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Clássico é clássico. Felizmente que depois do jogo no Dragão da 1ª volta já não olho para este tipo de jogos com resignação e pouca esperança num bom resultado. É certo que o Benfica, nos últimos tempos mais recentes, não tem estado em grande nível mas a vitória sobre o Liverpool para a Champions League veio dar um grande alento a todos aqueles que torcem pelo Glorioso. Ao longo dos anos fui-me habituando a arbitragens escandalosas – principalmente no Dragão – que quase sempre limitavam irremediavelmente o Benfica de conseguir pontos contra o FC Porto. Obrigado Apito Dourado pelas alegrias que nos vais proporcionando.
Confesso que as opções de Co Adriaanse, por vezes me divertem bastante, com algumas patetices que não compreendo como por exemplo o afastamento do 11 titular de alguns grandes jogadores como Ibson, Diego e Lisandro López ou a famosa táctica do 3-3-4 – com grandes jogadores pode resultar agora com Pedro Emanuel, Bosingwa e Raul Meireles? E mais descansado fiquei quando soube do score de 7-0 nos confrontos entre os dois holandeses. O holandês do Porto nunca venceu o holandês do Benfica, e isso é sempre de assinalar.
Definitivamente que a conversa das assistências deixou de estar na “ordem do dia” já que as grandes enchentes na Luz voltaram à normalidade. Tal como já tinha dito na crónica anterior o público tem-se mostrado fundamental e 60 mil gargantas a torcer por um grande Benfica é um dos grandes motivos de orgulho que tenho como sócio e simpatizante deste magnifico clube.
Sendo assim, o jogo da 24ª jornada que confrontava o líder e o Benfica afigurava-se como um “mata-mata”. Era fundamental vencer, caso contrário o sonho do Bi-Campeonato não passaria apenas disso mesmo, de um sonho. Por isso mesmo, a pressão existente do lado dos visitados era enorme.
Ronald Koeman fez apenas uma alteração à equipa titular do jogo anterior colocando Karagounis no lugar de Beto. A entrada do grego teoricamente possibilitaria um sentido mais ofensivo à equipa procurando apoiar de forma mais eficaz o ponta-de-lança Nuno Gomes. Acho muito importante o povoamento do meio-campo e penso que esta é a melhor forma de consolidar o jogo da equipa. Uma estrutura central forte com 2 médios defensivos – Petit e Manuel Fernandes – e outro ofensivo mas que também defende de forma eficaz – Karagounis – é fundamental na estruturação do futebol de uma grande equipa.
Antes da partida constatou-se mais um rol de comportamentos animalescos por parte da claque do FC Porto, Super Dragões. Se já não bastava o lamentável comportamento na entrada para o estádio com insultos, provocações e arruaça – previamente “corrigida” de forma eficaz e meritória pela polícia de choque – o que sucedeu no minuto de silêncio que antecedeu o jogo foi surreal. Não conheço o ex-dirigente leonino homenageado mas é de uma falta de civismo perfeitamente ignóbil por parte dessa gente que se entoe a versão brejeira e insultuosa de um cântico benfiquista ao invés de se fazer silêncio. Esta gente está a mais no futebol!
O Benfica, à semelhança do jogo com o Liverpool, iniciou a partida com algumas cautelas defensivas precavendo-se das iniciativas individuais de Lucho e Quaresma – de longe os melhores jogadores do adversário. Foram muito poucos os espaços existentes na primeira parte o que impossibilitou um futebol de melhor qualidade. Uma ou duas iniciativas de Simão e de Robert, e ainda um excelente remate de Nuno Gomes por cima da baliza.
Foi uma 1ª parte muito dura, com muitas faltas e muito nervosismo de parte a parte. Poucos remates e poucas defesas. Até que Paulo Assunção tem uma entrada duríssima sobre Laurent Robert que o árbitro prontamente assinala como faltosa – faltou, no entanto o amarelo para o brasileiro. O francês aprontasse para marcar o livre e estoira de 40 metros para Vítor Baía abrir a capoeira. O míssil com controlo remoto é, na verdade, um frango monumental do “Sr. 400 jogos” mas muito mérito também para o nº 34 benfiquista pela forma fenomenal como dá o efeito à bola.
O intervalo não chega antes que Nuno Gomes de forma displicente e desastrada falhe um golo praticamente feito por Simão Sabrosa. Exigia-se mais calma ao ponta-de-lança do Benfica já que este golo mataria o jogo por completo.
A 2ª parte foi bastante superior à 1ª devido ao facto do FC Porto ter saído mais do seu meio-campo. Assim começaram a existir mais espaços o que possibilitou contra-ataques perigosos de cada uma das equipas. É verdade que houve algumas oportunidades para o adversário – 1 lance de Lucho e outro de Benny McCarthy – mas o Benfica voltou a ter novas oportunidades para terminar de vez com a partida. Contei pelo menos 4 lances de golo eminente desaproveitados pela linha avançada do Benfica. Na minha opinião se a tranquilidade reinasse na tabela classificativa, o SLB teria goleado o FCP neste jogo.
O resultado é, como não poderia deixar de ser, inteiramente justo porque a equipa da casa teve mais e melhores oportunidades de golo e soube aproveitar os erros do adversário. O jogo valeu, essencialmente pela emoção de um clássico e pela meia-hora final de futebol mais ou menos bem jogado – pelo menos houve velocidade.
Quase me dava um ataque de fúria ao assistir às substituições de Koeman, se concordo inteiramente com a equipa escalonada de início não posso dizer o mesmo dos substitutos utilizados. Se a entrada de Beto pode ser facilmente tolerada para o refrescamento da equipa – notório o abaixamento de performance de Karagounis, a colocação de Marco Ferreira e a tardia 3º substituição são incompreensíveis.
Marco Ferreira, como jogador, é um insulto aos benfiquistas e por isso nem no plantel tem lugar quanto mais a jogar na equipa. Mas o que me incomoda é o facto de o holandês ter optado desta forma com um concorrente directo no banco – Manduca. O brasileiro que até se tinha exibido em bom nível nos últimos tempos perdeu o lugar para um flop. Como é que é possível?!
Koeman tem a tendência de só pensar em 2 alterações. A 3ª alteração ou a faz muito tardiamente ou não a faz de todo. Se Nuno Gomes perdeu fulgor nos momentos finais porque não colocar Marcel como homem mais adiantado ou mesmo Manduca.
A opção recaiu em Ricardo Rocha – há que defender a todo o custo? – e no minuto 90. Ainda assim o outro holandês sempre ajudou um pouco ao colocar em campo o pior avançado do Porto dos últimos 10 anos – Hugo Almeida – e o jogador portista em pior forma – Jorginho.
Individualmente a análise é bastante semelhante ao jogo de Terça-Feira. Como melhores em campo, de novo, a Santíssima Trindade: Léo, Petit e Luisão.
O central brasileiro esteve, de novo, soberbo. Durante o jogo todo – e podem crer que estive com atenção – não falhou um único lance. Cortou tudo o que havia para cortar e transmitiu grande segurança a uma defesa fantástica. Secou por completo Adriano – não me recordo de nenhum remate do portista e muito menos de um lance perigoso digno de registo – quer no jogo aéreo quer pelo chão. Está, provavelmente, no melhor momento de forma da época em curso. É sintomático que nas grandes exibições da equipa é quase sempre ele que se destaca e por isso mesmo é mais um passo dado rumo ao Mundial.
Para o “gigante baixinho” as palavras já começam a escassear. O maior elogio que se lhe pode fazer é ter “obrigado” Ricardo Quaresma a trocar de flanco visto que consigo à frente não conseguiu fazer nada. É incrível como um jogador tão baixo consegue fazer exibições monumentais e principalmente tendo em conta a posição que ocupa. Confirma as vozes que dizem que é o melhor lateral-esquerdo do Benfica desde Stefan Schwarz. Eu digo que a continuar assim será uma referência para o futuro ainda mais do que é o sueco.
Acrescento ainda a enormidade de cortes preciosos que fez, as dobras magníficas e o “túnel” fabuloso a… Lucho. Enorme Léo, o Maradoninha do burgo.
O jogador mais odiado pelos portistas, o grande Petit, fez de novo uma grande exibição assumindo-se novamente como o motor da equipa. Sem Petit, o Benfica não é o mesmo. É, na minha, opinião e a par de Luisão o jogador mais importante na estrutura do Benfica.
Terá, forçosamente, de melhorar o aspecto das bolas paradas. É pena que com tanta prática ainda não tenha conseguido bons índices nesse aspecto fundamental no jogo. Parece que lhe custa levantar a bola nos cantos e que levanta demais nos livres. Gosto imenso da sua forma de jogar, é um jogador à Benfica. Antes quebrar que torcer, eis Armando Teixeira.
Pautando-se com excelentes exibições e em elevado nível estiveram Manuel Fernandes, Alcides, Karagounis e Anderson.
O jovem trinco português fez, provavelmente, o melhor jogo desta época depois do jogo no El Madrigal. Ganhou o dificílimo duelo com Lucho González e quando demonstra confiança – como parece que é o caso actual – tem um índice muito elevado na eficácia de passe. O mais importante no seu jogo actual é ter perdido a tendência de se agarrar muito à bola – fundamental para isso é a sua melhoria a nível físico.
No que diz respeito a Alcides posso confessar que a sua titularidade me deixou inquieto. Felizmente foram receios infundados, o jovem brasileiro fez um dos melhores jogos desde que está no Benfica. A nível posicional esteve irrepreensível o que facilitou nas tarefas defensivas e assim não deu hipótese aos adversários – primeiro Ivanildo e depois Quaresma. Surpreendeu pela positiva nas tarefas ofensivas com 2 ou 3 bons lances com cruzamentos bem medidos – um deles quase golo. Um dos pontos importantes aquando da opção no seu futebol – e Koeman sabe-o concerteza – é o facto de, ao contrário de Nelson, poder encostar aos centrais em caso de ataques continuados do adversário ficando o lado direito coberto por Manuel Fernandes ou Petit. Esta foi uma situação que ocorreu algumas vezes durante a partida.
Não tem a técnica do cabo-verdiano naturalizado português mas defende bastante melhor, e sendo assim, neste tipo de jogos, deve ser ele a jogar.
Ao defesa-central Anderson foi incumbida a tarefa de marcação a Benny McCarthy. Tarefa complicada mas cumprida com rigor. É verdade que deu alguns espaços ao sul-africano, espaços esses que deram origem aos lances portistas mais perigosos mas que felizmente foram infrutíferos. Ainda assim demonstra grande segurança, confiança e apresenta-se fisicamente em grande nível, bem visível nos variados sprints que se dá o luxo de fazer durante o jogo. É o parceiro ideal para Luisão porque se complementam de forma quase perfeita. Aqueles cortes em carrinho laterais ao adversário são fantásticos.
Karagounis pareceu algo nervoso nos 1ºs 25 minutos de jogo com alguns passes falhados, no entanto arrancou para uma excelente exibição na posição que é sua por direito. Parece-me que tem a titularidade assegurada após alguma teimosia de Koeman. Foi impressionante a quantidade de vezes que saiu a jogar quando rodeado por vários adversários. Gostava sinceramente de saber o que quer dizer aquele gesto tão comum nos italianos – dedos de uma mão todos unidos com um constante balançar – e que fez algumas vezes aquando de decisões duvidosas do árbitro.
Bastante melhor do que em jogos recentes estiveram Simão e Laurent Robert. O capitão esteve bastante mexido mas continua uma lástima no um-para-um – onde era exímio. Alguns bons pormenores mas o Simão que todos queremos ainda não está cá. O francês fez o golo e pouco mais. Ainda se esconde muito do jogo e por isso a substituição no 2º tempo foi bem feita, o problema foi quem entrou.
Dos titulares sobram ainda Moretto e Nuno Gomes. O keeper brasileiro não teve quase trabalho nenhum muito por culpa da magnífica exibição da defesa. Voltou a demonstrar segurança nos cruzamentos o que é bastante positivo tendo em conta o que se tinha passado em jornadas anteriores.
O início de jogo de Nuno Gomes parecia augurar uma exibição de grande nível mas logo se perdeu essa esperança. Para mim foi uma das grandes desilusões da noite e ainda hoje estou a pensar naquele falhanço escandaloso aos 42 minutos e que faria o 2-0 com a consequente “morte do jogo”. Falhou ainda, mais uns 2 ou 3 golos feitos demonstrando a fraca pontaria actual. Trabalha muito para a equipa mas um ponta-de-lança titular do Benfica não pode falhar tantos golos num só jogo.
Já abordei um pouco os suplentes que entraram num parágrafo mais acima mas acrescento que de Marco Ferreira não foi tudo horrível pois houve um bom lance com um remate perigoso para defesa difícil de Baía.
No que diz respeito à arbitragem tínhamos matéria para 3 ou 4 posts. De forma unânime já foi reconhecido que João Ferreira de Setúbal – mais um – errou e bastante. O início de jogo foi péssimo, com constantes picardias – principalmente de Quaresma – e algumas expulsões perdoadas. Bosingwa pisou o calcanhar de Simão – obrigando-o a ir ao chão – e na jogada imediatamente a seguir Léo fez o mesmo a Benny McCarthy. Vermelho directo por mostrar aos 2 jogadores em causa. Mas mais vergonhoso tem sido o total branqueamento da atitude do jogador do Porto por parte da imprensa, parece que foi só o Léo que fez tal falta. Apenas na SportTV foram referidos os dois lances no mesmo bloco informativo.
Minutos mais tarde, nova expulsão perdoada a Quaresma por agressão à cotovelada a Alcides mesmo nas “barbas” do árbitro auxiliar.
O jogo foi marcado por entradas bastante duras de ambos os lados e é, por isso, lamentável que o árbitro não tenha conseguido segurar o jogo desde início. Pareceu-me demasiado permissivo o que resultou no endurecimento do espectáculo. Ficaram ainda 2 penaltys por assinalar, um por mão na bola de Pepe – admito opiniões contrárias porque, de facto, é muito duvidoso – e o outro, indiscutível, por agarrão de Lucho a Petit com consequente expulsão por duplo amarelo para o argentino.
Ficaram ainda bastantes amarelos por mostrar como por exemplo na placagem a Alcides com o braço por parte de Raul Meireles ou ainda no lance da falta dura de Paulo Assunção que dá origem ao golo de Robert.
Já sei que muitos reclamam a expulsão do Petit mas esses são os mesmos que expulsavam Petit só pelo facto de ele… respirar. Tenham dó!
Como nota final destaco a felicidade em observar que o Campeonato está relançado e que ainda tudo é possível. O Benfica ainda pode ser campeão e já na próxima jornada espero a perca de pontos dos rivais.
Fico estarrecido quando penso que em caso de vitória em Guimarães e em Leiria – perfeitamente alcançáveis – o "Glorioso" estava isolado no 1º lugar.
NDR: Linda coreografia dos DV com um “Força Benfica” gigante feito com cartolinas. Parabéns a todos os envolvidos nesse magnifico trabalho. E outra coisa: Afinal as máscaras davam jeito, a gripe das aves anda aí mas não é na Vitória, é no 99.
Ficha do jogo:
24ª Jornada da Liga Portuguesa
Estádio da Luz, em Lisboa
Árbitro: João Ferreira (AF Setúbal)
SL BENFICA - Moretto; Alcides, Luisão, Anderson e Léo; Manuel Fernandes e Petit; Simão, Karagounis (Beto, 76 m) e Laurent Robert (Marco Ferreira, 74 m); Nuno Gomes (Ricardo Rocha, 90 m).
FC PORTO - Vítor Baía; Bosingwa, Pepe e Pedro Emanuel; Paulo Assunção, Lucho Gonzaléz e Raúl Meireles (Jorginho, 73 m); Ricardo Quaresma (Hugo Almeida, 80 m), Adriano, Benny McCarthy e Ivanildo (Lisandro López, 73 m).
Disciplina: Ricardo Quaresma (26 m), McCarthy (50 m), Pedro Emanuel (58 m), Simão (71 m), Petit (73 m) e Paulo Assunção (78 m).
Golos: 1-0, Laurent Robert (40 m).
#publicado em simultâneo com os Encarnados
Regresso das grandes noites europeias à Luz, 2 meses e meio depois da fantástica vitória sobre o 2º clube mais rico do Mundo, Manchester United. Em abono da verdade não esperava muito deste jogo – pelo menos é com isso que me tento mentalizar em jogos deste tipo para depois em caso de desaire não ficar deprimido – mas onde uma vitória seria fundamental, não só para recuperar a moral, que nos últimos tempos tem estado pelas ruas da amargura, mas também para impulsionar um resto de época de grande nível.
Confesso que nunca fui um grande fã do Liverpool, a minha equipa inglesa preferida foi desde sempre o Arsenal – muito por causa do irreverente e genial Ian Wright – mas obviamente reconheço a sua grande valia não só do passado mas também do presente. Afinal estamos a falar do actual Campeão Europeu de Clubes e não um qualquer clube de bairro.
O Liverpool tem, de facto, uma grande equipa demonstrando uma solidez defensiva exemplar com o excelente Sammy Hyppia e um meio-campo de nível mundial com os fantásticos Xabi Alonso, Steven Gerrard – felizmente está lesionado e não pode jogar o tempo todo – e Luís Garcia. Para além disso possui há pelo menos 2 anos, e estatisticamente falando, o 2º melhor treinador mundial, Rafa Bénitez que perde apenas para Mourinho.
Sendo assim, tendo em conta o péssimo momento do Sport Lisboa e Benfica e a enorme mais valia do adversário – de longe o melhor deste ano em competições oficiais – afigurava-se um jogo complicadíssimo em que só com uma grande vontade, determinação e categoria se conseguiria obter a vitória ou pelo menos um resultado positivo.
Como seria de esperar a lotação esgotada da Luz criou um ambiente fantástico, digno dos grandes e míticos estádios da Europa que só por si e, como sabemos, influencia fortemente o futebol jogado actuando como um 12º jogador. Facilmente constatamos que a moldura humana da Luz é fundamental, ou tem sido, nos bons resultados obtidos nos últimos 2/3 anos. Pena é que a sua presença seja muito volátil e dependente de bons resultados, felizmente a nível europeu isso – leia-se baixas assistências – não tem acontecido.
Mais uma vez e como seria de esperar Ronald Koeman fez alterações à equipa titular colocando Alcides em vez de Nélson – procurando com certeza o bom jogo de cabeça do jovem internacional sub-20 brasileiro, Anderson em vez do ultimamente desastrado Ricardo Rocha e o esforçado mas muito limitado Beto como um 3º homem de meio-campo no lugar de Marcel. Para além disso fez regressar Laurent Robert – após um período de lesão – que cobriu o lado direito.
Uma equipa consistente e manifestamente defensiva procurando acautelar o poderio reconhecido do meio-campo inglês.
Primeira nota de destaque na apresentação das equipas ao público, com a sublime música da Champions League, foi a absurda diferença de estatura dos jogadores das duas equipas – um pouco à semelhança do Manchester United. Se em Portugal esse aspecto é pouco sublinhado, até porque o típico português é relativamente baixo, nos jogos europeus a diferença atlética é abismal. Por isso mesmo é aconselhável que no futuro a política de contratações tenha isso muito em conta já que em confrontos deste nível esse aspecto é fundamental.
O Benfica iniciou o jogo com muitas cautelas defensivas e foi na “conversa” da tentativa de empate do Liverpool. Houve momentos em que pensei que o Benfica não teria hipóteses nenhumas de triunfar em virtude da inoperância do meio-campo ofensivo e do ataque. Foi, de facto, uma 1ª parte bastante má com pouquíssimos motivos de entusiasmo e apenas um lance com algum espectáculo naquele passe magistral de Robert para uma desmarcação atrasada de Simão.
O que é certo é que as defesas se superiorizaram aos ataques quer no caso do desamparado Nuno Gomes quer no apagado Fernando Morientes. Parecia, no entanto, que com um pouco mais de velocidade e técnica no meio-campo benfiquista tudo se alteraria. Em virtude da péssima 1ª parte e do amarelo já visto tudo indicava que Ronald Koeman fizesse o câmbio natural de Beto pelo grego Karagounis. O holandês não pensou da mesma forma e preferiu esperar mais um pouco. Talvez tenha arriscado demais visto que o brasileiro podia ter visto um novo amarelo e destruído por completo as aspirações da equipa. Confesso que me enervei bastante com esta atitude!
Finalmente, aos 57 minutos entra o “Zorba” e tudo se modifica. Posse de bola irrepreensível, velocidade, fintas magnificas culminadas em livres perigoso por faltas do adversário. Karagounis foi a chave que abriu o cofre. A cereja no topo do bolo. Karagounis foi a peça que faltava ao puzzle benfiquista e foi num dos seus lances magistrais que surgiu o livre que deu origem ao grande golo de Luisão. Foi o Petit! É sempre ele! Grande Petit! Muitos gritos de emoção, algum lacrimejar confesso, é isto ser benfiquista. É difícil descrever o que se sente em momentos como o de ontem e principalmente depois do que se tem vivido ultimamente. Mas acreditar sempre!
A importantíssima vitória do Benfica é inteiramente justa. É verdade que o jogo foi na sua maior parte um pouco monótono – apenas meia hora de futebol espectáculo – mas as oportunidades criadas foram exclusivamente para o mesmo lado. Precisamente o lado do Benfica. Há pelo menos 3 flagrantes sem contar com o golo obtido.
Individualmente há muito por onde falar. Os 3 mosqueteiros do costume: Léo, Petit e Luisão foram absolutamente fantásticos fazendo porventura as suas melhores exibições ao serviço do Benfica ou pelo menos do mesmo nível dessas.
O pequeno defesa-esquerdo brasileiro continua a provar jogo após jogo a que a altura não joga a bola. Neste momento é indiscutível na equipa, espero que o Koeman também entenda isso. Contra o Liverpool não se atemorizou pela enorme envergadura dos seus concorrentes e fez uma exibição fantástica – bem ao nível de que nos tem habituado. Fintou, cruzou, marcou, subiu em velocidade, e o impressionante é que, com o seu 1,69 m, até ganhou bolas de cabeça. De longe um dos jogadores em melhor forma do Benfica, fica só na dúvida o porquê da teimosia de Koeman em colocá-lo mais de um mês no banco. A continuar assim e caso os bons resultados do Benfica na Europa se mantenham tem hipóteses em envergar a “canarinha” na Alemanha.
Quem mantém todas as hipóteses em ir ao Mundial pelo “escrete” é o seu compatriota Luisão, o verdadeiro patrão da equipa. O central brasileiro fez uma das melhores exibições ao serviço do Benfica de que tenho memória. Secou por completo Robbie Fowler e depois Cissé, não perdeu um único lance digno de registo e ainda teve a “lata” de fazer um golão num cabeceamento portentoso e que deu a vitória. A exibir-se a este nível, infelizmente, não ficará muito mais tempo no Benfica. Parece talhado para os grandes jogos, ficando novamente a certeza que continua a calar as criticas inoportunas e injustas da Imprensa Portuguesa dos últimos tempos.
Quanto a Petit pouco mais há a dizer. Foi, para mim, o melhor em campo e se raramente joga mal, no jogo de ontem foi simplesmente sublime. Segurou o meio-campo – como, aliás, costuma fazer de forma brilhante – em disputa com o excelente Alonso e esteve presente em quase todos os lances de perigo. Criou o golo de Luisão e teve nos pés oportunidades para mais dois, um deles num chapéu soberbo a 45 metros. Petit merecia-o! Fica para a próxima! Afinal não é só cacetada como muitos apregoam, ouçam Rafa Bénitez quando este diz que o Petit é um dos melhores trincos europeus.
Em óptimo nível exibiram-se também Anderson, Alcides e Manuel Fernandes.
O central Anderson é o complemento ideal da dupla com Luisão por ser mais rápido que o primeiro e assim ter uma grande capacidade de dobra ao companheiro. Voltou ao seu melhor nível depois de alguns jogos em menor forma e que lhe custaram a titularidade. Secou por completo um dos melhores pontas-de-lança do mundo, Fernando Morientes, quando já o tinha feito a Fórlan e a Van Nistelrooij. Demonstra grande categoria especialmente naqueles lances de cortes em carrinho lateral. Gosto imenso do seu futebol!
De Alcides poder-se-á dizer que teve alguns momentos de intranquilidade e em que foi ultrapassado em velocidade por Harry Kewel mas no geral não comprometeu. Ofensivamente não se lhe pode pedir muito porque, manifestamente, não o consegue. Prefiro Nélson, mas a sua capacidade de cabeceamento dá muito jeito neste tipo de jogos e por isso Koeman esteve bem ao optar pelo brasileiro.
Um pouco mais solto do que costume, Manuel Fernandes, exibiu-se em bom nível. Sem a responsabilidade de jogar em marcação no meio-campo soube optar e bem por descair para as faixas laterais sempre que era necessário ajudar os seus colegas. Não foi muito exuberante mas cumpriu, certamente, o que lhe foi pedido sem grandes falhas.
Bastante abaixo do esperado estiveram Moretto, Beto e Simão.
Do capitão espera-se tudo mas nos últimos tempos tem-se visto muito pouco. Nem contra a sua ex-futura-equipa foi decisivo, sem chama, sem velocidade e, incrivelmente, sem discernimento na cobrança de lances de bola parada. A desilusão da noite e já são muitas!
Mais uma vez o keeper do Benfica demonstrou uma intranquilidade atroz. Embora o Liverpool não tenha feito remates à baliza do Benfica é nos cruzamentos para a área que demonstra maiores carências quando essa era a característica que melhor o definia. Ainda não me convenceu na totalidade.
Beto é, realmente, um “case study” do Benfica. As suas limitações técnicas e por vezes tácticas são imensas mas tenta compensá-las com uma entrega e raça fora do comum. Perde inúmeras bolas mas “estorva” inúmeros lances ao adversário. Não sou propriamente um fã mas revoltam-me os assobios que lhe retribuem. Ainda se fosse um jogador que não se esforçasse! Nem o Beto, nem outro qualquer, merecem essa atitude por parte dos adeptos do Benfica. Sinceramente não percebo que se vá para a Luz assobiar um “nosso”. Ele tem toda a razão para se sentir triste e ofendido com estas atitudes até pelo facto de ser muito por sua culpa que o Benfica disputou este jogo.
Dos titulares sobra ainda Laurent Robert e Nuno Gomes.
Apesar de não ter feito um único remate à baliza, o ponta-de-lança do Benfica foi fundamental no jogo da equipa. Era ver os centrais a correr atrás dele, num jogo muito físico e muito complicado para si mas que teve toda a entrega possível. Um líder!
Do francês recordo apenas o magnifico passe para a desmarcação de Simão e pouco mais. Por vezes alheia-se por completo da partida que até parece que nem está em campo.
As substituições processadas – Karagounis, Nélson e Ricardo Rocha – foram todas muito bem feitas mas com resultados díspares.
Karagounis foi um dos homens do jogo como já disse anteriormente, Nelson não resultou já que entrou simplesmente para os “rodriguinhos” que neste tipo de jogos é algo que nunca vai resultar e ainda Ricardo Rocha que entrou para segurar a lateral-esquerda e depois do golo, ou seja, porquíssimos minutos.
No que diz respeito à arbitragem pudemos assistir ao que se poderá dizer uma demonstração de grande categoria de Konrad Plautz. O austríaco disse logo ao que vinha ao mostrar um justíssimo amarelo a Luís Garcia aos 30 segundos (!!!) de jogo. A partir daí vi logo que com este senhor não se brinca e tendo em conta que as equipas portuguesas costumam ser sempre altamente prejudicadas em confrontos europeus é de uma enorme satisfação que vejo que houve isenção.
É certo que não houve lances de elevado nível de dificuldade mas o facto de estar muito perto dos lances possibilitou-lhe uma percepção muito mais facilitada dos mesmos. Na minha opinião foi fundamental controlar o jogo desde inicio pelo facto de se esperar um confronto muito físico – basta ver a capacidade atlética dos jogadores do Liverpool – e que poderia facilmente ter descambado para o violento. Em virtude dos poucos ataques pelas alas não houve grande trabalho para os árbitros auxiliares, ainda assim não comprometeram e momento algum.
Uma palavra final também para fazer ver àqueles que vaticinavam desde o inicio desta prestação europeia que seria re-editado o descalabro de Vigo, que de facto o Benfica ainda tem dimensão europeia. Comentários como por exemplo “Vão ser a vergonha de Portugal, perdem os jogos todos com goleadas e ficam no último lugar do grupo!”, foram depois substituídos por “Vão levar um banho de futebol do Manchester com uma cabazada!”. A fantástica vitória sobre o Manchester fez circular o “Pior Manchester dos últimos 10 anos, ganharam com uma vaquinha monumental!” depois de já se ter ouvido “O grupo mais fácil da Liga dos Campeões!” que tinha o 2º classificado de Inglaterra, o 7º de Espanha e o 3º de França.
Antes desta partida ouviu-se novamente “Vai ser Vigo re-editado!” para depois já ter ouvido “Liverpool muito fraco, sem chama e sem classe!” ou “Vão ser goleados em Anfield!”. Enfim… a inveja é lixada com “f”! Mas enquanto que uns jogam na Liga dos Campeões e com as melhores equipas do Mundo onde se pode perder, ganhar ou empatar, os outros jogam “ao pau com os ursos!”
Obviamente que este resultado é muito curto para o Benfica pensar em jogar para o empate em Anfield. Aliás, se for esse o tipo de jogo que a equipa pretende não auguro nada de bom no dia 8 de Março – um dia depois do meu aniversário, eh eh, e por isso quero uma prendinha do clube do meu coração. Espero, sinceramente, que se jogue para tentar ganhar ou pelo menos para fazer um golo. Será uma jornada fantástica com uma ambiente demolidor mas se o Benfica marcar primeiro tem tudo para seguir em frente.
Não estou à espera de passar a eliminatória, sei que é muito difícil desfeitear o actual Campeão no seu próprio estádio, e já estou muito satisfeito com este pequeno milagre mas se, de facto, o Liverpool for eliminado por este Benfica acrescenta-se mais uma página gloriosa e histórica no álbum de memórias de um dos mais fantásticos clubes de futebol do Mundo.
NDR: As melhoras para o jogador Mohamed Sissoko do Liverpool que ainda se encontra hospitalizado após uma entrada dura mas sem maldade do Beto. Parece que é grave e que perdeu momentaneamente a visão já que foi atingido com um pontapé no olho. Saúdo ainda a atitude de Beto que hoje o visitou no hospital.
Ficha do Jogo:
1ª mão dos 8ºs de Final da Liga dos Campeões
Estádio da Luz em Lisboa
Árbitro: Konrad Plautz (Áustria)
SL BENFICA: Moretto; Alcides, Luisão, Anderson e Léo (Ricardo Rocha, 87 m); Petit, Manuel Fernandes e Beto (Karagounis, 57 m); Simão, Laurent Robert (Nélson, 76 m) e Nuno Gomes;
LIVERPOOL FC: 'Pepe' Reina; Steve Finnan, Sammy Hyppia, Jamie Carragher e John Arne Riise; Mohamed Sissoko (Dietmar Hamann, 35 m) e Xabi Alonso; Harry Kewell, Luís Garcia e Robbie Fowler (Djibril Cissé, 66 m); Fernando Morientes (Steven Gerrard, 78 m);
Disciplina: Amarelo a Luis Garcia (1 m), Beto (29 m) e Hamman (54 m);
Golos: 1-0, Luisão (83 m);
#publicado em simultâneo com os Encarnados
Uma boa entrada do Benfica num ciclo infernal que decidiria quais as oportunidades de conquista de títulos afigurava-se para este jogo como fundamental. Não só seria importante uma vitória como também moralizar as “tropas” para o confronto de Terça-Feira com o Liverpool e de Sábado com o FC Porto.
Um dos primeiros receios que tive, em sequência das "manobras" do recente Marítimo-Guimarães, seria a eventual elevada moralização dos jogadores vitorianos no sentido de tentar conseguir a complicada manutenção na 1ª Liga Portuguesa. É um facto que o Vitória tem um conjunto de jogadores de elevado valor – talvez até para nível europeu – mas nos últimos anos são mais as manutenções complicadas e à última da hora do que os campeonatos tranquilos. Como se sabe, no confronto com o SLB, são inúmeros os casos de “agigantação” dos adversários coincidindo o referido confronto com a melhor exibição da época. Infelizmente o que descrevi foi um facto do jogo.
O segundo receio estava relacionado com o estado do relvado do Estádio D. Afonso Henriques em virtude do temporal que se avizinhou no dia de hoje em todo o país. Se o futebol do Benfica tem por base um elevado pendor técnico, a ausência de condições para explanar no campo essas mesmas características poder-se-ia revelar um desastre. Facto que, também, se veio a confirmar.
E para não variar, o pensamento de que Ronald Koeman poderia, de novo, inventar em grande escala remetia-me ao silêncio no que diz respeito ao prognóstico para a partida.
Infelizmente tudo aquilo que temia que acontecesse, aconteceu de facto e aliando esses 3 factores a uma exibição paupérrima de alguns jogadores – mais uma – a vitória foi apenas uma miragem longínqua num deserto de ideias.
Mais uma vez o treinador benfiquista fez uma reformulação no onze – para quando a estabilidade?! – retirando inúmeros titulares da última partida
Por si só meter o Marco Ferreira a titular com o Manduca no banco aliado ao facto de só se ter percebido de mais um erro monumental e vergonhoso aos 66 minutos – depois de uma exibição do pior que já vi num jogador ao serviço do Benfica – deveria dar despedimento directo.
Se já não bastam os constantes equívocos técnicos, as suas declarações não abonam nada em seu favor. Demonstra sempre grande descrença na equipa e nos jogadores de forma individual. Não há que transparecer sobranceria mas um pouco mais de fé do maior responsável pela equipa é sempre positivo.
Outra coisa que me desagrada – e já com Trappatoni era igual – é o facto de muito raramente fazer todas as alterações possíveis durante o jogo. O banco do Benfica é muito bom e há que tirar partido dele de forma eficaz. Não o fazer é limitar a performance da equipa.
Sendo assim, o Benfica entrou pessimamente no jogo – para não variar – e deixou ao Vitória o controlo completo da partida. Sofreu um golo na 1ª parte e poderia ter sofrido mais – Moretto esteve muito bem – e só quando se viu a perdeu deu um “ar de sua graça”. É inadmissível que a equipa não entre forte no jogo, parece ter pouca vontade em vencer e só quando sofre um revês é que acorda para a realidade. Rematar pela primeira vez quase aos 40 minutos é vergonhoso para um candidato ao título ainda para mais tendo em conta que foi num lance de bola parada. É verdade que o golo surge de forma fortuita – num remate a quase 40 metros!!! – mas já tenho vindo a “alertar” para a inexistente cobertura dos médios a remates de longe.
A perder ao intervalo é inacreditável que o treinador não faça uma única alteração no 11, assim é dar toda a vantagem ao adversário. A 2ª parte foi um pouco melhor do que a 1ª, ainda assim, a normal fraca finalização - juntamente com novos erros defensivos individuais - ditou o resultado final.
As constantes falhas de energia na minha zona impossibilitaram que pudesse ver o jogo como desejava e nalguns momentos apenas através do rádio segui as incidências de jogo. Deu, no entanto, para perceber a fraca resposta do Benfica e a constante desorientação quer dos jogadores, quer de Koeman. É pena que fique a sensação que um Benfica de nível médio chegaria para vencer em Guimarães.
Individualmente e como melhores em campo por parte do Benfica destaco Moretto e Petit.
O guarda-redes benfiquista foi a dada altura, o grande responsável pelo facto do resultado não se alterar através de duas brilhantes defesas. Fora isso não teve grande trabalho mas é indiscutível que não tem culpa nos golos sofridos pela equipa. Parece estar no seu melhor momento desde que chegou ao clube, infelizmente a série de resultados não o tem ajudado a consolidar-se como uma das figuras do Benfica.
Quanto a Petit poder-se-á dizer que mantém sempre o seu nível. É raro vê-lo a jogar mal e foi hoje, como sempre, um dos grandes impulsionadores do Benfica. Infelizmente não teve a ajuda que se ajustava e muitas das vezes conduzia sozinho e quase por completo as iniciativas atacantes. Teve nos seus pés o melhor momento do Benfica de todo o jogo com um remate fantástico na sequência de um livre directo, parado por uma não menos brilhante defesa do guardião Nilson – na minha opinião, um dos piores da Liga mas que hoje, para não variar, esteve bem.
Em bom nível exibiram-se também Luisão, Simão e Léo.
O central brasileiro cotou-se entre os melhores e durante o jogo todo só se poderá apontar uma falha de marcação - que infelizmente até resultou no 2º golo - mas esteve impecável nos restantes lances. Secou por completo o polaco Saganowsky e ainda fez uma grande assistência para Marcel fazer, irregularmente, um golo. Voltou à tranquilidade que lhe era característica.
Num terreno muito pesado é normal que Léo e Simão tenham algumas dificuldades em explanar todo o seu futebol e também por isso as suas exibições equivalem-se bastante. Estiveram seguros a defender – e Simão fê-lo bastante bem, impressionou-me – e algo inconsequentes a nível ofensivo. No entanto, é dos pés deles que saíram as melhores jogadas do Benfica no que diz respeito ao ataque. A única crítica que tenho a apontar a Léo é o facto de, por vezes, procurar cair em falta ao invés de tentar em esforço algo mais de uma determinada jogada. Terá de melhorar esse aspecto.
Dos restantes jogadores foi tudo mau. Alguns estiveram mesmo muito mal.
Marco Ferreira esteve um verdadeiro desastre. A um extremo-direito do Benfica exige-se velocidade, técnica, sentido posicional e de desmarcação aliado se possível a um bom sentido de baliza. De Marco Ferreira apenas vi fintas a ele próprio, passes para trás e perdas de bola infantis. Mas isso sou eu, se calhar sou demasiado exigente! Se não entendo a contratação como é possível entender a titularidade?!
Manuel Fernandes e Nuno Gomes estiveram inexistentes com constantes erros na sua posição. O 1º talvez se tenha “poupado” e voltou a falhar defensivamente e no capítulo do passe enquanto que o segundo esteve verdadeiramente desastrado. Este tipo de campos não é o mais indicado para o futebol técnico de Nuno Gomes.
Com erros comprometedores estiveram Ricardo Rocha e Nélson - 1º e 2º golo respectivamente. Destacaram-se, ainda, por várias entradas demasiado “à queima” e por inexistente sentido atacante.
Marcel mais uma vez não existiu – não fez um único remate à baliza de forma legal – e os 2 suplentes que entraram já o fizeram bastante tarde para que pudessem fazer algo pela equipa. Aliás, Manduca e Karagounis, na minha opinião, deveriam ter sido titulares principalmente o grego em virtude do seu forte sentido de posse de bola necessário neste tipo de jogos.
No que diz respeito à arbitragem do sempre ignóbil Lucílio Baptista digo já que dos 4 penaltys “reclamados”, na minha opinião, não existe nenhum. No sobre Ricardo Rocha não existe, sequer, toque no jogador. No de Marcel a haver falta – que não me parece que exista – o lance começa fora da área. Na mão na bola de Geromel também não me parece que seja propositado e no mais polémico, o de Léo, parece-me que o contacto existente não é suficiente para que seja assinalada falta.
No entanto, a prestação do juiz de Setúbal não fica por aqui. Se bem que analisando a contagem de amarelos o Vitória fique bem na frente do Benfica, a atitude de Lucílio foi durante todo o jogo um manifesto contra-senso no capítulo técnico. Já me parece comum o constante corte de jogadas perigosas – principalmente na segunda parte – mas o elevado número de faltas não assinaladas ou marcadas ao contrário é surreal.
Esteve, efectivamente, bem ao mostrar apenas o amarelo a Cléber no lance em que o brasileiro abalroa Nuno Gomes já que o lateral direito vimaranense estava relativamente perto da jogada. É, no entanto, discutível o porquê do capitão do Vitória ter ficado em campo o jogo todo com a quantidade descomunal de "pau" que deu – e que já nem sequer deveria ter jogado em virtude da expulsão perdoada no célebre Marítimo-Guimarães.
Acrescento ainda que trabalho dos auxiliares foi bastante bom e em destaque a correctíssima invalidação do golo de Marcel por claro fora-de-jogo.
Em jeito de conclusão final e após a 6ª derrota na Liga – a 3ª nos últimos 4 jogos – deixo o meu completo descrédito na revalidação do título. Apenas uma vitória sobre o FC Porto trará alguma réstia de esperança na conquista desse objectivo e em caso de os 3 pontos não serem conquistados o Campeonato acaba definitivamente no Sábado que aí vem – pelo menos no que diz respeito ao que interessa aos benfiquistas.
É profundamente deprimente que com um plantel desta qualidade não se conquiste o título por erros de casting inacreditáveis. Parece-me inclusive que os reforços de Janeiro não trouxeram nada de positivo ao clube antes pelo contrário – pelo menos até agora – nem que seja pela destruição completa de um extraordinário balneário.
E já agora: Tentem o Camacho, por favor, e ontem.
NDR: O “SLB, SLB, Filhos da P*ta SLB!" e o ”Em cada lampião, há um c*brão!” ouvidos em grande tom na maior parte do jogo demonstram a verborreia mental da maior parte dos adeptos do Vitória. Qual a necessidade de insultar as pessoas, que mal é que os benfiquistas lhe fizeram? É isto que pretende demonstrar a “grande massa adepta” do Vitória? Faço votos para que vão para o lugar que merecem, exactamente: “Prá Segunda!”.
Ficha do Jogo:
23ª Jornada da Liga Portuguesa
Estádio D. Afonso Henriques em Guimarães
Árbitro: Lucílio Baptista (AF Setúbal)
VITÓRIA SC DE GUIMARÃES: Nilson; Vítor Moreno, Geromel, Cléber e Paíto; Flávio Meireles e Svard (Moreno, 53 m); Neca, Benachour (Dário, 81 m) e Wesley (Otacílio, 46 m); Saganowski;
SL BENFICA: Moretto; Nélson, Luisão, Ricardo Rocha e Léo; Petit e Manuel Fernandes(Karagounis, 76 m); Marco Ferreira (Manduca, 66 m), Nuno Gomes e Simão Sabrosa; Marcel;
Disciplina: Amarelo para Nélson (12 m), Neca (14 m), Benachour (31 m), Paíto (40 m), Cléber (42 m), Flávio Meireles (70 m), Nilson (74 m) e Otacílio (88 m);
Golos: 1-0, Svard aos 22 m; 2-0, Neca aos 71 m;
#publicado em simultâneo com os Encarnados
Depois de 3 jogos sem ganhar – pelo menos no tempo regulamentar – e de um resto de semana relativamente tranquilo o jogo contra o último classificado era esperado como uma espécie de reconciliamento entre a equipa e os adeptos.
Esperavasse muito pouco do Penafiel em virtude da má classificação, do número de golos sofridos e porventura do historial dessa mesma equipa no Estádio da Luz mas há sempre que desconfiar das equipas que não têm qualquer tipo de pressão – a descida de divisão já foi assumida pelo próprio presidente – pois o seu futebol pode complicar e muito o adversário.
Em virtude de castigos e de alguns problemas físicos eram esperadas algumas alterações no 11 titular, alterações essas processadas por Ronald Koeman de forma mais ou menos previsível. Estranhasse… ou não, a manutenção de Alcides – com Nélson no banco – e a colocação de Karagounis a trinco – quando se sabe que o grego rende muito mais no apoio ao ponta-de-lança. Definitivamente o treinador “não vai à bola” com Karagounis, nem consegue abdicar de Alcides, ainda assim o resto da equipa poder-se-á considerar normal tendo em conta os últimos jogos e o estilo de jogo de que o treinador pretende.
A importância de um bom resultado nesta jornada era vital para as aspirações do título em virtude dos resultados já conhecidos dos concorrentes directos – vitórias do FC Porto e do Sporting. E se era esperada uma grande exibição do Benfica, a desilusão foi o mote nos primeiros 45 minutos. O Benfica entrou bastante mal no jogo permitindo que o Penafiel criasse bastante perigo e tivesse inclusivamente oportunidades soberanas de golo que felizmente não conseguiu converter.
O golo foi o libertador da equipa e permitiu que o jogo decorresse de forma mais fluida e para além de ter sido importante para o visitado foi uma forte “machadada” nas aspirações do adversário. Há, de facto, momentos chave na partida como por exemplo as grandes defesas de Moretto e o consequente 2-0 de auto-golo.
A segunda parte não foi muito melhor que a primeira – a exibição no geral foi fraca, salvou-se a goleada – mas a vitória é indiscutível. Há muito tempo que o Benfica não goleava e isso é sempre bom independentemente do tipo de futebol jogado.
Individualmente e como homens do jogo destaco dois jogadores fundamentais no Benfica actual, Léo e Petit.
O brasileiro Léo teve uma exibição em tudo muito semelhante à realizada no encontro para a Taça. Extremamente disponível, esforçado e com um sentido atacante realmente fantástico. Se defensivamente teve pouco trabalho, em virtude do ataque retraído do adversário, no registo atacante foi um dos grandes impulsionadores da equipa. Há muito que não se via um lateral-esquerdo de tão grande categoria no Campeonato.
Não sei até que ponto é seguido por Carlos Alberto Parreira mas em virtude das anteriores convocatórias, o “baixinho” da Luz não seria uma surpresa nos eleitos do “escrete”. Espero que Koeman não invente mais e lhe dê a titularidade indiscutível nos próximos tempos e enquanto mantiver o elevado nível que tem exibido.
A polémica da semana – à ausência de melhores motivos – é-lhe imputada na assistência que faz para o 3-0. Se, de facto, há um jogador do Penafiel deitado na área penafidelense, o que poderá fazer lançar rasgos de indignação aos mais pudicos pelo facto do lance decorrer, não é menos verdade que 10 segundos antes, e com o mesmo jogador incapacitado, os jogadores nortenhos fazem decorrer uma jogada tentando um contra-ataque que morre nos pés de Manuel Fernandes. Não acredito que Léo não tenha visto o Pedro Moreira caído mas será que lançar a bola para fora depois da atitude do Penafiel não seria “angelical” demais? Na minha opinião: sim!
Quanto a Petit, de longe o mais regular de toda a época, continua a fazer jogar toda a equipa. Para além de toda a sua disponibilidade física, o seu carácter e categoria fazem com que seja, na minha opinião, o jogador mais importante do Benfica da época em curso. Fez um passe absolutamente magistral para o golo de Geovanni – calando muitas bocas que afirmam que só sabe dar “pau” – e marcou o canto que resultou num auto-golo de Roberto – com Luisão à “espreita”. Acrescento ainda uma outra nota positiva no que diz respeito à ausência do jogo duro a que nos têm habituado, espero que seja para manter.
Em grande nível exibiram-se também Moretto, Geovanni e Luisão. Do guarda-redes só se poderão tecer elogios. Num determinado momento do jogo foi fundamental com um punhado de excelentes intervenções – uma verdadeiramente fabulosa na resposta a um cabeceamento de Roberto – e desta vez demonstrou grande segurança em todos os pergaminhos do jogo. Parece que a ida para o banco no jogo da Taça foi regeneradora.
Ao “ponta-de-lança” Geovanni todos os elogios são escassos. É espectacular a sua percentagem de aproveitamento aquando da colocação na frente de ataque. As suas contantes súplicas para que o colocassem nessa posição mostram, de jogo a jogo, que são justificadas. O brasileiro foi, desde sempre, um dos meus jogadores preferidos, simpatia que aumenta consideravelmente com este tipo de exibições. O seu elevado nível de jogo complica bastante a garantia de oportunidades aos restantes avançados do plantel.
Luisão manteve a elevada concentração já demonstrada contra o Nacional da Madeira cotando-se como um dos melhores do Benfica. Não perdeu um único lance e é responsável na obtenção do 2-0 por influência directa na atrapalhação ao jogador adversário que infortunadamente colocou a bola na própria baliza. Continua a calar as inoportunas e precipitadas críticas de alguma Comunicação Social às suas exibições realçando toda a sua categoria e pretensão na chamada ao Mundial.
Apesar de apenas 45 minutos jogados, Manuel Fernandes e Nuno Gomes foram também grandes impulsionadores da vitória exibindo-se em bom nível.
Do centro-campista português pode-se observar claramente – e tendo em conta os últimos jogos – uma subida de forma brutal com um consequente rendimento elevado. Melhorou enormemente a sua qualidade de passe – toda a gente sabe que os baixos índices físicos condicionam muito este aspecto – mas continua a pecar em terrenos defensivos. É pena que não retire um melhor aproveitamento do seu forte pontapé mas mesmo assim tem de ser titular nesta equipa.
De Nuno Gomes posso dizer que gostei imenso. Fez, aliás, um dos melhores jogos nos últimos tempos. Foram inúmeros os passes magistrais – aquele de calcanhar é fabuloso, algumas desmarcações simples mas bem feitas e concluiu de forma brilhante um grande centro de Léo para o 14º golo no campeonato em 22 jogos. Um registo que o mantêm no primeiro lugar dos melhores marcadores da Liga Portuguesa. O seu amor à camisola é contagiante, e é neste momento o jogador que ao marcar um golo me dá mais satisfação não só por tudo o que foi dito ao longo dos anos – por mim também, admito-o – mas também porque ganhar a Bola de Prata era um prémio merecido para uma grande carreira ao serviço do Benfica.
Abaixo do esperado estiveram Alcides, Anderson e Karagounis.
O lateral-direito do Benfica tem as conhecidas lacunas no aspecto ofensivo. E se não houve trabalho quase nenhum perto da área benfiquista, neste tipo de jogos tem de jogar um lateral de outro tipo. Não compreendo a relegação para o banco do Nélson ainda para mais porque não gosto do futebol de Alcides. Positivamente, destaco um grande cabeceamento “à central” e como “dizem os livros” que saiu perto do poste.
Confesso que gosto imenso do central Anderson, no entanto a sua irregularidade é bastante peculiar. Tanto demonstra um futebol espectáculo digno dos melhores centrais a jogar na Europa com falhas de iniciado. Neste jogo teve um lance inacreditável em que perdeu a bola por baixo das pernas e no que poderia ter sido uma grande oportunidade de golo… a atenção de Léo inviabilizou o golo do Penafiel. Sinceramente não percebo estas brancas de tempos a tempos do brasileiro. Ainda assim é um grande jogador e um complemento excepcional de Luisão. Na minha opinião é titular indiscutível e só não deve jogar quando se pretende fazer uma rotação do plantel.
O “bico-de-obra” deste jogo foi utilização de Karagounis. No braço de ferro com Koeman tinha cilindrado no jogo da Taça com uns 39 minutos de sonho. O “castigo” foi a sua colocação na posição de trinco ao invés de um pouco mais adiantado no apoio ao ponta-de-lança. Karagounis não se deu bem com o lugar e fez uma exibição paupérrima, a roçar o medíocre com constantes percas de bola e passes errados. Se nem tudo se explica pela colocação em campo, esse facto tem bastante influência na substituição ao intervalo. De forma matreira e um pouco indecorosa Koeman levou a melhor e o grego tem, agora e novamente, o seu lugar na equipa minado para semanas.
Manduca, Laurent Robert e Marcel, independentemente dos minutos que jogaram, pouco ou nada se viram. Verdadeiras desilusões neste jogo, e no caso do ponta-de-lança Marcel, o brasileiro ainda não justificou a sua contratação. Se a substituição do ex-Marítimo ao intervalo é acertadíssima não compreendo porque é que o francês não saiu mais cedo.
Para finalizar, destaco a melhoria da performance de Simão Sabrosa em comparação com os jogos mais recentes. Ainda não esteve ao seu nível – muito longe mesmo – mas denotou maior entrega na partida. As fintas, as desmarcações, os centros e os livres não saem como pretende – a má forma é visível e preocupante tendo em conta os grandes confrontos que se avizinham – mas não se pode dizer que não tenta. O seu esforço foi premiado com um golo de belo efeito, mas de aparente fácil concretização – após passe magistral de Manuel Fernandes – e que servirá, certamente, de tónico para posteriores jogos. Golo este que foi o seu 7º na Liga.
No que diz respeito ao trabalho do árbitro pode-se dizer, desde já, que não gostei nada. Obviamente que não houve lances polémicos nem falhas técnicas assinaláveis mas no capítulo disciplinar, Nuno Almeida, não esteve nada bem. Falhou ao não expulsar Laurent Robert e Weligton por entradas duríssimas e demonstrou sempre grande insegurança no controlo do jogo. Num jogo mais complicado e com este tipo de autoridade teria sido um desastre. Trabalho dos auxiliares impecável.
Estou bastante desapontado com a jornada 22. Não pelo resultado do jogo do Benfica, obviamente, mas pelas esperanças que tinha em desaires do FC Porto e do Sporting. As deslocações que eu pensava que seriam bastante complicadas não passaram de meros passeios – independentemente das circunstâncias mais ou menos polémicas em que foram obtidos os resultados – e tendo em conta que na próxima jornada é o Benfica a deslocar-se a um campo complicado, e os adversários a jogar em casa, os meus receios crescem.
Preocupante ainda o elevado número de jogadores brasileiros na equipa titular, nada mais, nada menos do que 7 – com mais 2 no banco. Não gosto nem nunca gostei do excesso de estrangeiros na equipa, não só pelo facto de na história o clube nunca se ter dado bem com isso mas também porque essa politica de contratações não me parece ter um fim à vista.
A equipa titular e campeã da época passada era constituída por 8 portugueses, atenção a isso.
NDR: Lamentável a guerra pela camisola de Simão no final do jogo. Quem a apanhou é que fica com ela e quem a quiser que a compre na Loja do Benfica. Custam 65 euros, eu tenho uma!
Ficha do Jogo:
22ª Jornada da Liga Portuguesa