Um autêntico milagre! Não pelo facto do Benfica ter salvo a eliminatória, nos minutos finais, com os três jogadores que vieram do banco. E aí Camacho teve a sorte de conseguir emendar um 11 inicial absolutamente incompreensível, e uma irritante inércia na altura de tentar mudar o cariz da partida. O milagre é o facto de uma equipa que tem uma coisa chamada Luís Filipe, um autêntico buraco como Edcarlos, um zero constante como Maxi Pereira, alguém completamente inconsequente como Nuno Assis, e uma nulidade como Makukula, ainda se conseguir manter em prova. Não estava à espera, confesso! Até penso que já poucos acreditavam na reviravolta, depois de assistirem à assistência primorosa de Luís Filipe para Saenko. Mais um grande momento do #2 nesta temporada! Mas talvez, num futuro próximo, nos venhamos a arrepender de ver o Benfica seguir em frente. A equipa continua a não jogar futebol e é constituída, em grande parte, por jogadores absolutamente miseráveis a este nível.
O Benfica até começou bem o jogo, e teve logo com duas flagrantes oportunidades para matar, de vez, a eliminatória. Rui Costa, muito apagado hoje, e Maxi Pereira não conseguiram desfeitear o checo Blazek. À medida que o tempo ia passando, menos Benfica era proporcional ao crescimento alemão. Quim teve pouco trabalho e a defesa resolvia (quase) todos os problemas criados pelos altos avançados do Nuremberga. A equipa, de forma preocupante, começava a demonstrar que o empate, tendo em conta o semblante lento do jogo, lhe chegava. A bem da verdade, até acabou por dar a sensação que a eliminatória já estava resolvida, e que um Benfica de contenção chegava para limpar os 16 avos da UEFA com tranquilidade. Talvez até a noção que, para sermos justos, um golo visitante se ajustava ao intervalo. Tudo mudou, para muito pior, na 2ª parte. Tanta mudança que esteve tudo em risco.
Decidiu-se, então, que a táctica retranqueira era a forma mais coerente de controlar o jogo e, com os problemas físicos que o meio-campo vem tendo a agudizarem-se, o adversário impôs-se decisivamente e foi criando oportunidades atrás de oportunidades. O golo de Charisteas, aos 59 minutos, acabou por colocar justiça no marcador. Golo que apenas culminou aquilo que toda a gente já estava à espera. E aí, na minha opinião, é incompreensível que Camacho não tenha modificado a equipa. Não interessa a forma como o deveria fazer, importante seria alterar o marasmo em que se encontravam os lusos: sem reacção, sem futebol, sem tranquilidade, sem nexo, sem norte! Em 7 parcos minutos o Benfica estava em deficit na prova, e tinha de alterar para não sair pela porta pequena. Mal Cardozo pisou o relvado do Frankenstadion, teve logo o golo salvador nos pés. Apenas o aquecimento para o que estava para vir. É um facto de Sepsi, Cardozo e Di María modificaram positivamente a estrutura da equipa – até porque retiraram de campo, 3 das 5 nulidades de hoje. Foram essenciais na busca sofrida da glória. Um empate saboroso.
Para além da lufada de ar fresco que representaram as substituições, e Sepsi tem-me agradado imenso, saem incólumes Quim e Luisão, os dois elementos mais em foco por parte dos encarnados. O central brasileiro é, sendo escolhido por mim, o MVP pela 3ª partida consecutiva. Excelente arbitragem de Ivan Bebek, e da restante equipa de auxiliares. Pouquíssimos erros, num ambiente complicado e pressionante. A forma como geriu o tal lance à entrada da área entre Luisão e Charisteas, onde não há nada, diz tudo sobre a sua postura corajosa. Talvez pudesse ter mostrado o cartão amarelo ao grego, mas compreende-se o comedimento. O próximo adversário deste Benfica é o espanhol Getafe, actual 13º classificado da Liga Espanhola, e, por isso mesmo, tenho em memória uma célebre eliminatória com o PAOK de Salónica. Lembram-se do que veio a seguir?
NDR: Que pena não podermos ver Simão de regresso a Alvalade. Clubezinho ridículo, o Atlético de Madrid.
Os golos do jogo podem ser vistos, aqui. Mais um trabalho do nsalta.
Ficha do Jogo:
2ª Mão dos Desasseis-Avos-de-Final da Taça UEFA
Frankenstadion, em Nuremberga
Árbitro: Ivan Bebek (Croácia)
FC NÜRNBERG: Blazek; Reinhardt, Wolf, Glauber e Pinola; Saenko, Tomás Galasek, Mnari (Abardonado, 86 m) e Engelhardt; Angelos Charisteas e Jan Koller.
SL BENFICA: Quim; Luís Filipe, Luisão, Edcarlos (Cardozo, 70 m) e Léo; Petit e Katsouranis; Maxi Pereira (Sepsi, 70 m), Rui Costa e Nuno Assis (Di Maria, 80 m); Ariza Makukula.
Disciplina: Amarelos a Léo (9 m), Maxi Pereira (45 m), Luís Filipe (55 m), Makukula (66 m), Petit (76 m) e Pinola (88 m).
Golos: 1-0, Charisteas (59 m); 2-0, Saenko (65 m); 2-1, Cardozo (88 m); 2-2, Di Maria (90+1 m).
O Benfica segue em frente, para os oitavos-de-final da Taça UEFA, com um agregado de 3-2.
#Fotos: AFP-Getty Images
#adicionado a Crónicas 07/08
#publicado em simultâneo com o Encarnados