Luis Sobral na sua rubrica "Sobe e Desce" no maisfutebol.pt escreve um artigo interessante que terá passado despercebido aos mais incautos (ou seja, aos distraídos do costume).
O processo de averiguação da Comissão Disciplinar da Liga, movido contra o FCP e ULeiria no chamado "caso Maciel", foi finalmente arquivado (digo finalmente, porque outra coisa não seria de esperar destes gajos sem coluna vertebral) 4-quatro-4 meses depois do episódio do acordo de cavalheiros que mandou o Maciel prás boxes no jogo contra o seu patrão. Muito gostaria eu de saber que tipo de investigação e que tipo de diligências é que a CD da Liga para o apuramento de factos. Que personagens terá interrogado para chegar à conclusão que não havia matéria para abrir um processo disciplinar? Será que foram tidas em conta as declarações de Jorge Jesus, na altura? Toda a gente reparou que Jorge Jesus disse aquilo que nunca deveria ter dito (é o problema de gente simples), e as suas declarações foram logo desmentidas pelo presidente do clube que lhe pagava o ordenado. Pode-se fazer uma pequena ideia da pressão (palavra branda) exercida que fez com que viesse mais tarde dar o dito por não dito, ficando assim justificada como questão táctica, a ausência de Maciel.
Estes treinadores são umas grandes carolas. Então um jogador titular e indispensável até então na ULeiria fica de repente no banco por questões tácticas? Nesta óptica, qualquer táctica utilizada em jogos com o FCP passa por nunca incluir jogadores habitualmente titulares, necessários até então à equipa para ganhar de jogos e essenciais ao ataque? Deve ter sido por questões tácticas também que o Couceiro tirou o Marco Aurélio, há anos e anos titular na baliza do Belém no jogo contra o FCP para lá colocar um puto que nunca ninguém tinha ouvido falar. Nós os leigos é que não percebemos nada de futebol.
Continuando a falar das outras tácticas, qual foi a da CD da Liga para decidir arquivar um processo deste calibre? Afinal fazem as leis para quê?, para justificar o tacho?
Façamos um exercício de imaginação e vizualizemos um hipotético interrogatório às partes envolvidas:
- Sr Pinto da Costa, houve algum acordo de cavalheiros com o Sr Bartolomeu para impedir que Maciel jogasse?
- Não sei o que é isso. Cavalheiros?, Ah, isso, desculpe mas não gosto de água com gás.
- Sr Bartolomeu, houve algum acordo de cavalheiros com o Sr Pinto da Costa, para impedir que Maciel jogasse?
- Juro por estes olhinhos que a terra há-de comer, que não sei de que fala.
- Sr Jorge Jesus, foi pressionado de alguma forma por algum dos clubes envolvidos para não incluir Maciel na lista de convocados?
- Nunca iria permitir que alguém interferisse no meu trabalho. Vocês perceberam mal. Eu nunca disse que tinha havido um acordo de cavalheiros, vocês é que deturpam aquilo que a gente diz. Será que tenho que arranjar um tradutor? O que eu disse foi que o cavalheiro em questão (Maciel), acordou de livre vontade não entrar no lote de jogadores, por achar que o jogo se via melhor da bancada. Ainda me falou de uma dor de barriga, mas como é uma desculpa já muito rebuscada, combinámos outra forma de enganar os papalvos.
- Sr Maciel, que se passou exactamente, e que justificação lhe deu o seu treinador para que o senhor não fosse convocado?
- Bom... errrr... é isso aí cárá... eu....
- Ok, estamos esclarecidos, não necessitamos de mais depoimentos. Vamos reunir para deliberar.
E assim foi. À mesa da tasca do Ti Tóino entre 1/2 de pénalties (há que manter o espírito desportivo da coisa), lá chegaram à conclusão que não havia matéria suficiente para abrir processo nenhum, uma vez que os testemunhos tinham sido demasiado consistentes e sobretudo, demasiado credíveis.
O Maciel, esse, coitado, lá se vê agora a braços com um sumaríssimo de 2-dois-2 jogos e que por uma estranha, inusitada e jamais vista coincidência se vê privado uma vez mais (Ná, isto não pode estar a acontecer) de defrontar a mesma equipa que o impediu - perdão - que lhe permitiu ver o jogo comodamente da tribuna.
Por falar em sumaríssimos. Tal como as ondas vão e voltam. Deve ser como aqueles dias do mês que só as mulheres costumam ter. Em branco ficaram 2 situações escandalosas que lesionaram durante vários jogos 2 dos nossos mais importantes jogadores: Petit e Nuno Gomes. Onde é que andariam os Senhores dos interrogatórios e arquivamentos de processos duvidosos nestas alturas? Mas não, a falta sobre Moutinho foi muito mais grave. A gente nem ousa sequer duvidar
PS - antes que venham os poluidores ambientais falar das faltas que Petit comete, faço uma pergunta por antecipação: quantos, digam o número, quantos jogadores mandou Petit para o estaleiro durante vários jogos?