quinta-feira, março 16, 2006

Crónica Taça Portugal - De "Encomenda" em "Encomenda"!


Muito do que escrevi para o jogo contra a Naval serve para ilustrar esta partida. Mais uma vez se esperava a motivação suficiente para defrontar e vencer um dos prováveis condenados à descida de Divisão mas que ao contrário da Naval se encontra num bom momento de forma.

Depois da desilusão que foi o jogo da 26ª jornada no qual se perdeu uma óptima oportunidade de continuar na luta pelo título, o Benfica pretendia apurar-se, com maior ou menor dificuldade, para as Meias-Finais da Taça de Portugal. Para tal a vitória sobre o Vitória de Guimarães afigurava-se essencial até porque nesta competição os jogos são a eliminar e havia que ter em conta que já esta época o Benfica tinha sido derrotado pelo adversário.

Tendo em conta a grande tristeza dos adeptos pelo afastamento da luta pelo título e também pelo facto de o jogo se realizar num dia de semana e com vários confrontos num curto espaço de tempo – não há dinheiro para tudo, o estádio encontrava-se com uma moldura humana abaixo do costume. Neste clube quase 23 mil pessoas é muito pouco para uma Luz de tão grande magnitude – noutros clubes seria, certamente, uma enchente.


Ronald Koeman fez algumas alterações ao 11 titular em virtude das inúmeras lesões que assolaram a equipa nos tempos mais recentes mas também no sentido de fazer alguma gestão do plantel. Assim, Quim voltou finalmente à baliza, Nélson e Ricardo Rocha substituíram os lesionados Alcides e Léo, Luisão voltou ao comando da defesa depois da gripe, Manduca jogou no lugar do novamente lesionado Simão e Geovanni voltou à ala-direita no lugar do apagadíssimo Laurent Robert. Karagounis regressou finalmente à titularidade, mantendo-se Nuno Gomes no ataque.

Foi dada ainda uma oportunidade mais que merecida a Pedro Mantorras que iniciou o jogo no banco.

O Benfica iniciou o jogo com vontade de o ganhar, melhorando significativamente a imagem deixada na última partida. Grande velocidade nos extremos, Manduca e Geovanni, mas displicência na hora de concretizar. Um meio campo muito sólido com Karagounis em destaque e que deu muito poucos espaços. No primeiro lance perigoso – e único – do adversário, Flávio Meireles assiste Dário com o cotovelo e a defesa encarnada pára à espera que seja assinalada a respectiva falta. Tal não acontece e o Vitória de Guimarães adianta-se no marcador de forma ilícita e claramente injusta.

Os jogadores do Benfica já deviam saber que protestar com o árbitro não resulta em nada, só os pode prejudicar. Porquê parar de jogar se é sabido que o árbitro assinala aquilo que vê – ou quer ver – e não aquilo que eles querem que ele veja? Já não é a primeira vez que isto acontece e irrita-me solenemente.

Depois desse lance mais nada foi igual, o Vitória recuou para os últimos 30 metros e a intranquilidade tomou conta do Benfica – também claramente perpetuada pela arbitragem. Os constantes ataques e jogadas perigosas acabavam sempre nas defesas e simulações de Nilson ou nos apitos do árbitro. Mesmo a jogar contra 10, foi assim até ao fim do jogo, nada mudando com as substituições ou com o desenrolar da partida.

Koeman, na minha opinião, continua a errar de forma significativa. Continua a manter o desinspirado e desastrado Nuno Gomes na frente de ataque e faz entrar os suplentes de forma tardia. Petit deveria ter sido titular tal como Mantorras e não percebo porque joga Laurent Robert num jogo deste tipo – apesar de pouco tempo. O francês destaca-se nos livres e com um árbitro destes é óbvio que não vão haver muitos. Karyaka não joga há meses e o holandês volta a convocar jogadores insuficientes para colocar no banco. Não é culpado da lesão de Simão – tal como não o era na de Luisão contra a Naval – mas porque não chama 19 ou 20 jogadores e acautela uma eventual lesão?

Além disso com apenas 4 defesas disponíveis porque não chamou um jovem da equipa B para o banco. Se alguém se lesiona quem ocuparia o lugar desse lesionado? Mais uma adaptação?

A exibição foi razoavelmente boa, apesar do resultado e do desperdício de oportunidades. Destaco as exibições de Karagounis, Luisão, Petit e Manduca como as melhores.


Karagounis foi o jogador de que gostei mais – apesar do Gabriel Alves dizer que jogou muito mal – não só porque foi o que pegou no jogo mais vezes mas porque forem dele que saíram as melhores oportunidades de golo em remates de longe. A sua classe é inegável mas demonstra sempre grande vontade independentemente de as coisas correrem bem ou mal e gosto dessa característica nos jogadores do Benfica. Para mim o melhor em campo.

O central Luisão foi mais uma vez o grande patrão da defesa, marcou exemplarmente Saganowsky – o árbitro tentou ajudar o polaco marcando algumas faltas inexistentes em contactos na disputa de bola – e teve uma das melhores oportunidades para fazer golo num grande cabeceamento defendido por Nilson. Acabou a ponta-de-lança e foi nessa posição que falhou o empate no último minuto. Deu a cara pela equipa no final do jogo, à capitão!

A raça e a vontade de Petit são fundamentais neste Benfica. Em condições físicas aceitáveis não pode estar no banco não só pelo que dá à equipa mas também pela segurança que demonstra. A par de Karagounis foi o jogador mais esclarecido nos minutos finais e num fantástico remate de fora da área podia ter feito o empate. Não gosto da sua insolência – cenas lamentáveis mas compreensíveis no final da partida – e nisso terá de trabalhar. Com 11 “Petits” ninguém brincava connosco.

Temos visto pouco de Manduca mas neste jogo demonstrou alguma da razão da sua contratação. Muitos lances de grande qualidade culminados com remates – um espectacular de primeira na 1ª parte – ou com passes bem medidos. Na segunda parte decaiu um pouco talvez em virtude de ter sido colocado no flanco oposto – Koemansices! – mas correu mais em 45 minutos do que Laurent Robert em todo o tempo que está no Benfica. A rever!


Em bom nível estiveram também Anderson, Nélson e Geovanni. O central brasileiro fez uma boa marcação a Dário mas fora isso teve pouco trabalho, até porque o moçambicano fez pouco mais que o golo – nesse lance ficou nas covas. Mais uma vez falhou um golo quase feito mas desta vez por ter reagido demasiado tarde.

Nélson ainda não está naquele momento fulgurante da 1ª volta devido à falta de ritmo mas para lá caminha. Atacou muito mas nem sempre da melhor forma, ainda assim pertence-lhe um espectacular remate à entrada da área para nova defesa do keeper do Vitória. Sofreu uma cotovelada na face que o incapacitou por alguns momentos, lance que nem sequer foi considerado faltoso.

Geovanni foi nalguns momentos o mais perigoso do Benfica pelas suas iniciativas individuais na ala direita. Pareceu-me mal substituído quando havia mais possibilidades em pior nível.

Gostei também de Quim apesar do pouco ou nenhum trabalho que teve. Fica na retina aquele lance na 2ª parte em que tirou a bola do alcance de Saganowsky quando o polaco se preparava para fazer golo. Não pode, no entanto, ficar a pedir falta e não ir à bola no lance do golo do Vitória.

Um pouco desapontantes foram as exibições de Ricardo Rocha e Manuel Fernandes.
Adaptado novamente à lateral-esquerda o nº 33 benfiquista teve sempre grandes dificuldades defensivas e em termos atacantes não existiu, nem mesmo nos cantos. Parece, no entanto, estar mais tranquilo e já há alguns jogos que não demonstra aquela agressividade escusada. O banco fez-lhe bem.


Depois das exibições fantásticas de Manuel Fernandes foi com alguma perplexidade que vi o seu jogo. Surpreendentemente mais recuado que Beto – não sei se por opção de Koeman ou vicissitudes de jogo – nunca conseguiu soltar-se dos adversários e criar perigo. Sem conseguir rematar nem passar da forma mais correcta foi a maior desilusão da noite. À semelhança de Manuel Fernandes, Beto também não demonstrou a boa forma dos últimos jogos. Foi tardiamente substituído por Petit confirmando a ideia que a opção de início deveria ter sido pelo português.

A mais fraca exibição de todas foi mais uma vez a de Nuno Gomes. Sinceramente não entendo o seu lugar cativo no 11 titular, está em baixo de forma há mais de um mês e continua a jogar como se fosse o “dono da bola”. É um belíssimo jogador e já deu muito ao Benfica e por isso tem de “encostar” por um tempo para o bem da equipa e dele próprio. Continua a criar muito pouco perigo e a falhar golos de forma escandalosa.

E por fim os restantes suplentes, Mantorras e Laurent Robert. O angolano entrou muito bem e teve mesmo algumas jogadas de óptimo nível com passes para a desmarcação de Nélson, principalmente. Não teve nenhuma oportunidade para marcar mas espevitou a equipa e isso é sempre importante. Tem de jogar mais vezes pois demonstra muito mais que o concorrente directo, Marcel.

Quanto ao francês cada vez mais tenho dúvidas se, de facto, foi a contratação mais acertada. Não corre, não demonstra vontade, agarra-se muito à bola e apesar de já ter sido decisivo em alguns jogos não gosto de o ver a jogar. 30 anos até 2010? Espero que tenha um ordenado baixo.


A arbitragem de Jorge Sousa foi uma verdadeira desgraça, à semelhança dos seus 2 anteriores colegas. É perfeitamente inacreditável que se tenha a coragem, em frente a tanta gente, de prejudicar – só pode ser deliberadamente porque para errar, erra para os dois lados – do início ao fim uma equipa.
O anti-jogo do Vitória de Guimarães foi desonesto e explanado desde o minuto em que entraram em campo. O espectáculo dado pelo guarda-redes Nilson foi uma das coisas mais patéticas e irritantes a que já assisti num campo de futebol, e tudo com a conivência e conveniência do árbitro da AF Porto. Como é que é possível que um jogador esteja no chão mais de 5 vezes a queixar-se de dores incapacitantes – com o jogo parado – e depois com o decorrer da partida não se ressinta e faça uma extraordinária exibição? Como é que é possível que o árbitro pactue com canalhices deste género? Isto não é futebol, porra!

Para além do único golo do Vitória ter sido marcado em clara irregularidade, a actuação do árbitro no resto do jogo foi simplesmente animalesca. Expulsões perdoadas a Paíto por uma entrada “termina-carreiras” a Nélson, a Moreno que foi provavelmente o jogador mais faltoso de todos e por agarrar Nuno Gomes quando este se isolou em frente à baliza, e a Cléber por duas vezes – 1 mão na bola e outra entrada duríssima quando nos dois lances já tinha amarelo.

Depois expulsou Cléber num lance lamentável de simulação de Petit – assim não vale Petit! – mas não por agressão. Uma agressão é punida – se bem interpretada – com vermelho directo, Cléber foi expulso com o 2º amarelo por uma falta na lateral à entrada da área. Justificava-se também o amarelo a Petit mas este lance não pode escamotear o logro que foi este jogo.

Indissociável desta arbitragem não podem estar ainda as 4 “mãos na bola” não assinaladas – não contando a do golo – que existiram durante a partida – sem a consequente admoestação pelo menos em duas delas – e ainda as inúmeras faltinhas inexistentes limitadores do ataque do Benfica. Nos últimos minutos de jogo e quando a pressão do Benfica era sufocante foram várias as faltas inexistentes marcadas no contra-ataque do Vitória para assim limitar ainda mais a busca do golo pretendido e claramente merecido do Benfica.

Por fim, para completar o ramalhete Jorge Sousa dá apenas 5 minutos de descontos quando a regra diz que são pelo menos 30 segundos por cada uma das 6 substituições. Então só dois minutos pelo espectáculo de Nilson e seus pares? Um escândalo!

Se fosse eu a mandar a equipa teria saído de campo ao intervalo sob forma de protesto, alguma coisa tem de ser feita urgentemente.
Na próxima jornada e se nada se fizer aguardemos nova vergonha… e daí talvez já não seja preciso. Afinal o pretendido já está feito e provavelmente até ao final da Liga o Benfica vai ser claramente beneficiado para que se possa dizer que o foi e assim branquear o roubo nos momentos exactos. Foi assim o ano passado!


Em dois jogos o Benfica foi afastado da luta por dois títulos devido a graves erros de arbitragem. Houve ainda a tentativa miraculosamente evitada de limitar a conquista da 1ª Liga com uma “encomenda” no jogo com o Estrela da Amadora.
Isto não pode ficar assim! Exijo que a direcção do Benfica tome medidas drásticas para, pelo menos, diminuir a palhaçada que estamos a ser sujeitos por indivíduos que estão a mais no futebol.
Estou farto de todos os anos ser roubado por estes “senhores” do Apito que assobiam para o lado quando se lhe pedem responsabilidade. O ano do Apito Dourado foi marcado por arbitragens que prejudicaram muito pouco o Benfica e por isso são apelidadas de beneficiar o clube. Pudera, depois de tantos anos a roubar, decidir uma ou outra vez a favor é um benefício descarado – “esquecem-se” de Penafiel, Porto na Luz, etc...
Este ano parece que esse processo de corrupção foi “esquecido” e a escandaleira volta a reinar no futebol português.

Taça na Luz só em 2006/2007, mas este ano não há verdade desportiva quer nesta competição quer no Campeonato Nacional – onde fomos espoliados de 8 pontos.

NDR: Pela falta de civismo dos adeptos, pelo paupérrimo futebol jogado, pelos jogadores duros e por vezes maldosos e ainda pelas vergonhosas arbitragens que têm beneficiado o Vitória de Guimarães na mais que pretendida salvação da 1ª Liga desejo arduamente – e já o tinha dito depois do jogo do Campeonato – que vão para a Segunda Divisão. Cantem o “SLB, SLB, Filhos da P*ta, SLB” na Liga de Honra.

A procura de imagens para ilustrar este jogo foi bastante complicada já que todos os sites a que costumo recorrer não têm qualquer exemplar. Daí a menor qualidade das fotos que apresento, na próxima crónica e em virtude do jogo já ser para o Campeonato haverá melhor ilustração.


Ficha do Jogo:

Quartos-Final da Taça Portugal

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Jorge Sousa (AF Porto)

SL BENFICA - Quim; Nélson, Luisão, Anderson e Ricardo Rocha (Laurent Robert, 73 m); Beto (Petit, 59 m) e Manuel Fernandes; Karagounis, Nuno Gomes e Manduca; Geovanni (Mantorras, 59 m).

VITÓRIA GUIMARÃES - Nilson; Vítor Moreno, Moreno, Cléber e Paíto; Flávio Meireles, Otacílio e Neca; Manoel (Paulo Sérgio, 56 m), Dário (Dragoner, 63 m) e Saganowski (Antchouet, 81 m).

Disciplina: Amarelos a Flávio Meireles (12 m), Manduca (26 m), Cléber (29 m e 68 m), Otacílio (30 m), Moreno (35 m), Nilson (63 m), Paíto (70 m), Vítor Moreno (89 m), Anderson (90 + 3 m) e Paulo Sérgio (90 + 4 m). Vermelho por acumulação a Cléber (68 m).

Golos: 0-1, Dário (22 m).

#publicado em simultâneo com os Encarnados