segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Crónica 18ª Jornada - E entregarem as Faixas?!



Depois do que vi, uma hora e picos antes, e em pleno Dragão, perdi muita da vontade que tinha em acompanhar este jogo. Obviamente que mais um roubo inacreditável noutro campo, e impune como sempre, nunca irá justificar mais uma má exibição do Benfica em casa. Basta pensar um bocadinho, se tiverem paciência e capacidade para isso. Mas falseado é mais bonito, com certeza! O Benfica, frente ao Nacional, mostrou que não tem estofo, não tem classe, não tem fio-de-jogo, não tem tranquilidade, não tem eficácia, não tem mentalidade vencedora constante, não tem opções credíveis no banco, não tem talento indiscutível, não tem... nada. Ou melhor, aquilo que tem é medíocre e isso, meus caros, só não vê quem não quer. A culpa não é minha, de certeza. Mas se eu não tenho dinheiro que chegue para um Mercedes, e ando num Renault, isso dá direito a que o meu vizinho ande num BMW roubado? E ainda seja elogiado e congratulado por isso?

Já que do jogo propriamente dito há pouco para dizer, e até a arbitragem passou algo despercebida, começo então por escrever qualquer coisa sobre o momento do Benfica. Respondendo, então, aos muitos que me acusam de Camachista, como se isso fosse sinónimo de lepra ou coisa pior, quero dizer que a simpatia pessoal que tenho para com o espanhol nunca irá camuflar ou relativizar os seus erros. E muito menos os grosseiros, já me deviam conhecer! No entanto, acho lamentável arranjar-se um bode expiatório para focar todas as frustrações desta época, quando sabemos que o principal responsável não é Camacho. Sim, Camacho comete muitos erros nas substituições, e, neste jogo, substituir Nélson, mantendo Luís Filipe em campo, é qualquer coisa próxima de uma aberração.

Tirar Di María, o melhor jogador do Benfica nesta partida, é um erro grosseiro, mesmo que a entrada de Mantorras fosse uma exigência. Não percebo porque ficou Maxi Pereira, e o que faz ele como titular do Benfica? Camacho tem estado muito passivo, tem dado demasiadas entrevistas, tem falado demais do que pouco interessa e nada do que interessa realmente. Camacho parece alheado deste Benfica, parece distante, parece... um elefante numa loja de porcelana. Não preciso voltar a escrever sobre os erros de planeamento, do início de época, porque toda a gente os conhece, mas o que é certo é que a equipa tem rendido muito menos do que aquilo que se espera… mesmo com um dos piores plantéis dos últimos anos. Parece-me óbvio, e isso não é tolerável!


Pensei que, com a abertura do Mercado, alguns dos problemas da equipa seriam resolvidos, nomeadamente a posição de box-to-box e de extremo-direito. Com dinheiro ou sem dinheiro, já nem sei em quem acreditar, o que é certo que as contratações estão longe do exigível e nenhuma delas preenche posições deficitárias. Mas essa análise, mais detalhada, está guardada para um post que já tenho preparado e que sairá na próxima semana. Aí poderão confirmar ou discordar de mim, nesse aspecto. Como complemento desta minha opinião, consultem um texto deste ilustre benfiquista, que vai de acordo com a minha visão do actual momento da equipa do "melhor plantel dos últimos 10 anos". Até esta "espécie de jornalista" diz coisas muito acertadas!

Mais do que devido aos vários erros de Camacho, alguns grosseiros e profundamente irritantes, falta no Benfica um grande jogador como Simão. Muitas vezes só depois de alguém sair é que vemos a sua fundamental importância. E Simão foi, claramente, o melhor jogador do Benfica que pudemos ver em muitos anos. Um assistente irrepreensível, um goleador, um marcador de livres e cantos e, acima de tudo, um motor-de-jogo de grande nível. Tudo passava por ele, e agora não há ninguém com a sua qualidade, regularidade e preponderância. O Benfica está orfão de Simão. O Benfica… era Simão. E isso não foi só na temporada passada, foi-o durante todos os anos em que cá esteve.



Para aqueles que têm saudades de Fernando Santos tenho uma resposta: tenham saudades de quem ganhou alguma coisa no clube, de alguém que mostrou resultados à altura do Benfica. Eu, quando tenho saudades de um treinador, tenho-as de um Eriksson, não de um Fernando Santos, Graeme Souness ou Paulo Autuori. Exijam mais de vocês, e exijam mais do Benfica. É esse o caminho para termos um Benfica mais forte! Mas, no entanto, se me perguntarem se a solução para este momento passa pelo despedimento de Camacho direi que não. Direi que só me contento se o despedimento do espanhol tiver incluído o afastamento do Director de Futebol do Benfica. Esse sim, um incompetente com créditos firmados e, surpreendentemente, com tolerância infindável. O que falta para a maioria ver o óbvio? Até quando?

A ter de abdicar de Camacho, para que Luís Filipe Vieira não tenha o comando do futebol, fá-lo-ei sem pestanejar. Despedir Camacho poderá agradar às massas, até porque me parece que é isso que a maioria já quer e com todo o direito que lhe assiste, mas não resolverá nada. Ou melhor, resolverá muito pouco, se é que acham que Camacho é um problema. E daí talvez seja! No entanto, o próximo infeliz, que só aceitará o cargo com uma dose de loucura, voltará a ser trucidado em poucos meses... tal como Camacho já está a ser. Enquanto não se arranjar alguém com tarimba, e benfiquismo a sério, para comandar do topo, o fim será sempre este. Rui Costa tem, também, os dias contados para o enxovalho público. Aposto com quem quiser. Se o Maestro se aliar a Vieira estará a cometer o pior erro da sua carreira desportiva...

NDR: Uma coisa são as brincadeiras de adeptos, e a provocação entre aqueles que não fazem parte do espectáculo desportivo, de forma directa. Outra coisa é a triste imagem que fica, depois de uma derrota do Sporting no Restelo – que até me deixou feliz, claro –, através da utilização de uma conhecida música de Caetano Veloso. Tem alguma piada o speaker do Belenenses passar o “Leãozinho”, de facto, mas há que saber ganhar e o respeito institucional pelo adversário não deve ser “uma treta”. Eu, se fosse sportinguista, não tinha gostado de ouvir. Humilhar não é dignificante.

E mais uma vez critico o comportamento de alguns adeptos do Benfica, nomeadamente os responsáveis pelas tochas no relvado e pelos petardos perto das bancadas. Tenham vergonha, e não sujem o nome do clube que amam!

Ficha do Jogo:

18ª Jornada da Liga BWin

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Olegário Benquerença (AF Leiria)

SL BENFICA: Quim; Luís Filipe, Luisão, Edcarlos e Nélson (Léo, 67 m); Maxi Pereira, Katsouranis, Petit e Di María (Mantorras, 79 m); Nuno Gomes (Cristián Rodríguez, 39 m) e Óscar Cardozo.

NACIONAL MADEIRA: Bracalli; Patacas, Ricardo Fernandes, Fernando Cardozo e Alonso; Cléber e Edson; Juninho (Adriano, 68 m), Juliano e Fábio Coentrão (Ricardo Pateiro, 74 m); Rodrigo (Lipatin, 63 m).

Disciplina: Amarelos a Di María (77 m) e Adriano (80 m).

#Fotos: AFP-Getty Images

#adicionado a Crónicas 07/08

#publicado em simultâneo com o Encarnados