sábado, março 25, 2006

Crónica 28ª Jornada - Gestão Catalã!

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Estádio bastante composto cheio para assistir a um jogo fundamental nos objectivos internos do Benfica. A luta com o Braga pelo 3º lugar – já que não nos deixaram ir mais além – significará a presença ou não na pré-eliminatória da Liga dos Campeões e esse facto é importantíssimo na vida saudável do clube.

E tendo em conta que se aproxima o jogo com o Barcelona, a expectativa dos adeptos em ver bom futebol é enorme. Há que ter a noção que o Braga é uma das melhores equipas nacionais com bastantes jogadores de grande qualidade e que está superiormente orientada por Jesualdo Ferreira. Além disso tem feito uma excelente prova tendo inclusivamente vencido o Benfica no jogo da primeira volta.

Ronald Koeman fez apenas duas alterações na equipa principal devido aos problemas físicos de alguns jogadores. Assim, Ricardo Rocha rendeu Nélson – a contas com uma pubalgia, foi poupado para 3ª feira – na posição de lateral direito – e Laurent Robert regressou à titularidade relegando Geovanni para o banco de suplentes – o brasileiro também teve alguns problemas físicos durante a semana. Com a titularidade do francês, Manduca foi recolocado no apoio ao ponta-de-lança Nuno Gomes. Apesar de Simão e de Robert terem iniciado o jogo em lados contrários ao habitual – esquerda e direita respectivamente - a troca de posições entre si foi uma realidade ao longo do jogo.

Mais uma vez Pedro Mantorras iniciou o jogo no banco tendo agora a companhia do regressado de lesão, Fabrizio Miccoli.


O inicio de jogo do Benfica foi verdadeiramente arrasador, deixando completamente perplexos os jogadores bracarenses. O 1º golo e único da partida foi obtido logo aos 2 minutos de jogo na primeira grande jogada. Centro da esquerda de Robert com a bola a meia altura directamente para o remate de primeira – e já perto da pequena área – de Nuno Gomes. A bola ainda dá um toque subtil num defesa do Braga enganando por completo o guarda-redes.

Depois do golo e por aproximadamente mais 30 minutos o futebol do Benfica cilindrou completamente o meio-campo e a defesa adversária, e apesar de não terem surgido mais golos as grandes jogadas de perigo foram inúmeras – sempre com o último passe a falhar ou com remates mal efectuados. O intervalo chegou com o Braga a começar a intrometer-se no meio-campo do Benfica ficando jogo um pouco mais equilibrado.

A 2ª parte traduziu-se essencialmente numa gestão do Benfica a pensar no jogo de 3ª feira. O Braga foi tentando criar algum perigo e Moretto safou a defesa por duas vezes mas com a expulsão de Luís Filipe o ímpeto bracarense foi completamente abaixo.

A entrada de Karagounis revelou-se, mais uma vez, fundamental mas novamente tardia. No momento da entrada do grego já há muito tempo que o Benfica tinha perdido o controlo do meio-campo que felizmente foi retomado pouco tempo depois. A entrada de Beto serviu o mesmo propósito fazendo Petit descansar para o confronto da época.


Mais uma vez Koeman desiludiu ao demorar a reagir e a não colocar a opção atacante correcta. Se a não-entrada de Miccoli até poderá ser tolerável mas incompreensível – o italiano precisa de minutos e de apoio dos adeptos – a não opção sobre Mantorras é desesperante. O angolano merecia ter tido uma oportunidade em virtude do abaixamento de ritmo de Nuno Gomes – quase que se arrastava no final da partida – e do estado de euforia pelo golo que deu a vitória na jornada anterior.

Isto não é forma de gerir motivações!

Assim, os últimos minutos foram de pouco interesse visto que estava claro que não se assumiriam riscos desnecessários, excepção nalguns lances individuais esporádicos.

No que diz respeito ao resultado a vitória é, mais uma vez, indiscutível porque venceu a equipa que esteve melhor em maior período de tempo. O Braga teve também alguns momentos de bom futebol, o que não é de estranhar, mas não conseguiu nunca superiorizar-se de forma clara. O jogo primou pelo equilíbrio ou pelo domínio do Benfica.

Destaco as exibições de Manuel Fernandes, Simão, Léo e Petit como as melhores.


O jovem internacional português foi esta semana muito elogiado nos sites da UEFA e FIFA e ainda por Ronald Koeman aquando da visita do técnico a Espanha. Demonstrando cada vez mais uma grande personalidade e classe fez, nesta partida, mais uma exibição soberba. Impecável no passe e nas recuperações de bola melhorou a olhos vistos o controlo da mesma até quando rodeado por vários adversários bracarenses. Muito seguro quer como trinco mais recuado – com Petit – quer como apoiante dos médios mais avançados – com Beto. Para mim, o melhor em campo.

Colocado na direita, a primeira parte de Simão foi um pouco pobre a nível atacante compensando, no entanto, no plano defensivo com sucessivas dobras fantásticas a um atrapalhado Ricardo Rocha – numa delas um sprint de 30 metros absolutamente contagiante. No 2º tempo e com a mudança para a ala esquerda melhorou ofensivamente criando mesmo as melhores jogadas do Benfica. É engraçado como perdeu maior fulgor na posição em que foi formado de origem, pelos vistos já se desabituou.
Menos rematador que o costume mas extremamente perigoso no passe e desmarcação.

O internacional brasileiro Léo, fez novamente um jogo de nível superior. Absolutamente imperial no um-para-um, formou com o capitão um quebra-cabeças para Luís Filipe de contornos preocupantes para o lateral direito bracarense. Defensivamente impecável, destacou-se por mais um ou dois túneis geniais ao adversário – e sempre em grande velocidade. Muito fustigado por faltas duras.

De Petit, duas notas opostas. Se por um lado foi novamente o motor do conjunto e por isso se exibiu de forma muito positiva, por outro lado não pode ter o tipo de atitude revelado no momento da substituição. Por muito injusta que seja a opção do treinador – e muitas são-o – um jogador tem que acatar sempre as decisões do seu superior hierárquico com respeito. Confesso que fiquei desiludido porque não estava à espera de algo do género do grande Petit. Ainda assim e de certa forma se compreende porque é daquele tipo de jogadores que quer dar sempre o seu máximo em prol da equipa – não tem nada a ver com vedetismo.
A opção de Koeman foi, claramente, para o poupar porque Petit é um dos jogadores mais primordiais do plantel.


Notas muito positivas ainda para Laurent Robert e Luisão.
O internacional francês fez uma primeira parte de grande qualidade na ala esquerda, uma das suas melhores performances ao serviço do Benfica principalmente porque também ajudou bastante no aspecto defensivo – o que é raro fazer. Fez a assistência para o golo e mais uma mão cheia de bons cruzamentos, na 2ª parte foi perdendo algum fulgor sendo tardiamente substituído por Geovanni.

Na marcação a João Tomás, o gigante Luisão esteve quase sempre em bom plano. Algumas dificuldades nalguns lances divididos mas onde foi mais lesto que o seu adversário. Quando não conseguiu superiorizar-se, Moretto safou a honra do convento. O berro – depois de um chutão para a bancada – que deu para os seus colegas no 2º tempo com o intuito de os “acordar” foi bem representativo da importância que tem no balneário.

A exibição de Anderson foi algo similar à do seu colega de sector pecando, no entanto, pelo número algo excessivo de faltas que fez – algumas não foram, é verdade. Teve uma falha que abomino em qualquer jogador: nunca, em qualquer circunstância, poderá protestar com o braço levantado pedindo a falta – neste caso o fora-de-jogo – deixando de acorrer ao lance. É algo inadmissível em alta-competição.

Ricardo Rocha, Manduca e Nuno Gomes estiveram bem a espaços mas no global apenas razoáveis, no entanto cumpridores.
O 33 benfiquista, adaptado a lateral-direito – que me lembre, a primeira vez que o fez desde que está no clube – cumpriu o que lhe foi pedido. Teve muitas dificuldades para segurar Wender sendo sucessivamente dobrado por Petit, Simão e mesmo Luisão. A nível atacante evidencio uma jogada em grande velocidade na qual fintou 2 jogadores para ganhar um canto. Se é polivalência que Scolari quer, Ricardo Rocha tem e muita.

De Manduca algumas iniciativas individuais de bom nível jogando numa posição que não é, claramente, a sua. Pareceu um pouco perdido no segundo tempo e por isso foi bem substituído.


Nuno Gomes fez um belo golo mas pouco mais. Alguns bons passes em desmarcação mas novos falhanços na hora do remate – um remate de cabeça muito mal e noutro lance deixou-se desarmar por Nem quando tinha tudo para fazer o golo. Ainda assim, deu os 3 pontos à equipa e isso é sempre positivo.

A intranquilidade de Moretto é há já muito tempo conhecida. Ainda que tenha estado bem em dois remates perigosos de João Tomás as falhas que demonstra ao segurar a bola são comprometedoras. Cada vez mais penso que joga por motivos superiores e não por opção técnica, os erros são em demasiado para que a 2ª opção seja a mais lógica. E Koeman não é nenhum idiota chapado.

E por fim os suplentes, Karagounis, Beto e Geovanni. Os dois primeiros entraram em momentos chave com o intuito de segurar o jogo. Se de Karagounis se esperava um fundamental controlo de bola, de Beto esperava-se a raça e a vontade habitual. Cumpriram os dois muito bem, o brasileiro teve ainda duas ou três aberturas que julguei que não sabia fazer.
De Geovanni viu-se muito pouco pois naqueles 10 minutos finais – mais uma vez o 3º homem entrou muito tarde – o importante era segurar e controlar a partida.


Relativamente à arbitragem de Paulo Baptista posso dizer que gostei bastante, não tenho grande impressão deste árbitro mas depois deste jogo a minha opinião acerca do alentejano é positiva. Demonstrou durante todo o jogo grande autoridade e pareceu-me puxar dos cartões sempre que necessário – falhou uma ou duas vezes mas nada de importante.

Para além disso apresentou-se sempre muito perto dos lances demonstrando boa preparação física o que torna mais fácil o seu trabalho. Exemplarmente bem auxiliado pelos seus fiscais de linha em apenas dois momentos o seu trabalho deixou dúvidas: os dois lances de pretenso penalty – um de Petit sobre Delibasic e outro de Nem sobre Manduca – ambos de difícil juízo. Ao não assinalar os dois poder-se-á concluir – verdadeiramente e sem clubismos patéticos que já vão surgindo – que considerou que a intensidade dos dois contactos não foi responsável pela queda dos jogadores envolvidos.

No lance de Petit os dois jogadores saltam à bola de costas havendo o contacto sem que a bola esteja em disputa directa. Petit ganhou o confronto pelo poderio físico ou pela acção faltosa. No outro lance, quando Manduca se preparava para furar para a área sofre um contacto na anca que o desequilibra forçando-o a cair. São lances muito parecidos em que o choque poderá ser responsável por uma queda mais ou menos aparatosa.
Portanto, se manteve o critério da intensidade só se poderá concordar com a decisão. Eu, no seu lugar, teria marcado penalty nas duas situações mas compreendo a sua escolha até porque são lances discutíveis.

Relativamente às picardias – entre muitas parelhas de jogadores – soube quase sempre controlá-las. Não se apercebeu de um ou outro lance entre Petit e Wender, mas em situações onde poderá ter estado tapado pelos respectivos atletas.
Expulsou, bem, Luís Filipe pelo facto do bracarense ter agarrado ostensivamente e com as duas mãos, Simão, quando este se aproximava perigosamente da grande-área.


Os 3 pontos deste jogo colocam o Benfica numa boa posição para garantir de forma mais ou menos tranquila o 3º lugar na Liga. Apenas 5 e 7 pontos separam o clube dos lugares cimeiros e tudo ainda pode acontecer independentemente do bom momento dos adversários. Com apenas 6 jogos para jogar, 1 empate e 1 derrota dos rivais colocará o Benfica na rota do título, é quase impossível mas ainda poderá haver uma réstia de esperança. Os restantes jogos desta jornada revelar-se-ão fundamentais para posteriores conclusões. E vencer as próximas partidas é vital!

Tendo em conta que o Benfica venceu este confronto importante espera-se muita polémica – pelo menos até 3ª feira – da gente do costume. Daqueles que dizem que um golo do Benfica ou é falta ou grande azelhice da defesa e do guarda-redes adversário, daqueles que dizem que nas derrotas o adversário é sempre melhor e nas vitórias é sempre muito mau e fácil demais, daqueles que consideram que os títulos do Benfica são sempre roubados e desprovidos de mérito, daqueles que se indignam com benefícios de arbitragem ao Benfica mas que esfregam as mãos e riem de satisfação quando acontece o contrário. A inveja é lixada, com “f”!

Na 3ª é para ganhar! Força Benfica, eu acredito!


NDR: Nunca tinha visto um jogador morder no rabo um adversário durante um jogo de futebol. Na próxima semana é, seguramente, uma “Petit” história para dar e “Wender”. Depois do “Liedson faz-me um filho” estamos cada vez mais na presença de Brokeback Football.

Ficha do Jogo:

28ª Jornada da Liga Portuguesa

Estádio da Luz em Lisboa

Árbitro: Paulo Baptista (AF Portalegre)

SL BENFICA – Moretto; Ricardo Rocha, Luisão, Anderson e Léo; Petit (Beto, 68 m) e Manuel Fernandes; Laurent Robert (Geovanni, 81 m), Manduca (Karagounis, 62 m) e Simão; Nuno Gomes.

SP. BRAGA – Paulo Santos; Luís Filipe, Paulo Jorge (Wellington, 67 m), Nem e Carlos Fernandes; Vandinho, Andrés Madrid, Sidney (Davide, 62 m) e Wender; Delibasic (Kim, 62 m) e João Tomás.

Disciplina: Amarelos a Vandinho (40 m), Wender (42 m), Manuel Fernandes (42 m), Luisão (53 m), Luís Filipe (55 e 71 m), João Tomás (67 m) e Carlos Fernandes (90 m); Vermelho por acumulação a Luís Filipe (71 m)

Golos: 1-0 por Nuno Gomes (2 m).

#publicado em simultâneo com os Encarnados