Muitas ilações podem ser tiradas do jogo desta noite com o Nacional da Madeira. Algumas bem preocupantes quer para o plantel quer para o próprio treinador.
Primeiro que tudo realço o estado deplorável do relvado do Estádio da Luz. Já o tinha dito anteriormente mas parece-me que ainda está pior do que quando me apercebi dessa situação pela 1ª vez. É quase impossível a bola rolar na relva e a cada passe rasteiro a bola vai para o seu destinatário aos saltinhos. Ainda mais preocupante é o facto do mesmo ir ser mostrado à Europa na próxima semana cheio de buracos e remendos. Aguarda-se uma solução urgente para este problema.
Seria de esperar que Ronald Koeman procedesse a algumas alterações no 11 titular da equipa dando descanso aos jogadores mais utilizados do Benfica como por exemplo Nuno Gomes, Simão e Luisão. No entanto o treinador optou por apenas retirar Moretto e Nélson e deixar o resto exactamente como tem estado. Acho que se perdeu uma grande oportunidade de rodar o plantel e fazer alinhar alguns jogadores que precisam de minutos nas pernas como por exemplo e principalmente Karagounis.
Depois das duas derrotas seguidas estava ávido de uma vitória sem grandes problemas mas sabendo que o Benfica teria pela frente uma excelente equipa de futebol que infelizmente tem, quase sempre, uma atitude ultra-defensiva neste tipo de jogos contra os grandes. Tenho Manuel Machado em melhor conta do que as patéticas tácticas que monta para estes jogos fora de casa. 8-2-0? O que é isto? É para ganhar?
O Benfica entrou muito bem no jogo, fez uma excelente exibição na primeira parte que mais uma vez pecou pelas sucessivas falhas na finalização. Desde que o Nuno Gomes deixou de fazer golos que o Benfica está com um deficit brutal de golos e isso é, extremamente preocupante.O segundo tempo foi bastante mais pausado, especialmente nos 20/25 minutos finais – à espera do prolongamento, talvez (?!) – mas mesmo assim a vitória seria indiscutível já que o Benfica foi a única equipa que tentou vencer o jogo.Um prolongamento de grande qualidade não impediu que a “lotaria” dos penaltys fosse “sorteada” e felizmente tal como justamente o Benfica concretizou mais do que o seu adversário. Segue em frente para uns 4ºs de final da Taça altamente competitivos – quase tudo boas equipas da Liga.
Mais do que a atitude de alguns jogadores o que mais me enervou e a maior conclusão do jogo de hoje é a fraca atitude – para não dizer incompetência – do treinador do Benfica. Para além de não apostar nos jogadores certos e deixar de fora alguns que mereciam a titularidade – Karagounis é o caso mais óbvio – erra constantemente nas substituições. E se bem que eu não seja treinador diplomado parece-me que retirar um dos melhores jogadores em campo – Manduca – e deixar outros que pouco ou nada renderam - Simão e/ou Nuno Gomes - não me parece muito lógico.
Além disso tem um tipo de atitude que não se coaduna nada com o típico treinador de que gosto. Eu gosto daquele tipo de treinador “à Camacho“, que transpira debaixo dos braços, que berra, gesticula e se for preciso se “passa” com os jogadores. Koeman não é nada disso e se a sua pacatez é irritante a sua inoperância no banco é gritante. Foi um grandíssimo jogador mas como treinador ainda não me convenceu.A meio da segunda-parte o holandês “sacou” de um caderno e começou a escrever qualquer coisa. Estou esperançado que seja um esboço da carta de demissão que irá apresentar a LFV nos tempos mais próximos.
Individualmente, e muito facilmente, destaco como homens do jogo o lateral-esquerdo Léo e o centro-campista Karagounis – apesar de só ter entrado aos 81 minutos.
O brasileiro Léo fez um jogo absolutamente soberbo, esteve em todo o lado e em grande nível. Foi o motor da equipa nos 90 minutos regulamentares e apesar de ter quebrado um pouco na parte final – 120 minutos é dose para quem não joga regularmente – demonstrou que tem de ser, obrigatoriamente, titular desta equipa. Aliás, não só seria titular em qualquer equipa portuguesa mas seria também uma das suas estrelas.
No que diz respeito ao grego Karagounis posso dizer que gostei imenso. Para além da já conhecida capacidade técnica – raramente lhe tiram a bola, inigualável em Portugal – demonstra uma qualidade de passe do melhor que existe no plantel. Como é que é possível jogar o Beto e manter-se o Karagounis fora da equipa?! Sinceramente não compreendo! O grego neste jogo foi o motor da equipa no prolongamento, fez 3 jogadas fabulosas que só não resultaram em golo por inoperância dos finalizadores – Robert e Marcel, este por duas vezes.
É inacreditável que estes dois jogadores não joguem regularmente no Benfica. Enervante caro Koeman!
Em excelente nível estiveram também Luisão, Manuel Fernandes e Manduca. Do central brasileiro viu-se uma calma, tranquilidade e categoria digna dos melhores e nalguns lances brilhou em grande altura. Respondeu à letra aos detractores da semana mas como ponto negativo destaco que deveria treinar mais e melhor as suas saídas com a bola. Ao invés de fazer os chutões deveria sair a jogar com mais qualidade, mas é certo que mais vale não inventar do que disparatar – como em Leiria.Manuel Fernandes melhorou bastante o nível do seu jogo, defendendo muito melhor do nos ia habituando e aperfeiçoando a qualidade de passe. Esteve, realmente, em grande especialmente naquele lance fabuloso "à Zidane". Melhorando o capítulo do remate tornar-se-á um dos melhores da Europa. No que diz respeito ao Manduca o maior elogio que lhe posso fazer é que era o melhor em campo – em conjunto com Léo – no momento em que foi substituído. Mostrou grande velocidade e qualidade de passe e ainda um óptimo sentido de desmarcação. Espero desenvolvimentos!
Abaixo do exigível estiveram Beto, Alcides e Nuno Gomes. Se do primeiro já não é novidade – as suas carências técnicas são absurdas, só alguma compensação em termos de destruição de jogo pode admitir a elevada utilização – de Alcides começo a estranhar. Começou muito bem mas tem vindo a decair de forma notória. Ofensivamente é quase inconsequente – não sabe centrar, fazer uma finta ou uma desmarcação – a nível defensivo começa a ter falhas comprometedoras. Neste jogo não foram muitas, é verdade, mas devido ao facto do adversário ter abdicado desse desígnio de jogo.
De Nuno Gomes pouco há a dizer, esteve perdido e quase nunca se viu na partida. Desinspiração ou queda de forma, não sei especificar, o que é certo é que se espera muito dele e que ultimamente não tem estado a corresponder.
Saúdo o regresso à baliza do grande Quim que, por acaso ou não, coincidiu com o regresso à tranquila normalidade do sector defensivo. Não teve nada de especial para defender mas demonstrou segurança nas normalmente problemáticas saídas a cruzamentos para a área.
Gostei também de Ricardo Rocha – muito seguro mas as entradas de pés juntos têm de acabar, o amarelo foi bem mostrado porque apesar de tocar na bola a impetuosidade é demasiada e não há necessidade, Geovanni – as movimentações do costume desta vez com menos sentido de baliza mas ainda assim muito voluntarioso, e de Laurent Robert – o francês tem grande qualidade de passe e uma capacidade individual acima da média, em boa forma física será um portento.
De Marcel espero mais, falhou dois golos praticamente feitos e isso num ponta-de-lança nunca é bom. Tem uma presença física na área assinalável – há muito tempo não se via nada assim na Luz – mas tem de fazer golos. Talvez o 1º seja libertador.
Guardo a parte final das análises individuais para a de Simão Sabrosa e propositadamente. Foi exasperante vê-lo a jogar. Não acertou um passe, um centro, um remate. Tudo muito mau, para além disso falhou um penalty e demonstrou pouquíssima vontade em jogar futebol. Não posso acreditar que esteja no Benfica contrariado mas, de facto, é o que parece. Foi uma sombra – muito negra – do que já rendeu e para um capitão de equipa teve atitudes inqualificáveis.
O “vai para o c*ralho” para Léo ou para o público – fica sempre a dúvida mas parece-me mais a primeira hipótese, igualmente preocupante – naquele lance em que foi assobiado por um passe desastrado é indigno de um jogador do Benfica quanto mais o seu capitão – espero que o reconheça e peça desculpa porque como adepto e fã do Simão chocou-me. Acrescento ainda que me pareceu displicente – para não dizer que se estava a c*gar – na marcação do último penalty. Pareceu-me rematar sem convicção e nem sequer comemorou a vitória. Triste!
Outra situação inadmissível foi a “picardia” entre Luisão e Marcel demonstrativa do estado actual do balneário do Benfica. Aquilo que já foi – ou pelo menos transparecia – um emancipador de bom ambiente é actualmente um criador de conflitos atrás de conflitos. Falha de Koeman e dos seus pares! Blindagem precisa-se já que não me lembro de tantos problemas num ano só.
E o que dizer do irritante relato do Alexandre Albuquerque da RTP?! Já tinha saudades (not!) dos jogos do Benfica transmitidos no Canal do Estado com este pateta. O que vale é que sempre se aprende alguma coisa com o Gabriel Alves – sem qualquer tipo de ironia, sou um fã apesar de tudo o que se diz e do seu elevado grau de lagartagem!
Para finalizar uma palavra para o trabalho do árbitro João Ferreira. O árbitro de Setúbal – chovem de todos os lados – esteve razoavelmente bem tendo em conta que não houve lances duvidosos. Já sei que vai tudo disparatar no lance da suposta mão na área do Ricardo Rocha que, efectivamente, não me parece que seja. O nº 33 já está em queda e, inclusivamente, vira a cara à bola, o remate é muito violento e o lance é rapidíssimo. Para mim não é penalty tal como também não é no lance do Luisão contra a Briosa ou no do Cech contra a Naval – lances mais ou menos semelhantes.
Disciplinarmente esteve bem, no entanto parece-me que as regras dizem que quando um jogador impede que o adversário se isole em frente à baliza e/ou quando uma jogada iminente de golo é interrompida faltosamente o jogador em questão deve ser expulso. Se calhar eu não sei as regras e por isso acho que o Hilário deveria ter sido expulso num lance simplesmente idiota! Qual a necessidade de fazer aquela falta? Acrescento que o trabalho dos auxiliares foi impecável.
NDR: Ouviram as patéticas declarações do Hilário? Segundo ele “O Benfica foi remetido ao seu meio-campo defensivo durante quase todo o jogo”, “Não rematou à baliza do Nacional”, “Quem merecia passar a eliminatória era o Nacional” e “Tive uma das noites mais descansadas da minha carreira”. Por amor de Deus, e depois são os outros que andam na droga?! Cura-te rapaz que é teu mal é… vocês sabem!
Ficha do Jogo:
8ºs da Taça de Portugal
Estádio da Luz em Lisboa
Árbitro: João Ferreira (Setúbal)
SL BENFICA – Quim; Alcides, Luisão, Ricardo Rocha e Léo; Beto e Manuel Fernandes; Manduca (Marcel, 61 m), Geovanni (Laurent Robert, 70 m) e Simão; Nuno Gomes (Karagounis, 81 m).
NACIONAL – Hilário; Alonso, Cléber (Miguel Fidalgo, 58 m), Ávalos e Ricardo Fernandes e Patacas; Juliano, Bruno, Chainho e Miguelito; Nuno Viveiros (André Pinto, aos 47 m; e depois Emerson, aos 65 m, devido a lesão do primeiro).
Disciplina: Amarelos a Ricardo Rocha (17 m), Hilário (37 m), Cléber(39 m), Miguelito (46 m) e Patacas (80 m).
Grandes penalidades: 1-0, Laurent Robert; 1-1, Bruno; 2-1, Luisão; 2-2, Alonso; 3-2, Karagounis; 3-3, Juliano; 4-3, Marcel; 4-3, Patacas falhou, por cima; 5-3, Simão.
#publicado em simultâneo com os Encarnados