sábado, fevereiro 10, 2007

Crónica Taça Portugal - "One Down, Two to Go!"


A formação da equipa titular perante um campo tão difícil demonstrou, logo, que iríamos ter sofrimento benfiquista. A presença de Beto no plantel do Benfica é um atentado à grandeza deste clube, quanto mais metê-lo a jogar a titular. O miúdo João Coimbra tem jeito mas está verdinho e pouco rodado, Katsouranis está limitado fisicamente há 2 meses e Rui Costa não defende. Portanto, as ausências de Karagounis e, principalmente, Petit – e porque, obviamente, o clube não foi ao mercado como deveria ter ido – foram fundamentais na perda de controlo do meio-campo. Isto durante os 90 minutos!
A exibição foi má, não, foi péssima mas ser eliminado pelo Varzim é, ainda assim, uma descomunal vergonha. Mas não acho que tenha havido um problema de atitude, como já ouvi e li nalguns locais. Falta classe no banco, o banco é mau… é muito mau, mas mesmo que fosse bom o Nandinho não o saberia gerir. Aí residem as duas principais falhas deste Benfica 2006/07, que já têm sido discutidas aqui!

O Benfica não vence na Póvoa há 23 anos, não pode ser só Sorte/Azar! É um campo tradicionalmente muito complicado e não há maneira de o “descomplicar”. Felicito os varzinistas que lêem estas modestas linhas porque, realmente, mereceram vencer este amorfo Benfica. Que consigam ir o mais longe possível, reafirmo que não tenho qualquer tipo de ressentimento! É também nisto que, penso eu, nos distinguimos dos outros. Na atitude pós-jogo, quer queiram quer não os benfiquistas são diferentes. As diferenças estão à vista. Não há “comunicados”, não há queixas formais, não há recursos, não existem lutos nem dedos apontados institucionalmente. Não há hipocrisia!
Já há muito tempo que sigo a carreira do angolano Mendonça. Ah, Angola! Um jogador de grande qualidade, que merece uma equipa de 1ª Liga, e que fez uma grande e decisiva exibição!
A desilusão é gritante, porque pensava que havia boas hipóteses da 26ª Taça vir para o Museu da Luz. Desilusão e conformismo é o pior que se pode sentir, afasta as pessoas daquilo que se gosta, mesmo que se goste muito. Quero voltar a sentir um Benfica ambicioso à Camacho!

A nível individual quero destacar a categoria de Simão Sabrosa, Rui Costa e de Luisão, os melhores jogadores do Benfica na Póvoa.
No um-para-um, o capitão, foi simplesmente imparável e avassalador. Construiu todas as jogadas de ataque, quer à direita, quer ao centro, quer à esquerda. Foram inúmeras as jogadas de desequilíbrio, as fintas, os sprints, as aberturas… só estão ao alcance de jogadores de eleição, numa raça e determinação competitiva que contagiou quer colegas quer os próprios adeptos. Simão Sabrosa é pura classe e mostrou-a, mais uma vez, ao apontar um espantoso golo... de cabeça! Como pecha, terão estado as marcações dos pontapés de campo, onde a muito custo centrou em altura, mas o estado do terreno também tem responsabilidades na matéria.

Luisão foi dos melhores, como normalmente é. Simplesmente perfeito no centro da defesa – não há nota de qualquer erro – e fundamental nas “dobras” a um inqualificável Nélson. Foram inúmeras as dobras que fez ao #22. Na hora de maior aperto posicionou-se na frente de ataque e é protagonista da jogada mais perigosa do Benfica. Com uma finta incrível tirou 2 adversários do caminho mas o ressalto de bola, após o remate, tirou-lhe o golo do empate.

Dos pés do Maestro saiu, novamente, a assistência decisiva para o melhor momento do Benfica no jogo. Aí não há nenhuma novidade, só a confirmação da reconhecida categoria Mundial! Rui Costa pareceu, no entanto, com algumas dificuldades para manter o nível na 2ª parte, muito pela dureza varzinista do relvado e… dos adversários!
Talvez tenha sido um bocadinho por isso que a prestação do Benfica tenha piorado, quando seria de esperar o contrário. Já foi dito, confirmado até por Fernando Santos, que não consegue aguentar um jogo inteiro, mas há 2 jogos consecutivos que 90 minutos são adicionados ao seu tempo de jogo de 2006/07 – no Restelo saiu aos 85.
A sua imagem, no fim do jogo, de desilusão e tristeza, transparece todo o verdadeiro sentimento benfiquista àquela hora.

Destaco ainda a hedionda prestação do “Trio Odemira”: Beto, Nuno Gomes e Nélson.
Quando o ponta-de-lança da equipa não faz um único remate à baliza em 90 minutos, mesmo numa oportunidade a meio metro da baliza, como é possível haver uma dinâmica de finalização? Como é possível um avançado assim continuar com lugar cativo? Nuno Gomes foi um “auxílio” ao Varzim, foi horrível, foi vergonhoso, foi patético, foi penoso, foi indigno desta camisola… só faltou estorvar a acção dos seus colegas. Esperem lá… mas até isso ele conseguiu fazer, e por 3 vezes!
Acho o sorriso, que esboçou no fim, um atentado à minha revolta. Chega de Nuno Gomes, estou farto até à ponta dos seus longos cabelos.

Neste jogo, Beto mostrou todas as suas fragilidades, ao invés das poucas virtudes que tem. Excessivamente lento, pouco rotinado e demasiado duro, mostrou que não tem classe nem para o Varzim... B. Falhou inúmeros passes e, em nenhuma circunstância, conseguiu fazer esquecer o grande Petit. Agora sentiram a falta dele, não sentiram?
Começou bem o jogo, conseguindo soltar a bola rapidamente para os colegas. O problema agravou-se quando tentou sair a jogar, ou quando optou pelos passes de maior grau de dificuldade. Saiu de campo muito tarde mostrando que, sem o #6 em campo, o Benfica está claramente deficitário nesta posição. O que está Beto a fazer com um contrato profissional de futebol, no Benfica?

A prestação de Nélson teria sido muito mais negativa caso não tem mostrado mais concentração defensiva e disponibilidade ofensiva no segundo tempo, onde foi dos melhorzinhos. O que é certo é que os primeiros 45 minutos de jogo foram para si, e na sequência para a equipa, um verdadeiro pesadelo... mais um! No seguimento de anteriores prestações medíocres, continuou a mostrar vastíssimas debilidades no acto de defender e, sendo assim, falhou praticamente todas as marcações. Ouviu-se Rui Costa e Luisão a gritarem com ele para lhe pedirem para ajudar na defesa. Sintomático!
No ataque nunca se conseguiu soltar e raramente “levantou” a bola nos cruzamentos – uma das maiores falhas generalizadas no Benfica há mais de 10 anos –, sendo que estes saíram sem qualquer perigo e foram facilmente cortados. Está nos dois golos do adversário, há que repensar a posição de lateral direito… ou Nelson atina na defesa ou tem de se ir ao Mercado, que já fechou. Lembram-se disto?

Em relação à arbitragem, nada de novo deste árbitro! Olegário Benquerença será, sempre, uma figura do "famoso Sistema" que pretende a polémica, a sem-vergonhice e, quando possível, o gamanço. Apesar da expulsão perdoada a Beto – mais clara é impossível e, assim, não o expulsou porque não quis… o que até seria bom –, há um evidente penalty não assinalado sobre Simão Sabrosa, na 1ª parte, com o resultado num empate.
Ainda estou para perceber o propósito dos dois amarelos aos centrais do Benfica, e sou só eu que acho que há um empurrão nas costas do Alecsan…er, Nélson aquando do 1º golo?
Uma curiosidade: Não houve um único fora-de-jogo neste jogo!
Obviamente que surge muita gente a indignar-se com um erro de arbitragem a favor do Benfica. Esses, que estão em brasa por outros motivos, não merecem qualquer credibilidade. Mas não lhes falta credibilidade por se esqueceram de outros dois “erros” escandalosos que têm influência no resultado – incrivelmente branqueados pela maioria da “nossa espantosa” Comunicação Social –, mas sim porque se manifestam a favor da vergonha presente nas investigações do Apito Dourado. Como se costuma dizer: Vozes de Burro não chegam ao Céu!

A falta de leitura de jogo de Fernando Santos levou-me ao desespero. Errou na equipa inicial, errou ao manter Beto em campo depois das sucessivas faltas duras e dos passes anedóticos, errou ao tirar João Coimbra em vez do #16, errou ao manter o cada vez mais inoperante e ridículo Nuno Gomes, errou ao dar novamente 90 minutos a Rui Costa – quando disse que o #10 só poderia jogar uma hora –, errou ao incluir em jogo o inútil Marco Ferreira, errou ao descartar Manú deste jogo, errou ao não fazer descansar os “lesionados” em tempo útil, erra ao descartar Paulo Jorge de forma sucessiva, erra ao não dar minutos aos suplentes em jogos resolvidos – minando-lhes as rotinas para quando precisa urgentemente dos seus contributos… errou, erra, errará demasiado e não serve, desde sempre que não serve, desde sempre… sempre!

Até conseguiu estar mais barata tonta que os seus pupilos! É irritante, é desolador e é incomodativo o facto de não conseguir funcionar desde o banco. E depois voltam os discursos finais do “Vamos falar e tal”, não há paciência… não tenho paciência! Quem estamos a enganar desde que se iniciou a época? Proporia a troca de Nandinho por Diamantino, que lhe deu mais um inequívoco banho táctico – depois do que levou de Jorge Jesus no Restelo, por exemplo. Ganhar-se-ia em mística e, porque não dizer, em capacidade!
Tenha vergonha, Fernando Santos, e demita-se!

Inesperadamente fora da Taça de Portugal, as "baterias" são apontadas para outras direcções… direcções essas com muito menos possibilidades de conquista do que esta que se esfumou. É a minha opinião e penso que há uma vaga de opinião ampliada, nesse sentido! Espero que o desalento que me assiste desde que – naquele dia de tristeza generalizada na blogosfera benfiquista –, o actual treinador foi apresentado, seja minimizado. O Benfica é enorme, não acaba aqui. O Benfica é eterno e é nosso!

Serão, de certeza, uns dias bem difíceis para nós benfiquistas. Difíceis porque uma derrota do Benfica é sempre motivo de festa e regozijo para milhões de pessoas. Sofremos com isso, claro que sim! Quanto a mim, estarei sempre, mas sempre, de cabeça erguida – e vocês que estão a ler isto também devem estar e sentir-se orgulhosos de pertencerem a esta família –, porque sei que na derrota ou na vitória a nossa honestidade, lealdade e dignidade estarão sempre presentes… e prevalecerão! Perder e ganhar, honestamente, é Desporto. No dia em que ganhar um jogo que esteja comprado indignar-me-ei, envergonhado até aos ossos!

“Olhos no chão”, nunca! Viva o Benfica, um Benfica que é meu e teu, nosso!

NDR: Apesar de já vir um pouco atrasado, não posso deixar de falar no mais recente escândalo de corrupção do Futebol Português, veiculado pela Imprensa e sempre, mas sempre, com os mesmos protagonistas. A tal promiscuidade, tão discutida pelos adeptos mas perfeitamente óbvia entre a União de Leiria e o FC Porto, deverá ter ultrapassado os limites do legal… atingindo o foro criminal e judicial. Que a derrota do Benfica não escamoteie esta vergonha, meus caros, mesmo que seja isso que muita “gentinha” e Imprensa pretenda.
Depois de, há uns anos atrás, o guarda-redes Acácio do Beira-Mar se ter queixado de não terem sido pagos os “incentivos” vindos das Antas – uma mala supostamente vazia para tentar vencer o Benfica, que depois apareceu cheia de notas –, vem à baila uma investigação do Ministério Público de uma possível “marosca” de um ou mais jogadores leirienses, no sentido de facilitar a vida ao adversário.

Este tipo de coisas já são conhecidas por nós há muito tempo, desde que vejo futebol, mas parece que desta vez isto vai mesmo ao fundo do poço. O jogo em causa é a Final da SuperTaça de 2003, com a vitória do FC Porto a ser alcançada com um golo esquisito de Costinha, na sequência de uma bola parada. Um “negócio” que envergonha os leirienses, como eu, e que terá custado 25 mil euros por cabeça!
Já me chegaram aos ouvidos, obviamente sem confirmação, os nomes de Hélton – parece mal batido no único golo do jogo –, João Paulo – acabou expulso com duplo amarelo – e Maciel, como os possíveis envolvidos no esquema… e que, "curiosamente", pertencem actualmente aos quadros do clube que defrontavam.

Será que aqueles 4 “auto-golos”, entre a 1ª e a 4ª jornada, têm cariz semelhante a esta “ajuda” leiriense? E o que dizer das patéticas partidas em Setúbal e no Restelo? Depois de tudo o que se tem passado nos últimos anos no que diz respeito a corrupção na arbitragem, e agora de jogadores adversários, a minha dúvida reside no porquê do FC Porto ainda disputar a 1ª Liga e no porquê dos seus dirigentes ainda não terem sido detidos pela Polícia Judiciária. Não há, sequer, um inquérito da FPF ou da Liga a estes factos? Silêncio e compadrios medonhos!
Se isto alguma vez acontecer no Benfica, ficarei eternamente envergonhado… uma Sociedade do Desporto não consegue sobreviver sendo atacada desta forma por gente sem escrúpulos. Ninguém vai calar a nossa revolta, haja Justiça neste país! Haja, finalmente, Justiça neste país!


Agradecimento pelo vídeo ao Filipe, do excelente Jogo Directo.


Ficha de Jogo:

Oitavos-de-Final da Taça de Portugal

Estádio Varzim Sport Clube, na Póvoa do Varzim

Árbitro: Olegário Benquerença (Leiria)

VARZIM – Ricardo; Pedrinho, Alexandre, Pedro Santos e Nuno Ribeiro; Tito, Emanuel, Nuno Rocha e Marco Cláudio (Tiago Lopes, 83 m); Mendonça (Yazalde, 94 m) e Denilson (Neto, 90 m).

SL BENFICA – Quim; Nélson, Luisão, Anderson e Léo (Marco Ferreira, 83 m); Beto (Karyaka, 65 m), Katsouranis, João Coimbra (Mantorras, ao int.) e Rui Costa; Nuno Gomes e Simão.

Disciplina: Amarelos a Anderson (5 m), Nuno Ribeiro (39 m), Luisão (47 m), Tito (48 m), Beto (57 m), Simão (87 m), Karyaka (89 m) e Marco Ferreira (91 m).

Golos: 1-0, Nélson (13 m, na p.b.); 1-1, Simão (30 m); 2-1, Mendonça (77 m).


#Fotos: Record e MaisFutebol

#adicionado a Crónicas 06/07

#publicado em simultâneo com o Encarnados