogadores do clube ficam a nutrir enorme respeito e carinho pelo Benfica. Apesar de Michael Manniche já não ser do meu tempo – nunca o vi jogar – todos sabemos que foi um jogador muito importante no clube e o facto de ainda falar com orgulho e saudade – “Foram os melhores 4 anos da minha vida!” – do SLB, é motivo de orgulho para nós adeptos. O dinamarquês merecia muito mais que este pobre desempenho!

Ficha do Jogo:

1ª Jornada da Fase de Grupos da Liga dos Campeões

Parken Stadion, em Copenhaga

Árbitro: Iouri Baskakov (Rússia)

FC COPENHAGA – Christiansen; Jacobsen, Hangeland, Gravgaard e Bergdolmo; Silberbauer, Norregaard, Linderoth e Hutchinson; Gronkjaer (Kvist, 44 m) e Berglund (Pimpong, 73 m).

SL BENFICA – Quim; Alcides, Ricardo Rocha, Luisão e Léo; Petit e Katsouranis; Paulo Jorge, Nuno Assis e Simão (Manú, 80 m); Nuno Gomes (Kikin Fonseca, 89 m).

Disciplina: Amarelos a Alcides (31 m) e Norregaard (45+1 m).

#Fotos: AFP-Getty Images

#adicionado a Crónicas 06/07

#publicado em simultâneo com o Encarnados