Após o seu término, a actuação do Benfica no Mercado de Transferências desta época está próxima de uma catástrofe total. Não quero discutir anteriores idas ao mercado, nem tão pouco anteriores (ir)responsáveis pelas mesmas, até porque não é esse o objectivo deste post. Para Portugal ver, o Presidente do Sport Lisboa e Benfica afirmou às câmaras de televisão que, finalmente, tinham acabado os "descarregamentos de jogadores": algo tão popular nas desastrosas presidências de Manuel Damásio e João Vale e Azevedo. Segundo Luís Filipe Vieira, o que for contratado tem de representar uma mais-valia indiscutível, e para a titularidade, caso contrário a opção passa pelas camadas jovens encarnadas. Como devem saber, não estou a inventar nada. As declarações são públicas.
Ora, tal desiderato parece-me uma política desportiva mais do que óbvia e perfeitamente compreensível aos olhos do adepto comum. Política desportiva, essa, que foi mantida durante muitas décadas, com o reconhecido sucesso em muitos anos de história benfiquista. Compreendo, obviamente, que os jogadores jovens com menos experiência precisem de jogar para evoluir – vejamos o exemplo do empréstimo de Rui Costa ao Fafe. Mas não é isso que está em causa, não é isso que critico! O que me deixa preocupado é a mentira. Na realidade, o encaixe financeiro obtido com as vendas de Simão e de Manuel Fernandes não trouxe mais-valias imediatas, de acordo com a qualidade dos citados, e as saídas de Miccoli e Karagounis agudizaram a fraca/mediana qualidade do plantel actual. Qualidade, concretizando melhor, no que diz respeito a jogadores que possam ser mais-valias, no imediato. Os tais jogadores com tarimba, que decidem partidas. Sendo assim, deixo uma lista das contratações realizadas esta temporada:
Agosto/Setembro
Gonzalo Bergessio (Racing Club de Avellaneda, 2.5 milhões de euros por 50%)
Edcarlos (São Paulo FC, 1.8 milhões de euros)
Fábio Coentrão (Rio Ave FC, 900 mil euros)
Hans-Jörg Butt (Bayer 04 Leverkusen, custo zero)
Marco Zoro (FC Messina, custo zero)
Óscar Cardozo (Club Atlético Newell's Old Boys, 9.1 milhões de euros por 80%)
Sreten Sretenovic (FK Rad Belgrad, custo zero)
Jaílson (Rubin Kazan, valor desconhecido)
Andrés Diáz (Club Atletico Rosario Central, 2 milhões de euros por 50%)
Ángel Di María (Club Atletico Rosario Central, 4 milhões de euros por 80%)
Freddy Adu (Real Salt Lake City, 1.5 milhões de euros)
Luís Filipe (Sporting Clube Braga, 500 mil euros)
Gilles Binya (Mouloudia Club Oranais, 300 mil euros)
Cristían Rodríguez (FC Paris St. Germain, empréstimo)
Maxi Pereira (Defensor Montevideo, 3 milhões de euros por 70%)
Janeiro
Laszlo Sepsi (Gloria Bistrita, 2.5 milhões de euros)
Rafik Halliche (Hussein Dey, 300 mil euros)
Aziza Makukula (Sevilha/Marítimo, 3.5 + 0.5 milhões de euros)
São 18 contratações, as suficientes para uma convocatória completa. E isto tudo, não contando com os reforços para os juníores e os empréstimos ao Desportivo das Aves de Yu Dabao, Romeu Ribeiro e Miguel Vítor... os tais jovens das escolas em quem se deve apostar, se não existirem contratações de jogadores com cartel. A soma do valor das contratações acima mencionadas ultrapassa, efectivamente, os 32 milhões de euros. O maior investimento da História do Benfica! Serão todos óbvias mais-valias para a titularidade? Não é isto um “descarregamento de jogadores”? É este o caminho do Benfica? Se me perguntarem se sou um adepto da contratação de jovens, direi que sim. Mas as grandes equipas não são só feitas de jovens, há que ter talentos de classe que resolvam jogos de forma consistente. Depois, outra coisa que me preocupa são os 16% de portugueses contratados… um deles o Luís Filipe. A não-renovação de contrato com o melhor lateral-esquerdo encarnado, dos últimos 15 anos, é a cereja no topo do bolo. Lamentavelmente, parece que já é oficial.
Gilles Binya, Óscar Cardozo e, pelo potencial, Ángel Di María parecem-me contratações de qualidade, tal como se tem revelado o empréstimo de Cristián Rodríguez. Todos os outros têm falhado, ou por falta de qualidade ou por falta de experiência... 6 destes 18 jogadores já nem sequer fazem parte do plantel. Agora em Janeiro - e abstendo-me de fazer considerações sobre os desconhecidos Sepsi e Halliche, que nunca vi jogar -, chegou o internacional português Makukula. Por princípio tenho de ser contra esta contratação, mas fico à espera que ele me surpreenda positivamente. É um jogador com alguma qualidade, e com um grande jogo de cabeça – algo que não havia no plantel –, mas já tem uns 27 anos com largo historial clínico. No entanto, posso dizer que gosto de jogadores humildes, e disso, o luso-congolês tem às carradas. Vamos ver se é reeditada uma dupla, com Óscar Cardozo, ao estilo João Tomás/Van Hooijdonk.
Mas o mais preocupante, desta reabertura de mercado, nem é a ausência de reforços de peso, que acrescentem uma indiscutível qualidade à equipa. Pelo menos era para isso que eu pensava que estes reajustamentos serviam. O que é preocupante é que as duas posições da equipa que mais precisavam ser reforçadas – até porque não há nenhum box-to-box, nem sequer um extremo-direito – não tenham tido novidades. E assim, com um ano inteiro para encontrar dois jogadores de qualidade para esses lugares, o plantel continua com as mesmas carências. Carências essas de que o treinador já se queixou e que, inclusivamente, até pediu para serem colmatadas. À equipa continuam a faltar-lhe alguns craques, que possam decidir jogos quando o colectivo não funciona... o que nos últimos tempo tem sido quase sempre. Para quê ir ao mercado, então?
Fonte: Transfermarkt
Fotos: Site Oficial
#publicado em simultâneo com o Encarnados
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Mas o mais preocupante, desta reabertura de mercado, nem é a ausência de reforços de peso, que acrescentem uma indiscutível qualidade à equipa. Pelo menos era para isso que eu pensava que estes reajustamentos serviam. O que é preocupante é que as duas posições da equipa que mais precisavam ser reforçadas – até porque não há nenhum box-to-box, nem sequer um extremo-direito – não tenham tido novidades. E assim, com um ano inteiro para encontrar dois jogadores de qualidade para esses lugares, o plantel continua com as mesmas carências. Carências essas de que o treinador já se queixou e que, inclusivamente, até pediu para serem colmatadas. À equipa continuam a faltar-lhe alguns craques, que possam decidir jogos quando o colectivo não funciona... o que nos últimos tempo tem sido quase sempre. Para quê ir ao mercado, então?
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