No seguimento da “Mitologia do Mofo” e porque o artigo teve um relativo sucesso na blogosfera benfiquista – muito obrigado a todos os que deixaram o elogio nas caixas de comentários do “Encarnados” e do “Mar Vermelho” – faço despertar a consciência para uma obra muito bem conseguida e que, apesar de já ter uns anos, é fundamental difundir. Obra essa que aborda muito do que escrevi.
Certamente que a maior parte do adepto do futebol conhece, nem que seja de comentários, o livro “Golpe de Estádio” de Marinho Neves. Confesso que só muito recentemente tive a oportunidade de o ler – gulosamente de uma só vez porque é extremamente cativante – e apesar de reconhecer que muito do que está escrito é apenas uma noção romanceira dos factos, no fundo há muito de verdade no que é relatado.
Destaco mais uma vez que é uma obra fulcral principalmente ao adepto benfiquista e antes que me chamem anti-portista fanático defender-me-ei dizendo que, se é tudo mentira, porquê o incómodo causado? Porque razão as agressões e as tentativas de assassinato ao autor?
Deixo um excerto no final e a obra completa aqui.
Começou no FC Porto nos anos 60 como dirigente do andebol, passando depois pelo hóquei em patins e pelo boxe. Nessa altura era um simples gerente de uma empresa de fogões. Chegaria a chefe do departamento de futebol apenas no final da década de 70, no mandato de Américo de Sá. Tomou o poder e impôs a sua lei.
Foi gerente de uma empresa chamada Pincor do ramo das tintas, que terminou os seus desgraçados dias com avultadas dividas á banca. Aliás como todas as empresas onde se meteu. Algumas de electrodomésticos. Todas faliram. Devido ás muitas falcatruas que fez, incluindo passar cheques sem cobertura, foi condenado e proibido de passar cheques e de constituir empresas. Para deixar a empresa onde trabalhava, Pinto da Costa ainda teve que pagar sete mil contos e ficou sem carro por uns tempos. O milhão e tal de contos das transferências de Futre e Rui Barros tinha desaparecido sem deixar rastos e tinha deixado de...rastos PC, a contas com a justiça, por cheques sem cobertura e penhoras a bens pessoais.
Foi um momento difícil, mas que não abateu o presidente, levando-o antes a pensar que o seu negócio era o futebol. Esteve sem ir a Aveiro durante 5 anos por causa de alguns processos por falências fraudulentas. Os seus sócios dessas empresas tiveram que fugir para o Brasil. Mas a ele alguém lhe pagou as dívidas. Alguns poderosos do Norte, como Belmiro de Azevedo, Artur Santos Silva, etc. No princípio chegou a investir muito do dinheiro que tirava do FC Porto, nas empresas de familiares seus mas faliram todas. Depois passou a ficar com tudo. Criou a Cosmos, agência de viagens que lucrou imenso com as viagens dos clubes, obteve exclusivos com a Federação que obrigavam os clubes a viajar nessa agência. Esteve metido no negócio da droga, com Luciano D´ Onofrio (Aveiro Connection). Com a Olivedesportos fez muito dinheiro, como com todos os negócios do FC Porto, vendas e compras de jogadores, corrupção de árbitros, etc.
Assim enriqueceu e tem hoje uma considerável fortuna.
Estudou num seminário, onde desde novo mostrou as capacidades que hoje lhe são reconhecidas. Pinto da Costa passou a sua idade escolar num colégio onde imperava um grande influência da religião católica e quando atingiu o liceu foi internado num colégio de padres (Jesuíta). Dos mais prestigiados do Norte do País. Ali fabricavam-se verdadeiros homens. Eram testados como cobaias para poderem enfrentar no futuro as mais adversas contrariedades da vida. Uma das disciplinas era constituída pela defesa individual de cada aluno perante toda a turma e, já nessa altura Pinto da Costa era o mais desenvolto no uso no discurso, na sua capacidade de raciocínio rápido e retenção na memória de dados essenciais.
Inteligente e astuto como um verdadeiro jesuíta, bem cedo começou a demonstrar um grande sentido de chefia. Sabia como dividir para reinar, utilizando um ar cândido e descomprometido quando algumas atitudes de má-fé lhe eram dirigidas. Atirava a pedra e sabia como esconder a mão. Mas a sua verdadeira arma era a grande capacidade de trabalho e a completa dedicação a tudo o que fazia. Chegou a pensar ordenar-se padre, e o director do colégio apostava que, se ele seguisse essa carreira, iríamos ter o segundo papa português. A sua postura, a sua forma de falar e de estar deram-lhe sempre um toque clerical. A mesma mão que abençoava os amigos empunhava a cruz onde ele havia de crucificá-los. Cativava, fazia amizades com facilidade e sabia como as utilizar e destruir como se nunca tivesse culpa de nada.
Sendo religioso não pensava sequer em trair a sua esposa. Mas quando foi iniciado por Reinaldo Teles nas suas casas de sexo, tomou-lhe o gosto. Ficou viciado. Aliás a sua actual mulher, da qual tem uma filha, é uma ex-prostituta que conheceu num dos bares de Reinaldo Teles. Também usou anfetaminas durante algum tempo. Para aguentar as vitórias, o fanatismo anti-mouros, a idolatria que os adeptos do clube lhe devotavam, a guerra que os seus inimigos lhe moviam e as sessões diárias de sexo era preciso muito "speed".
PS: Obviamente que o link deixado resulta de uma cópia pirata e que contém alguns erros de ortografia. Não se chateiem por isso.
#publicado em simultâneo com os Encarnados